Com verbas próprias, empresa municipal concretiza obras em Linda-a-Velha e Alto de Algés
Apesar da crise geral no país, a Parques Tejo prepara-se para avançar com mais oferta de estacionamento em Oeiras nos próximos anos. Recorrendo a meios financeiros próprios, a empresa municipal tem, para já, dois novos parques em perspectiva: um silo vertical no Largo da Pirâmide (Linda-a-Velha) e outro na Avenida da República (Alto de Algés). Quanto a ir mais longe no seu plano estratégico de desenvolvimento, a Parques Tejo está, digamos assim, com as rodas bloqueadas: pela dificuldade de acesso ao crédito bancário que afecta toda a economia, por um lado, e, por outro, pela incerteza gerada, a nível do Poder Central, quanto ao futuro das empresas municipais. “Mas quando houver possibilidades para aplicar as suas conclusões, estaremos bem preparados”, contrapõe Luís Roldão, em entrevista concedida, recentemente, ao JR. Na verdade, ironicamente, agora que a Parques Tejo temem seu poder um estudo minucioso – realizado entre 2009 e 2010 por especialistas do Instituto Superior Técnico – com tudo o que é preciso saber para expandir a actividade, desde os fluxos de estacionamento nas diferentes horas do dia às implicações financeiras dos investimentos previstos, passando pelo grau de estacionamento ilícito, é precisamente quando nada pode fazer, pelo menos enquanto a crise não der tréguas. O documento aponta, em termos estratégicos, para a necessidade de mais interfaces, de mais parques de estacionamento, do alargamento de algumas zonas e criação de outras, num todo em que haja complementaridade entre as partes. E, embora se haja concluído que a “elasticidade” da relação entre preço e procura não favorece que se avance para uma distinção entre zonas mais e menos onerosas para o utente (como em Lisboa), também não se exclui a hipótese de serem criadas microzonas com preços mais caros (uma delas deverá ser lançada em Algés, junto ao centro de autocarros e estação de comboios). Esta última medida é de molde a levar muita gente a pensar que, afinal, a crise até pode ter efeitos positivos. Mas Luís Roldão já está habituado a esse pensamento e lembra a história do Velho, do Rapaz e do Burro… “Façamos o que fizermos haverá sempre alguém a discordar e nós cá estamos para ouvir toda a gente… e depois decidir de acordo com o que é do melhor interesse para a qualidade de vida em Oeiras, para quem vive e para quem trabalha no nosso concelho”, limita-se a responder. De resto, realçando que o referido estudo – já entregue ao accionista (Câmara Municipal de Oeiras) – era fundamental para “não se fazerem as coisas de forma desgarrada ou intempestiva”, Luís Roldão resume, em jeito de missão cumprida, mas também de aceitação de uma outra diferente: “Fizemos variadíssimos investimentos, estamos bem apetrechados para ir a outros desafios e queremos assumi-los”. O facto de liderar uma organização que, “em termos de registo de dados financeiros, deve ser a melhor empresa municipal do país”, é um dado fundamental para explicar, não só o optimismo, mas também os investimentos em contraciclo que estão programados, sem recorrer à banca. No caso do parque do Largo da Pirâmide, será gasta uma quantia a rondar os 1,2 milhões de euros. O projecto, que chegou a estar previsto no âmbito de uma parceria público-privada, mas foi retirada dessa opção, pretende, “em primeiro lugar, ajudar a resolver alguns problemas de estacionamento dos residentes e, em segundo, dar suporte à actividade do Auditório Lourdes Norberto”.Naquela zona “muito carente de estacionamento ordenado”,
surgirá, assim, um silo vertical, num edifício revestido de vegetação vertical nas suas paredes e também devidamente ajardinado à superfície. “Quem olhar de fora sentirá que corta muito aquela grande densidade de betão que ali existe”, congratula-se Luís Roldão, adiantando que só falta a licença da Câmara para lançar o concurso da empreitada. Quanto ao parque da Avenida da República, no Alto de Algés, irá ocupar todo o espaço da antiga Escola Básica Sofia Carvalho, já desactivada. “Com algum apoio da banca, vamos também concretizar nós mesmos esse projecto, que está a ser elaborado e custará dois milhões”, diz o presidente da empresa Parques Tejo. Igualmente em silo, terá, porém, uma componente de comércio no rés-do-chão (ao que tudo indica, um supermercado). Aqui o objectivo é “tentar aliviar a pressão numa zona populacional muito densa” e onde os passeios estão pejados de carros parados em cima dos passeios, ocupando-os quase totalmente. Em banho-maria ficam vários outros projectos. Entre eles, os parques subterrâneos da Tapada do Mocho (Paço de Arcos), suspenso há cerca de dois anos; do Largo Rui Pereira (Linda-a-Velha) “em fase de estudo preliminar, já foram feitos estudos geológicos que recomendam cuidado com algumas habitações no fundo do largo porque é uma zona com muitas minas de água”; junto ao edifício dos Bombeiros Voluntários de Paço de Arcos; e, ainda, os projectos para o terminal de autocarros de Algés e, ali perto, para a zona de estacionamento contígua à bomba de combustível Cipol (em frente ao Palácio Anjos). São projectos que necessitam de muito suporte financeiro, razão pela qual Luís Roldão não prevê o seu arranque tão cedo. “Eu diria que antes de 2014 ou 2015 nada será feito, porque não perspectivo crescimento económico e fluidez financeira no país que permita aos bancos emprestar dinheiro e aos privados que sobrevivam à crise terem interesse em se associarem connosco
para essas obras”, resume este responsável, sem rodeios. Já quanto à expansão das Zonas de Estacionamento de Duração Limitada, recomendada no estudo mencionado, também não será para já, mas poderá acontecer mais depressa, ainda que o preço de cada parquímetro (mais de quatro mil euros) seja pesado. “Penso que nunca acontecerá antes do 2.º semestre de 2012 ou até mesmo apenas em 2013”, calcula Luís Roldão.
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