Projecto Família Global lança iniciativa na Portela de Carnaxide para compensar perda de financiamento
Casacos de pele à venda por 75 euros numa Loja Solidária é uma proposta que causa estranheza, à partida. Mas a situação financeira da Associação Projecto Família Global, responsável por serviços de berçário, creche, ATL, apoio domiciliário, formação, distribuição alimentar, entre outras vertentes de custo reduzido para o utente, não permite “dar de mão beijada o que a seguir poderia ser vendido ao lado sem qualquer benefício comprovado para a comunidade da Portela de Carnaxide", justifica Carlos Ribeiro, presidente da direcção desta IPSS. Com uma gestão “cada vez mais difícil” devido à diminuição de verbas provenientes da Segurança Social e da própria Câmara de Oeiras, a PFG vai inaugurar a sua Loja Solidária, no próximo dia 20, assumindo que esta será uma fonte de receita importante para manter a instituição à superfície enquanto aguarda que seja retomada a construção do Centro Multiusos da Outurela, no mesmo bairro, onde ficarão as suas novas instalações. A futura sede e espaços, obra de iniciativa camarária – no âmbito de parceria público-privada que engloba outras empreitadas (como o Centro de Congressos) actualmente paradas por razões às quais a edilidade se declara alheia – deverão marcar, quando concluídos, o início de uma etapa de maior desafogo financeiro para a Família Global. Até lá, porém, sobreviver é a palavra de ordem. “A Segurança Social, que pagava uma quantia por cada refeição que nós dávamos aqui aos alunos da escola, invocou duplicação de gastos para nos retirar 1600 euros argumentando que eles podem comer no estabelecimento de ensino; por outro lado, o subsídio anual que a Câmara costuma atribuir, na ordem dos 8000 euros, baixou este ano para apenas dois mil e tal euros”, expõe Carlos Ribeiro, sem peias, adiantando, pela positiva: “O que nos tem valido são as doações de mecenas, que até aumentaram”. Foi, aliás, através de uma dessas dádivas, particularmente generosa, da parte de “uma empresa amiga” do ramo têxtil, que surgiu a ideia de avançar com a Loja Solidária. A doação de produtos de elevada qualidade (e preço) levou os dirigentes da PFG a optarem pela venda dos mesmos por valores fora do habitual neste tipo de iniciativas. “Tem que ser assim”, não hesita Carlos Ribeiro. “Porque, desta forma, estamos a garantir que esse dinheiro será reinvestido no apoio social em prol da comunidade, coisa que não poderíamos assegurar se vendêssemos a preços simbólicos”, justifica. O receio é que, por falta de controlo eficaz, os artigos acabassem por ser vendidos, logo de seguida, pelo preço real ou perto disso, perdendo-se os efeitos socialmente positivos da venda. “Não podia ser de outra maneira, a instituição precisa de compensar a perda de verbas para poder manter a qualidade dos seus serviços”, reforça Anabela Fonseca, tesoureira da instituição. De qualquer maneira, é de salientar que além dos referidos casacos de pele, dos fatos “totalmente novos” a algumas dezenas de euros, das camisas a 10 euros, luvas de boa qualidade a cinco e botas infantis de uma marca muito conhecida no mercado a “4,5 ou 7,5 euros”, também não faltarão os artigos e os preços mais “normais”, desde 50 cêntimos a dois ou três euros para peças de roupa e não só. Aparelhagens de som, um frigorífico, candeeiros e brinquedos fazem parte, igualmente, do recheio... A loja da Projecto Família Global – Associação para a Inserção Sociocultural e Profissional da Família situa- se na Alameda João da Mota Prego, ocupando uma sala que era usada para diversos cursos de formação profissional que a PFG deu ao abrigo do Programa Operacional Potencial Humano (POPH), com fundos nacionais e, sobretudo, europeus. Finaram- se os cursos, os computadores estão encaixotados e as secretárias dos antigos alunos encavalitadas a um canto ou a servirem de expositores para os artigos da novel loja. Esta estará aberta às terças e quintas- feiras, entre as 10 e as 17h00.
Jorge A. Ferreira
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