sexta-feira, 24 de fevereiro de 2012

RIBEIRA DA OUTURELA Primeira horta comunitária na forja

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Projecto arranca em Maio Até finais de Maio, Oeiras assistirá ao nascimento da sua primeira horta comunitária. No trilho de iniciativas semelhantes já desenvolvidas em concelhos vizinhos, a Câmara Municipal está a ultimar os preparativos para lançar à terra, na Outurela (Carnaxide), mais concretamente na margem esquerda da ribeira que ali existe (perto da Escola Amélia Vieira Luís), a semente que promete frutificar e começar a responder aos cada vez mais numerosos pedidos para a criação deste tipo de estruturas. Além deste projecto-piloto, que terá 20 talhões com cerca de 30 m2 cada, há réplicas na calha para outras zonas do concelho, de que são exemplos a Urbanização do Alto da Terrugem (Paço de Arcos, junto ao Hotel Real Oeiras), um quarteirão interior localizado em Cacilhas (freguesia de Oeiras) e no chamado Quintalão de Algés. O objectivo é proporcionar aos novos ‘agricultores’ as vantagens associadas a estas iniciativas: ocupação saudável de tempos livres, terapia anti-stress, convívio, e estímulo ao consumo auto-sustentável e ao contacto com a Natureza. Fora de enquadramento legal ficam, por agora, as inúmeras hortas clandestinas que têm surgido na via pública e onde o cultivo de produtos obedece a motivações de maior angústia: em vez da fome de beleza e de bem-estar, nestas parcelas de terreno improvisadas há mesmo a intenção de matar a fome... Segundo revelou ao JR Augusto Couto, arquitecto da Divisão de Espaços Verdes (DEV), o grupo de trabalho que vem desbravando caminho nesta nova área de actuação camarária já submeteu a consideração superior, para avaliação e decisão, informação global sobre os vários modelos existentes, bem como uma proposta mais concreta. As ponderações incluem deixar a gestão a cargo das juntas de freguesia, de empresas especializadas ou ser a própria Câmara a assegurar essa função, mas também a necessidade de ministrar formação adequada aos munícipes aderentes, o pagamento ou não de uma quantia simbólica pelo acesso às hortas, a necessidade de um regulamento que uniformize os diferentes locais de cultivo... De momento, o modelo proposto pelo grupo de trabalho interdisciplinar aponta para a possibilidade de ser a autarquia a fazer a gestão destes espaços, cobrando uma quantia simbólica, “mas todas as possibilidades estão em aberto”. Certo é que “em finais de Maio já haverá uma horta comunitária a funcionar na Outurela, e as outras que estão previstas poderão surgir praticamente em paralelo, se tal se enquadrar na definição de prioridades da Câmara”, indica Augusto Couto. A área disponibilizada para projecto-piloto diz respeito a um terreno cedido como contrapartida do urbanizador pela construção dos prédios ali existentes. “Será uma mistura de jardim com horta, uma obra inserida no projecto de corredor verde da Ribeira da Outurela”, especifica aquele elemento da DEV, adiantando que os futuros agricultores terão acesso a água disponibilizada pela autarquia e não à da ribeira que ali corre ao lado, uma vez que “infelizmente, as águas das ribeiras ainda têm poluição em níveis não isentos de riscos para poder ser usada em rega de plantas para alimentação”. Apesar de estar em fase de conclusão um levantamento das hortas espontâneas existentes no concelho, por agora a acção da Câmara restringir-se-á às hortas comunitárias, vocacionadas para a classe média, deixando para mais tarde a abordagem às de génese espontânea. Estas podem ser clandestinas ou particulares (sendo que aquelas se referem apenas às que são criadas em espaço público e onde o papel fiscalizador e ordenador da edilidade se impõe) e dizem respeito a uma agricultura de subsistência, muitas vezes praticada junto a bairros municipais, em terrenos públicos improvisados ou privados, geralmente por pessoas que vêem nelas um complemento importante para a sua alimentação diária. “Temos tido cada vez mais pedidos de criação de hortas comunitárias”, salienta Augusto Couto, adiantando que a Câmara tem recebido propostas por parte de empresas e associações ligadas a esta área. Quanto à necessária formação, aquele responsável reconhece que a autarquia não tem especialistas nesta área, podendo, pois, vir a ser necessário recorrer a contratação externa, caso não haja oferta desse serviço por parte de alguma associação habilitada para tal. Com maior ou menor dificuldades, certo é que este “é um projecto com grande capacidade de expansão, havendo inclusivamente a ideia de o estender a algumas antigas quintas de recreio do concelho”. Jorge A. Ferreira

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