O Banco Alimentar vai promover, nos próximos dias 26 e 27 de Novembro, mais uma campanha de recolha de alimentos para ajudar as famílias mais necessitadas. No distrito de Setúbal os voluntários da instituição da luta contra a fome vão estar em 174 superfícies comerciais, sendo 48 delas em Almada. Um concelho onde o trabalho do Banco Alimentar consegue apoiar cerca de 3800 pessoas, através do acordo estabelecido com mais de 30 instituições locais de solidariedade. “A população de Almada e Seixal, no distrito, são das que mais contribuem”, diz António Alves, presidente do Banco Alimentar da região. Na campanha que decorreu em Maio deste ano, os cerca de 2500 voluntários, em 164 superfícies do distrito, conseguiram recolher 224 toneladas de alimentos com a população destes dois concelhos a contribuírem com 47,3 toneladas (Almada) e 32,8 toneladas (Seixal). Um índice que o responsável distrital gostaria de ver aumentado, mas não esconde a preocupação com a situação de crise actual. “São dois concelhos populosos,muito solidários, onde existem muitas pessoas com estabilidade financeira, mas também muitas famílias em grande situação de carência”. Só que a instabilidade económica pode implicar uma quebra na dádiva de alimentos. “Há muitas empresas a fechar e outras a diminuírem o número de trabalhadores”, comenta António Alves que antevê um país “com mais desempregados e um Estado sem capacidade para criar empregos”. E com isto, “cada vez temos mais pedidos de ajuda e não temos alimentos para dar”. Através das instituições de solidariedade do distrito, que duas vezes por semana recolhem alimentos no armazém de Palmela do Banco Alimentar, tem sido possível dar de comer a quase 25 mil pessoas, mas “temos quase 50 instituições em lista de espera” o que significa “cerca de 5 mil pessoas” que anseiam por ajuda alimentar, diz o responsável distrital, um número que tende a “aumentar”. A própria presidente do Banco Alimentar, Isabel Jonet, recentemente mostrou- se preocupada que as medidas do actual Governo impliquem uma quebra no sistema de solidariedade das populações. Na altura em que foi anunciado o corte nos subsídios de Natal, de Férias e aumento de impostos, Jonet afirmou que estas medidas eram “muito duras”. Para além de afectarem as famílias com pequenos ordenados, vão limitar a classe média “ou remediada”. Com esta “penalização”, também a possibilidade de participar em acções solidárias acaba por ser dificultada, acrescenta António Alves. “A conjuntura nacional dificulta o sistema de solidariedade, apesar de existir muita generosidade na população do distrito”. Com as superfícies comerciais a venderem menos, o Banco Alimentar do distrito tem procurado outras soluções, e uma delas passa pelo contributo dos reclusos dos estabelecimentos prisionais de Setúbal e Pinheiro da Cruz. Em cada uma, a instituição conta com dois hectares de terreno onde são plantados produtos hortícolas para serem distribuídos às pessoas com mais carências. “É gratificante ver que os reclusos sentem-se úteis quando trabalham para ajudar quem mais necessita”. Mas também há o reverso da medalha: o armazém do Banco Alimentar de Palmela, que funciona maioritariamente em voluntariado, “não tem acesso por transportes públicos”, o que “obriga os voluntários a terem de assumir os custos de deslocação em viatura própria”.
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