Iniciativa da Comissão para a Igualdade do Género foi apresentada no Hospital Amadora-Sintra
Nas próximas duas semanas, a televisão vai passar de forma massiva, mas também serão distribuídos folhetos, afixados cartazes em mupi e em organismos públicos, como centros de saúde ou repartições de finanças. Uma vasta campanha contra a violência doméstica que, pela primeira vez, vai abordar a questão da morte: nos últimos cinco anos, morreram 176 mulheres às mãos dos seus companheiros. Este ano, já foram contabilizadas 23 mortes de mulheres vítimas de violência doméstica, que embora possam representar uma diminuição face a 2010 (43 mortes), continuam “a ser chocantes”, como descreveu a secretária de Estado dos Assuntos Parlamentares e da Igualdade, Teresa Morais, aquando da apresentação da campanha contra a violência doméstica que decorreu no Hospital Amadora-Sintra. Esta campanha nacional, levada a cabo pela Comissão para a Cidadania e Igualdade de Género (CIG), realiza-se no âmbito do IV Plano Nacional Contra a Violência Doméstica, com o objectivo de combater este flagelo, alertando as vítimas para o mito de continuar a acreditar na alteração de comportamentos dos seus agressores. “Na maioria dos casos o agressor não muda”, referiu Teresa Morais. A larga maioria das vítimas continua a ser do sexo feminino (85 por cento das queixas), assim como na maioria dos casos que conduz à morte já tinha existido antes tentativas de homicídio ou violência na relação, “em que algumas situações eram do conhecimento das autoridades”, acrescentou a secretária de Estado, na passada sexta-feira, 25 de Novembro, dia em que se assinalou o Dia Internacional pela Eliminação da Violência contra as Mulheres. “Esta campanha pretende chocar o país, porque chocantes são também estas mortes”, referiu a governante. Quer no filme publicitário, quer nos cartazes, que já começaram a ser visíveis em autocarros, televisões, rádios, jornais ou em locais de acesso público, vê-se uma mulher deitada numa marquesa com o corpo desnudado, onde se podem ver as agressões que a conduziram à morte. Em suporte audiovisual, uma voz vai falando em pedidos de desculpa e em reconciliações mas que acabaram por conduzir à morte. Toda a produção do filme e da campanha publicitária foi feita ‘pro bono’. “O Governo apenas gastou dinheiro em materiais, porque até a divulgação será feita gratuitamente”, concluiu Teresa Morais. O Hospital Amadora-Sintra foi o palco para a apresentação da campanha, de acordo com o presidente do conselho de administração, Luís Marques, “porque esta é uma das áreas que mais casos sinalizou nos últimos anos, mas também devido a um trabalho em rede, inicialmente lançado pela Câmara da Amadora, desde 2010, em que existe uma parceria entre as entidades para a sinalização destes casos”. A unidade hospitalar tem a funcionar um núcleo de apoio às vítimas que articula as respostas com as diferentes entidades. “Muitas das vítimas que acabam por morrer já passaram pelos serviços de saúde como os hospitais e, por isso, foi criado um núcleo para que estes casos sejam identificados, denunciados e encaminhados, num trabalho em rede com câmaras, tribunais, etc.”, referiu a directora clínica do hospital, Teresa Maia. A responsável sublinhou que “existem dois núcleos onde são identificados os casos de violência doméstica, mas também de abuso ou maus-tratos a crianças e jovens”, até porque “onde há uma criança vítima de maus-tratos, há quase sempre uma mulher que também é agredida”, referiu. Presente na cerimónia de apresentação da campanha esteve o ministro da Segurança Social, Pedro Mota Soares. A receber os representantes do Governo esteve ainda o presidente da Câmara de Sintra, Fernando Seara.
Milene Matos Silva
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