Presidente da Parques de Sintra, António Lamas, enuncia os principais desafios e prioridades para o corrente ano
"O nosso objectivo é valorizar este património e torná-lo sustentável, uma vez que vivemos, exclusivamente, das receitas dos visitantes". António Lamas sintetiza a missão da Parques de Sintra-Monte da Lua (PS-ML), nas primeiras semanas de um novo ano que promete trazer novidades nos parques históricos da Paisagem Cultural de Sintra. Para o presidente do conselho de administração da PS-ML, o principal desafio de 2012 compreende a assunção da gestão dos palácios nacionais de Sintra e de Queluz. A formalização da transferência, da tutela do Instituto de Museus e da Conservação, ainda não se tornou oficial, mas a empresa de capitais públicos, criada em2000, já tem consciência das potencialidades e dificuldades da nova responsabilidade. "Aguardamos que se concretize a transferência dos palácios da Vila e de Queluz", sublinha este responsável, em entrevista exclusiva ao Jornal da Região. O novo desafio vai trazer receitas, dado o volume de visitantes que demandam os dois palácios, mas também alguns custos, atendendo à necessidade de investimento. "Os dois palácios estão a precisar de muitas obras, de muitos restauros, de muita revitalização", frisa António Lamas. Ainda sem noção do investimento a despender em obras, o presidente da PS-ML sublinha que "apenas há a noção de que Queluz precisa de mais investimento do que o da Vila, até porque Queluz precisa de ser revitalizado, porque tem menos visitantes do que seria desejável". Neste caso, uma das principais prioridades reside em prosseguir a requalificação dos jardins e, por outro lado, melhorar as condições de acolhimento da Escola Portuguesa de Arte Equestre. Na Vila de Sintra, o palácio necessita de ser dotada de algumas infra-estruturas e de "um restauro contínuo, mas exige um esforço menos forte". Além de ser encarada como uma prova de confiança na gestão da empresa, a transferência de tutela, decidida pela Secretaria de Estado da Cultura, vai permitir beneficiar dos meios da empresa de capitais públicos. "Os dois palácios vão beneficiar da experiência e meios que temos para acudir a diversos aspectos, seja ao nível da segurança, limpeza, as componentes técnicas de obras ou manutenção de jardins", salienta este responsável. Por outro lado, beneficia da definição de um roteiro cultural integrado. "Uma das queixas de Queluz, por exemplo, é que a Pena canibalizou Queluz, ou seja, os visitantes vão a correr para a Pena, passam no IC19 e não param ali", revela António Lamas, que indica como estratégia "arranjar percursos integrados, em que as pessoas possam visitar, numa ‘navete’, os vários palácios e pólos patrimoniais". "Vamos, sobretudo, poder oferecer a Sintra uma animação diferente", salienta. Questionado sobre a realidade financeira da empresa de capitais públicos, António Lamas salienta que é possível constatar a tendência de crescimento, "em número de visitantes e de receitas", com boas perspectivas em termos de sustentabilidade. "É sustentável se estivermos sempre atentos a esta realidade: os visitantes vêem se tiverem coisas interessantes para ver, ou seja, há necessidade de criação de novos pólos de atracção", sublinha este responsável, dando conta que nessa estratégia se insere a abertura, no próximo Verão, da Quinta da Pena. Em 2011, os parques históricos de Sintra receberam a visita de um milhão e 70 mil visitantes, um crescimento de 10 por cento, "o que é um valor muito significativo". A esmagadora maioria dos visitantes são estrangeiros, com os nacionais a ficarem diluídos nas estatísticas (cerca de 12% do total de visitantes dos parques). Uma tendência que resulta da postura dos portugueses de que, visitado uma vez um determinado monumento, a visita é para toda a vida. Os eventos realizados nos parques históricos, ou em espaços pedagógicos como a Quintinha de Monserrate, esses, são, predominantemente, dirigidos ao público nacional. "Os portugueses são mais atraídos por eventos de animação", sublinha. António Lamas salienta que, nos últimos quatro anos, a empresa investiu, em termos de reabilitação do património à sua guarda, cerca de quatro milhões e meio/cinco milhões de euros por ano, com recurso a programas de apoio financeiro, desde o Programa Operacional de Ambiente, fundos do Turismo e o mecanismo europeu EEA Grants, que viabilizou a recuperação do Palácio de Monserrate e do Chalet da Condessa. Além da necessidade de novos programas para continuar a investir na reabilitação, o presidente da PS-ML adverte que é necessário afectar recursos para a manutenção. "O crescimento dos nossos investimentos corresponde também a uma subida das verbas de manutenção. Haveremos de chegar a um ponto em que os investimentos começam a diminuir e passam a crescer as verbas de manutenção", acentua António Lamas. O investimento passa, também, pela limpeza das manchas florestais, nomeadamente as que foram adquiridas pela empresa na zona de protecção da Paisagem Cultural de Sintra. Como financiamento do PRODER, será concretizada a "limpeza das parcelas adquiridas e a sua reflorestação", em especial na Tapada do Saldanha que é "a floresta mais degradada da Serra de Sintra". A área adquirida totaliza cerca de 160 hectares, num total de 372 ha que compõem a tapada, e vão representar um investimento de limpeza e requalificação florestal a rondar um milhão de euros, ao longo de dois anos. João Carlos Sebastião
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