Petizes ajudam a lançar projecto social em bairro de Algueirão-Mem Martins
“Salvei um ursinho de peluche do fogo. Ele estava debaixo da cama, mas eu vi-o e puxei-o cá para fora”, dizia, orgulhosa, a pequena Seomara, de seis anos, passando o capacete de bombeiro para o ‘voluntário’ seguinte cumprir a missão: entrar numa casa que está a arder e percorrer as diversas divisões à procura de pessoas a precisarem de auxílio. “Eu adorei!”, testemunhou o Ismael no final da sua aventura, desmontando a expressão de choro que estava a armar só para impressionar os colegas. Fazer o circuito nos contentores sobrepostos que constituem a Unidade de Treinos onde os candidatos a bombeiros ‘a sério’ simulam sinistros em habitações foi uma das actividades em que se envolveram, na semana passada, 15 crianças provenientes do Bairro Casal de São José e que, pela primeira vez, estiveram no quartel dos Bombeiros Voluntários de Algueirão-Mem Martins. Outra fonte de emoções fortes foi a prática de ‘rappel’ na torre de exercícios daquela corporação. Os petizes puderam, ainda, visitar as instalações e fazer alguns jogos, com direito a lanche e brindes no final. Naturalmente, após tantos salvamentos e manobras de cortar o fôlego, os participantes na iniciativa “Bombeiro por Um Dia”, organizada pela associação de solidariedade social Diakonia, estavam cansados mas satisfeitos. Tal como os dirigentes desta IPSS que com esta acção visou estreitar os laços de comunhão com a população daquele bairro municipal onde está a iniciar um ambicioso projecto de desenvolvimento. Criar um Gabinete de Inserção Profissional para enfrentar o flagelo do desemprego, e um espaço de ocupação dos tempos livres para dar às crianças uma alternativa às brincadeiras na estrada e ajudar a inverter os números do insucesso e abandono escolares, são os pilares desse projecto, alicerçado num protocolo firmado, em 2009, com a Câmara de Sintra e cimentado pelo trabalho conjunto de voluntários e profissionais de Serviço Social. Nos últimos meses, a Diakonia promoveu um levantamento exaustivo da realidade e das necessidades mais prementes da população do Casal de São José, que alberga perto de 170 famílias em habitações camarárias. Agora há que cativar os moradores para as actividades que aquela associação se prepara para proporcionar e para as suas potencialidades. Foi nesse sentido que surgiu a iniciativa “Bombeiro por Um Dia”. O objectivo é que lá em casa, para além da animada narrativa sobre a façanha de descer dezenas de metros em ‘rappel’ suspensos por cordas, os gémeos Edgar e Edi, como todos os amigos do bairro, passem aos adultos uma mensagem de esperança. “É uma porta de entrada. São famílias que, muitas vezes, estão fechadas sobre os seus problemas e nós queremos que elas os partilhem connosco para encontrarmos soluções em conjunto”, salienta Carlos Lúcio, da direcção da Diakonia. “As crianças vão trazer até nós os irmãos mais velhos e o resto da família e ajudar a estabelecer uma relação de maior confiança”, confere Helena Cassapo, técnica responsável pelo Projecto de Desenvolvimento do Bairro Casal de São José. De resto, “o simples facto de poderem sair do contexto do bairro para outras realidades, por si só, já é muito positivo”, acrescenta. Jorge A. Ferreira
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