As propostas anunciadas para o sector dos transportes na Área Metropolitana de Lisboa por um grupo de trabalho nomeado pelo Governo são “muito gravosas para a Amadora”, classifica Gabriel Oliveira, responsável pelo pelouro da mobilidade na edilidade amadorense. Os utilizadores dos transportes públicos na Amadora sentem-se penalizados. O documento intitulado “Simplificação tarifária e reformulação da rede de transportes da Área Metropolitana de Lisboa”, elaborado por um grupo criado para estudar a reestruturação dos transportes em Lisboa, foi apresentado na semana passada às autarquias. A redução do horário do Metropolitano de Lisboa para as 23 horas e o fim de mais de uma dezena de carreiras diurnas da Carris são algumas das propostas apresentadas pelo grupo. Em cima da mesa está a redução dos horários de funcionamento do Metropolitano em duas horas em quase toda a rede, com a passagem do encerramento da 01h00 para as 23h00, excepto no caso das ligações entre Pontinha e Amadora (Linha Azul) e entre o Campo Grande e Odivelas (Linha Amarela), para as quais se sugere o encerramento às 21h30. Para a Carris, o grupo de trabalho propõe a reformulação da oferta actual, com a supressão total de 15 carreiras da rede diurna, afectando as penetrações suburbanas e nos limites da cidade. Outros percursos sofrem alterações de horários ou encurtamentos. Para os comboios da CP são sugeridos novos horários. Quando há menor procura, o grupo refere a circulação de apenas uma unidade motora, quando actualmente durante o dia os comboios circulam com duas unidades acopladas. Gabriel Oliveira diz que estas propostas são “um verdadeiro desastre” e acusou o grupo de trabalho de apresentar um documento “sem pés nem cabeça”, de “gente que não sabe o que está a fazer”. Para o vereador, o encerramento do metro da Amadora mais cedo três horas e meia terá várias consequências na oferta. “A estação Amadora-Este é um dos maiores interfaces da região, onde muitas pessoas estacionam o carro para se deslocarem até Lisboa, se não houver Metro deixará de haver autocarros e também estacionamento”, garante Gabriel Oliveira, acrescentando: “Isto vai contra a filosofia de transportes em toda a Europa, uma vez que obriga as pessoas a recorrerem mais ao transporte privado”. Para quem circula na linha azul do Metro, o encerramento mais cedo da estação da Amadora pode vir a ser uma dor de cabeça. “Eu sou trabalhadora-estudante, há dias que saio da universidade às 23 horas, se o metro encerrar mais cedo terei de planear outro trajecto para chegar a casa, talvez tenha que mudar de passe e, seguramente, irei demorar mais tempo”, afirma Susana Carvalho, moradora em São Brás. José Levi é motorista de umas das carreiras que parte do Colégio Militar, em Benfica, com destino ao Casal da Mira, adianta que “esta carreira, que passa pela estação de Metro Amadora-Este tem sempre muitas pessoas depois das 21h30. Com o encerramento mais cedo do Metro, provavelmente ter-se-á de repensar todos estes transportes. Mas vai prejudicar as muitas pessoas que deixam o carro no interface da Amadora”. Este grupo de trabalho foi constituído para analisar os transportes das Áreas Metropolitanas, devido à “situação económico-financeira debilitada, os avultados défices operacionais crónicos e crescente endividamento das empresas públicas” do sector, com vista ao cumprimento do memorando de entendimento da ‘troika’ e atingir o equilíbrio operacional das empresas “racionalizando custos e promovendo a eficiência”. O ministro da Economia, Álvaro Santos Pereira, quando apresentou o Plano Estratégico dos Transportes na Comissão Parlamentar de Economia e Obras Públicas, afirmou que caso o sector não fosse reestruturado a dívida das empresas públicas atingiria 20 mil milhões de euros em 2015 e as empresas entrariam em falência. O Governo está ainda a estudar formas alternativas de financiamento dos transportes públicos. Em cima da mesa está a possibilidade de atribuir aos serviços uma parte do Imposto Municipal sobre Imóveis (IMI). A Plataforma das Comissões de Utentes da Carris já veio contestar “o Plano Estratégico dos Transportes”, acusando de ser “um verdadeiro plano de privatizações”.
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