Manifestação no Dafundo corta estrada
Aos gritos de “Não e não ao fim do 76!”, largas dezenas de pessoas juntaram-se, ao final da tarde do passado dia 17, perto do Aquário Vasco da Gama, no Dafundo, provocando o corte da estrada que ali passa, ligando Algés à Cruz Quebrada, precisamente o percurso de onde, acusam os contestatários, a Carris se prepara para retirar os seus autocarros. “O eléctrico agora é só para os turistas que vêm de Lisboa e, por isso, fica em Algés; há pouco tempo roubaram-nos um dos três autocarros que faziam a carreira 76; e agora querem acabar com tudo”, gritava um popular, “muito revoltado” com as recomendações do grupo de trabalho nomeado pelo Governo para estudar a reestruturação do sector e que apontou um total de 15 carreiras diurnas a eliminar pela Carris, entre elas a 76. O protesto foi convocado pela Comissão de Utentes dos Transportes de Oeiras. Aos 86 anos, Ermelinda Oliveira, responsável daquele movimento, continua a encontrar forças para ajudar a organizar e participar nestas acções. “Não se compreende que, num concelho destes, se deixe ficar uma população inteira isolada”, lamenta, antes de assentar baterias ao Governo. “Quer reduzir tudo e não é só nos autocarros... É altura de o povo acordar e exigir os seus direitos”. Daí que, em vez de ficar a ver telenovelas ou a fazer ‘crochet’, esteja “na disposição de ir até onde for preciso nesta luta tão justa”.
Na ocasião foi lida e aprovada uma moção “Contra o Fim do 76”, por ser este “o único meio de transporte que serve os utentes da Faculdade de Motricidade Humana” (FMH), mas também a “única carreira abrangida pelo passe social a servir a população” daquela freguesia. Conclusão: “Não há alternativas de transporte”. Os manifestantes concordam. “Há muita gente que mora no Dafundo e fica longe, quer de Algés, quer da estação de comboios da Cruz Quebrada”, dizia um popular, lembrando que o respectivo túnel de acesso “volta e meia fica sem luz e as pessoas têm medo de lá passar”. A acção de protesto provocou filas de trânsito consideráveis, mas a PSP manteve sempre uma posição dialogante. Os promotores esperavam a presença de equipas de reportagem das televisões, o que não se concretizou. Por volta das 19h00, anunciaram a desmobilização, com a promessa de novas acções de luta. Nesse sentido foi também a intervenção do presidente da Junta da Cruz Quebrada-Dafundo. “Já depois de ter cortado a 76 de três para dois autocarros, a Carris criou uma carreira que vai de Algés à Fundação Champalimaud, que me parece muito menos premente do que servir as pessoas desta freguesia, incluindo os utentes da unidade de saúde do Dafundo e os alunos da FMH”. Um “ultraje”, considerou Paulo Freitas do Amaral, lembrando que alguns fregueses "vivem com 189 euros por mês e não podem pagar os preços da Vimeca”. No final, deixou aos queixosos uma promessa: “Eles vão ver de que fibra é feita esta população!”.
Jorge A. Ferreira
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