quarta-feira, 8 de fevereiro de 2012

AMADORA - CUIDADOS CONTINUADOS Unidade pronta mas fechada

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Misericórdia desespera por verbas prometidas Pronta a funcionar desde Julho de 2011, a Unidade de Cuidados Continuados de Longa Duração da Misericórdia da Amadora, situada junto à Cova da Moura, na Buraca, continua de portas fechadas. A instituição continua a aguardar a chegada da verba que havia sido protocolada com o Ministério da Saúde para a construção do equipamento, assim como da aprovação dos acordos destinados ao seu funcionamento. Construída em apenas dez meses, a nova unidade teve inauguração prevista para Junho, mas devido às alterações da tutela a data passou para Outubro. No entanto, passados oito meses, ainda não há sinais da sua abertura, apesar da lista de espera chegar quase a uma centena. “Infelizmente, não houve desenvolvimentos, continuamos a desenvolver esforços nesse sentido” adiantou ao JR a provedora da instituição, Cristina Ferreira. O equipamento representou um investimento global de dois milhões de euros. A Câmara Municipal da Amadora (CMA) comparticipou com 15 por cento e o Ministério da Saúde, através de um protocolo celebrado pela Administração Regional de Saúde de Lisboa e Vale do Tejo (ARSLVT), assumiu o financiamento de cerca de 35 por cento. Mas, até agora, a tutela só pagou cerca de 200 mil euros, estando em dívida cerca de meio milhão de euros. “A verba em falta destinada à construção deste equipamento representa um esforço muito grande para uma instituição de cariz social que, assim, está a viver um compasso de espera enquanto poderia apostar noutras áreas”, reconhece Cristina Ferreira, acrescentando ser necessária a libertação do montante por parte do Ministério da Saúde para que a unidade possa abrir portas. “Todas as entidades nos garantem que esta é uma unidade prioritária, mas não há concretização. Temos informação que o secretário de Estado Adjunto do ministro da Saúde classifica a abertura da unidade como prioritária, mas sem qualquer efeito”, lamenta. “Não conseguimos perceber quem determina prioridades”, acrescenta ainda. A viver um impasse, a Misericórdia da Amadora “não vai esperar muito mais tempo para abrir a unidade”, garante a provedora. A instituição tinha estabelecido, no limite, abrir o equipamento em Janeiro, porém expirado o prazo, “estamos decididos a não esperar muito mais tempo. Caso não haja acordo estamos dispostos a avançar com a abertura da unidade, através de uma gestão privada, até que o Estado regularize a situação. Não podemos ter o equipamento pronto e de portas fechadas, a degradar-se”, conclui a responsável. O equipamento, construído nos terrenos da Misericórdia da Amadora, vai ter 30 camas, salas de espera, hidroterapia, refeitório, copas, balneários e um ginásio. A unidade irá integrar o Complexo Social da Sagrada Família da Buraca onde já funciona um lar de idosos com 90 vagas e a creche para 75 crianças. Esta nova valência irá dar emprego a 28 pessoas, das quais nove enfermeiros e nove auxiliares de acção médica. Numa altura em que cresce o desemprego e há um número elevado de famílias no limiar da pobreza, são cerca de cinco mil os utentes que passam diariamente pelas várias valências e actividades da Misericórdia da Amadora. Aquela instituição garante emprego a cerca de 400 funcionários. O presidente da CMA,Joaquim Raposo, em diversas ocasiões classificou o equipamento como “determinante” para o concelho da Amadora, tendo em conta a tendência de envelhecimento da população, assim como da falta de camas e de capacidade de resposta no Hospital Fernando da Fonseca (HFF) que serve o concelho. Numa nota enviada à redacção do JR, a ARSLVT reconhece a existência de “um saldo devedor à Santa Casa da Misericórdia da Amadora de 515 242,39 euros referente ao Programa Modelar 1.ª fase e de 21 654,00 euros referente ao Programa Modelar 2.ª fase”, mas que “se deve ao facto de não ter havido, ainda, transferência, para esta ARSLVT” da respectiva verba. Quanto às autorizações de funcionamento, a nota salienta que já foram efectuadas todas as visitas da Comissão de Avaliação Técnica, aguardando-se apenas “a recepção da Licença de Utilização por parte da Santa Casa da Misericórdia da Amadora, licença que é emitida pela Câmara Municipal, para posterior celebração do acordo de ingresso Rede Nacional de Cuidados Continuados Integrados”. Milene Matos Silva

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