Centro Porta Amiga da AMI, em Almada, sem mãos a medir
O número de pedidos de ajuda feitos ao centro Porta Amiga de Almada da Assistência Médica Internacional (AMI), no Monte de Caparica, aumentou cerca de 30 por cento comparativamente com o ano passado. Segundo a directora técnica do centro, até Setembro foram atendidas 1322 pessoas. Maria da Luz Cachapa referiu ainda à Lusa que este aumento “é preocupante”, mais ainda quando “vai ao encontro da tendência registada em todos os centros da AMI do país”. Apesar do número de sem-abrigos que procuraram a AMI ser “significativo”, perto dos 140, este número acaba por estar ao nível dos referenciados em 2010, mas a directora do centro de Almada receia que estes casos “aumentem” dado o actual contexto de crise económica com implicação no desemprego de longa duração. Considerando que entre 2009 e 2010 o centro registou uma subida de 900 para 1268 pedidos de ajuda, sendo mais de 150 feitos por pessoas com mais de 60 anos, Maria da Luz Cachapa põe o desemprego e as carências alimentares no topo das suas preocupações. “A chave para resolver os problemas da maioria das pessoas que nos procuram é terem um emprego”, mas também diz que esta é uma solução “cada vez mais difícil de encontrar”. O contacto com quem procura o apoio da AMI permite a esta responsável concluir que “a classe média está fragilizada”, isto porque “não estava habituada a poupar; tinha créditos. As pessoas chegam aqui endividadas, o que quer dizer que, a médio prazo, correm risco de desalojamento”. Entretanto relativamente à ajuda alimentar, Maria da Luz Cachapa começa a revelar algumas preocupações com o Programa Comunitário de Ajuda a Carenciados (PCAAC), que fornece ao centro a maior parte dos alimentos distribuídos às famílias. O problema é que este programa começa a estar em risco devido a uma minoria de sete estados-membros que entendem que o serviço deve ser competência de cada país. “Se houver um corte no PCAAC teremos muito menos géneros para distribuir e os agregados familiares vão ficar muito prejudicados”. É que se a Áustria, Dinamarca, Holanda, Suécia, Reino Unido, Alemanha e República Checa não revirem a sua posição, a partir de Janeiro o orçamento do PCAAC será reduzido em dois terços: de 500 milhões para 113 milhões de euros.
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