Ministério não garante avanço do projecto
“O Hospital de Sintra é um projecto que terá de ser analisado e ponderado, mas dentro desta conjuntura e do que são as prioridades”. As palavras do ministro da Saúde, Paulo Macedo, à margem da inauguração da Unidade de Saúde da Tapada das Mercês no passado sábado, revelam que a construção da unidade hospitalar de Sintra vai continuar na gaveta. Questionado pelo JR, Paulo Macedo acentuou que a prioridade passa por “rentabilizar e aproveitar a capacidade que está instalada, designadamente em Cascais, e aproveitar as capacidades na sequência da abertura do Hospital de Loures”. Segundo o ministro, “há hospitais em Lisboa que ficam com uma grande capacidade instalada por aproveitar”, o que exige uma “visão de conjunto”. Sobre a possibilidade de aumentar a área de influência do Hospital de Cascais, que já atende oito freguesias do concelho de Sintra na área materno-infantil, o ministro limitou-se a afirmar que o Ministério da Saúde está a “analisar as diferentes alternativas, mas estamos conscientes que Sintra, pelo crescimento da sua população, tem de ser objecto de uma atenção especial”. Antes já o responsável governamental tinha afirmado que o distrito de Lisboa tem “um excesso de camas em termos de hospitais” e significativas lacunas ao nível dos cuidados primários, com défice de médicos de família. Para colmatar estas lacunas, a aposta passa por construir uma dezena de centros ou extensões de saúde e a constituição de 30 unidades de saúde familiar (USF), na área da região de Lisboa, embora sem concretizar se Sintra vai ser beneficiado com mais estruturas. A constituição de USF é uma das prioridades do Governo, revelou o ministro. “Vamos continuar a generalizar este modelo em que médicos de família, enfermeiros e outros profissionais gerem as suas unidades com espírito de equipa”, frisou Paulo Macedo. Questionado pelos jornalistas sobre o anseio do novo hospital, Fernando Seara argumentou que “é evidente que queremos o Hospital de Sintra. Temos meio hospital, em parceria com a Amadora. Mas, também sou realista: em razão de determinadas opções nos últimos tempos, Sintra foi o único concelho, e é o segundo a nível nacional, em relação ao qual não foram concretizadas opções de construção de um novo hospital”. Com os concelhos de Loures e de Vila Franca de Xira a serem privilegiados, “de certo, em razão de algum estudo muito aprofundado”, o presidente da Câmara de Sintra lamentou que “a natureza e a especificidade do segundo concelho de Portugal ficou com meio hospital”. Mas, enunciou como prioridade a criação de USF em aglomerados mais deficitários, ao nível dos cuidados primários de saúde, como Agualva, Belas e Queluz. Para o efeito, defendeu a necessidade de “desenvolver os projectos” para construção ou adaptação de “infra-estruturas municipais” para receber novas unidades. “Conseguiremos mostrar ao país que, com pouco dinheiro, se dá saúde a muita gente”, concluiu Fernando Seara. Na cerimónia de inauguração da Unidade de Saúde da Tapada das Mercês, também o presidente da Junta de Freguesia, Manuel do Cabo, além de enaltecer a importância da inauguração –"Hoje é dia de festa na Tapada”, reivindicou que Algueirão-Mem Martins fosse escolhido para receber o futuro Hospital de Sintra. “Estamos no centro da malha urbana e rural do concelho, de um aglomerado de 161 080 habitantes”, invocou o autarca, aludindo à proximidade com Rio de Mouro e com a zona histórica de Sintra. Mas, além do Hospital de Sintra, a freguesia continua a carecer de uma unidade de saúde construída de raiz. “O Centro de Saúde de Algueirão-Mem Martins funciona num prédio de seis andares, construído para habitação, e não reúne as condições para que os utentes possam ser atendidos com dignidade”, em especial os que têm dificuldades de locomoção, acentuou o autarca. “O Governo deve preocupar-se mais com a freguesia de Algueirão-Mem Martins, quer no âmbito da saúde, quer social, quer da segurança”, desafiou Manuel do Cabo. João Carlos Sebastião
Subscrever:
Enviar feedback (Atom)
Sem comentários:
Enviar um comentário