Câmara avalia forma de compensar a perda de receitas das corporações
Para fazer face à crise que assola as associações de bombeiros, resultante das novas regras de transporte de doentes, a Câmara de Sintra está a estudar a possibilidade de entregar às corporações de bombeiros, já no decurso de 2012, o transporte de alunos. A autarquia é responsável pelo transporte de 6700 alunos, o que representa um investimento de cerca de dois milhões de euros, recorrendo, para isso, a empresas privadas. As associações de bombeiros, por seu turno, dispõem de viaturas que adquiriram ao longo dos últimos anos, mas que, agora, face às mudanças decretadas pelo anterior governo e reforçadas pelo actual executivo, têm assistido a uma crescente redução de serviços.Um decréscimo que se evidencia na tesouraria das associações humanitárias e que pode implicar o recurso à dispensa dos profissionais ao serviço, tal como já aconteceu em outros pontos do país. A Liga dos Bombeiros Portugueses (LBP) estima que, desde o início do ano, as associações tenham dispensado cerca de 300 colaboradores. Em Sintra, apesar da redução do volume de serviços do transporte de doentes, as corporações vão evitando, até ao limite, adoptar medidas radicais. Para além do apoio financeiro que, todos os anos, a Câmara de Sintra atribui aos bombeiros, o vereador responsável pela Protecção Civil, Marco Almeida, admitiu dotar as nove corporações de mais receitas, como compensação pela redução do financiamento a nível governamental. No passado dia 13, nas comemorações do 80.º aniversário da Associação dos Bombeiros Voluntários de Agualva-Cacém (ABVAC), Marco Almeida frisou que "as associações de bombeiros podem fazer mais do que aquilo que têm feito, no âmbito da prestação de alguns serviços que a Câmara contrata a entidades externas". O autarca salientou, assim, que "os recursos humanos e materiais das corporações" podem ser utilizados para o transporte de alunos. "As corporações têm, hoje em dia, recursos humanos e materiais que podem integrar a rede de transporte de alunos do concelho de Sintra". Marco Almeida adianta que, também em articulação com o pelouro da Acção Social, o serviço de transporte da população com mobilidade reduzida, "o Transporte Acessível", poderá ser, já no primeiro trimestre de 2012, entregue às associações de bombeiros, "que têm muitas viaturas completamente adaptadas e em melhores condições do que a própria viatura da autarquia que está esgotada do ponto de vista do tempo e da disponibilidade". O eleito municipal lançou o repto às associações de bombeiros para afirmarem a sua disponibilidade para assumirem o transporte de alunos, junto do Serviço Municipal de Protecção Civil, e reiterou a vontade de "encontrar outras colaborações que visem compensar a perda de financiamento por via da perda de transporte de doentes". Marco Almeida recordou que, em 2003, a colaboração se estendeu à inclusão das piscinas das corporações de Agualva-Cacém e de Colares no Programa de Natação para os alunos do 1.º Ciclo. Para 2012, apesar de restrições orçamentais na esfera dos municípios, Marco Almeida está convicto que "será possível manter um bom sistema de financiamento às corporações de bombeiros". A proposta das associações de bombeiros assumirem os transportes escolares foi recebida com satisfação, para ultrapassar os sinais de crise nas nove corporações. Luís Silva, presidente da direcção dos BVAC, mostrou a disponibilidade da sua associação para "abraçar novas áreas de actuação que venham a colmatar a perda de receitas com a alteração das regras de transporte de doentes". Em declarações ao JR, Luís Silva frisa que "já manifestámos à Câmara a nossa disponibilidade" para assumir o transporte de alunos, até por disporem de meios excedentários à actual realidade do transporte de doentes. Também Ramiro Ramos, presidente da Associação dos Bombeiros Voluntários de Queluz, vê com bons olhos "o desafio" da Câmara de Sintra. "Consideramos essa proposta como muita positiva, mas temos de a estudar e de nos adaptar", frisa Ramiro Ramos, para quem esta medida revela-se fundamental para evitar a dispensa de colaboradores que acabam por ser essenciais, por outro lado, na vertente operacional de socorro e emergência. "Estamos com uma redução de 25% no transporte de doentes", concretiza o dirigente da corporação de Queluz, responsável pelo transporte, até à implementação das novas regras, de cerca de 40 mil doentes por ano.
João Carlos Sebastião
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