Moradores e utentes de novos serviços precisam de transportes públicos mais próximos
Têm a Avenida João Paulo II a passar de um lado e, do outro, a Rua Irmã Lúcia, mas não há maneira de acontecer o milagre por que esperam desde há muito: verem concretizado o simples direito a terem algum transporte público a passar perto das suas casas. Habitado por largas dezenas de famílias desde que foi inaugurado, há cerca de seis anos, o condomínio Parque de Santa Cruz tem piscina, ‘court’ de ténis, salão de festas e parque infantil. Mas o luxo existente por dentro não impede que, fora de portas, subsistam alguns problemas, o maior dos quais a falta de autocarros, que afecta o quotidiano de quem não conduz, sobretudo idosos e crianças. Sem carro ou boleia, as opções são alcançar a pé as carreiras que partem do Hospital de Santa Cruz – a cerca de 800 metros de distância – ou a paragem do 114, na Estrada da Amadora, a qual, além de ser desabrigada, obriga a percorrer uma distância considerável e por caminhos sem protecção para os peões. Em dias de chuva ou sol intensos, tudo piora, mais ainda para quem tem dificuldades de locomoção. “Haverá a tendência para dizer que são pessoas ricas que moram aqui e, portanto, têm carro… Mas o facto é que nem toda a gente aqui tem carro, nem toda a gente pode conduzir, há pessoas idosas, há jovens estudantes já com o seu grau de independência, há empregadas de limpeza, pessoas que têm direito à sua autonomia e que acabam por estar dependentes de quem os possa ir buscar ou levar até à paragem de autocarro”, salienta Filomena Figueiredo, uma das moradoras mais inconformadas com uma situação que dura há demasiado tempo, apesar das diversas solicitações feitas chegar à Vimeca por parte dos moradores, mas também da Câmara de Oeiras e da Junta de Freguesia de Carnaxide. “Parecendo que estamos perto de tudo – o Continente, o Alegro, empresas como a Media Markt, a Moviflor, o próprio centro de Carnaxide, o centro de saúde … – acabamos por estar longe de tudo… se não tivermos carro”, diz Filomena Figueiredo. Para quem tem boas condições de saúde, as distâncias em causa cumprem-se em 15 ou 30 minutos. Mas para os outros... “Para chegar ao Hospital de Santa Cruz é preciso trilhar largas centenas de metros ao longo de uma avenida que é muito ventosa e desabrigada, em que quase não se consegue manter um guarda-chuva aberto no Inverno, e que, por oposição, é um suplício de percorrer nos dias de maior calor, pois não tem sombras”. Para o lado contrário, tentando apanhar o 114, rumo à Amadora, “é preciso caminhar em troços sem qualquer berma ou resguardo para os peões”. Acresce o factor insegurança, pois o isolamento da zona pode ser um convite a eventuais actos de criminalidade… “Porque é que não esticam um pouco mais a carreira 7 da Vimeca, que começa e acaba no Hospital de Santa Cruz, de maneira a virem servir estes bairros?”, questiona Filomena Figueiredo, juntando na mesma causa os moradores do Casal da Amoreira, que sofrem de mal semelhante, pelo menos os que habitam áreas mais distantes dentro do bairro. Em breve, abrirá, naquela mesma zona, o Lar de Idosos de São Vicente de Paulo e, logo adiante, já funcionam as novas instalações do Colégio Monte Flor. “Há empregados do colégio e até pais que fazem o caminho desde o Hospital a pé; será que os idosos vão ter o mesmo castigo?”, interroga- se ainda a nossa interlocutora. Novos factores que poderão levar a Vimeca a equacionar uma resposta diferente daquela que tem dado de forma repetida, nomeadamente em face das solicitações da Câmara de Oeiras: “Sempre disseram que não punham autocarros naquela área porque, simplesmente, a procura não o justificava em termos de exploração económica”, confirmou a vereadora da Mobilidade, Madalena Castro. Entretanto, a resposta da transportadora privada às questões colocadas pelo JR, apesar de muito sucinta, permite esperar alguma mudança positiva, embora sem horizonte temporal definido. De facto, Fernando Santos Costa, director do sector de Planeamento e Produção da Vimeca, esclarece que “faz parte do nosso plano estratégico a análise às condições de circulação para transportes públicos no que se refere às acessibilidades rodoviárias para aquelas novas zonas do concelho de Oeiras, não havendo, no entanto, ainda uma data prevista para conclusões dos estudos em curso”. Será desta?...
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