Edifício abandonado continua sem projectos
Do antigo Lido, centro comercial onde funcionou o famoso cineteatro e mais tarde uma danceteria, restam apenas memórias. O edifício, abandonado há vários anos, situado nos limites de concelho, entre o bairro de Janeiro e Queluz (Sintra), está em avançado estado de degradação, muito por culpa de um fogo ocorrido em Fevereiro de 2009. A ruína daquele espaço que já foi um marco da cidade da Amadora causa um misto de preocupação e de perplexidade entre a população local. Há quem peça a sua recuperação e há também quem defenda a sua demolição. Mas, todos concordam com a ideia de que é preciso fazer algo. A antiga sala de cinema do Lido data da década de 60 do século passado e era muito procurada por habitantes da Amadora e não só. Para ali deslocava-se gente de toda a linha de Sintra, mas também de Lisboa. Apesar da degradação, para os mais saudosos, a hipótese de demolição é desoladora. “A primeira vez que vi um filme projectado numa tela de cinema foi no Lido. E lembro-me mais tarde de frequentar as matinés da danceteria. Lamento, naturalmente, que aquele espaço esteja fechado há anos, sem qualquer uso. Poderia ali funcionar um teatro ou um cinema, uma vez que a Amadora apenas tem em grandes centro comerciais. Existe apenas o D. João V e os Recreios da Amadora que têm uma fraca oferta cultural”, critica Carina Mendes, moradora na Amadora. Sem projectar um único filme há mais de duas décadas, o cine estúdio foi, mais tarde, transformado em discoteca. Em meados dos anos 90 ainda serviu como local de culto para uma igreja.Em2009, um incêndio que se adivinhava devido à degradação do espaço consumiu a cobertura e grande parte do interior. “Com tudo isto ao abandono e com os toxicodependentes que ali se abrigavam, já se esperava que tal viesse a acontecer”, garante um morador. Há mais de 40 anos no bairro de Janeiro, imediações do antigo centro comercial, este residente, que solicitou anonimato, considera, porém, “muito importante que o edifício seja demolido, para que seja feita uma ligação rodoviária do bairro de Janeiro à rotunda que liga a Queluz”. Embora recorde com alguma saudade os tempos em que o Centro Comercial Lido atraía muitas pessoas, trazendo mais dinamismo ao bairro, considera que “a sua demolição é o caminho, depois de se terem instalado interesses para o encerramento do cinema”. Ora, para Sérgio Marques, que embora resida em Queluz sempre esteve ligado ao bairro de Janeiro, a opinião é bem diferente. “Cresci aqui e foi aqui que comecei a trabalhar. Assisti a vários espectáculos ainda o Lido tinha o cine estúdio a funcionar, com a participação de diversos artistas que vinham de Lisboa”, recorda. Começou a trabalhar como ajudante de carpinteiro no bairro de Janeiro e lembra-se de ter ajudado a construir o fosso da orquestra para o cine estúdio Lido. “O que acabou com este espaço foi a transformação da sala de cinema em discoteca”, admite. Agora, defende que se faça algo no local: “O edifício até nem é feio. Poderia ser recuperado e transformado de novo em centro comercial porque o bairro não tem nada”. Sendo propriedade privada, a Câmara da Amadora pouco poderá fazer. “A população tem mostrado preocupação em relação ao edifício, mas nem a Câmara sabe o que pode fazer, tendo em conta que aquele não é um espaço municipal”, reconhece a presidente da Junta de Freguesia da Venteira, Carla Andrade Neves, adiantando, no entanto, que “a recuperação do Lido é desejável”. “Se fosse transformado numa estrutura ao nível social seria o ideal, mas qualquer intervenção seria bem acolhida”, sublinha. Milene Matos Silva
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