Câmara reduziu investimento, mas manteve animação nas ruas, apesar das queixas
Com o Natal à porta, em época de crise, o comércio tradicional da Amadora vive momentos difíceis, que se têm vindo a confirmar nos últimos tempos. No entanto, nunca se esteve tão mal como este ano, confirma quem faz o seu dia-a-dia no centro do concelho. A falta das tradicionais iluminações, que costumam antecipar a época em cerca dois meses, apelando ao espírito natalício, também contribuiu para a fraca afluência. Este ano, pela primeira vez, a Câmara Municipal da Amadora (CMA) decidiu ligar as luzes de Natal, que decoram as principais ruas de comércio da cidade, praças e jardins, apenas no passado dia 1 de Dezembro. Por norma, o concelho da Amadora é dos primeiros municípios a ligar as luzes, logo na primeira semana de Novembro. Este ano a autarquia decidiu atrasar a sua ligação, no entanto, considerou importante “manter a iluminação de Natal, já que a mesma é dinamizadora do comércio local, além de influenciar a auto-estima de todos no período difícil que o nosso país atravessa”, adiantou em comunicado. Tratou-se de “uma decisão política”, explicou o vereador responsável pelo pelouro, Gabriel Oliveira, acrescentando que “este ano fizemos um investimento de 135 mil euros, menos do que no ano passado, porque voltámos a usar as mesmas luzes, embora colocadas em locais diferentes”. Ora, no ano passado a autarquia tinha conseguido reduzir o investimento em luzes em cerca de 25 por cento. Este ano poupou cerca de 15 mil euros, reduzindo cerca de 7 por cento. Apesar de não existirem cálculos ao nível dos custos de energia eléctrica, a redução em cerca de um mês no funcionamento das luzes, segundo o vereador, “possibilita consumos muito reduzidos, tendo em conta que quase a totalidade do equipamento é em LED”. Porém, para os comerciantes, embora a crise esteja na origem da redução das vendas deste ano, o facto das luzes só terem sido ligadas na semana passada também não ajudou a melhorar a situação. Para Maria Elisa Gaiola, funcionária há cerca de 28 anos num pronto-a-vestir no centro da cidade, “embora não seja pelas luzes ligadas que as pessoas compram mais, só a partir do dia 1 que notámos mais movimento no centro da Amadora”. Mas, lamenta que “nem por isso as vendas estejam a melhorar”. Esta funcionária garante que “o comércio local tem sofrido muito com a crise e com a abertura de grandes superfícies, mas nunca esteve tão mal como este ano”. Ana Silva, empregada de uma loja de roupa para bebés, considera que “está tudo relacionado com a crise”. Embora reconheça que as luzes fazem falta, “não é por isso que se deixa de vender, o problema é que as pessoas não têm dinheiro”. Já a empresária Joana Pires é mais pragmática: “nem oito nem oitenta”, referindo-se à data de inauguração das iluminações nos anos anteriores. “Todos os anos é cedo demais, mas este ano foi um pouco tarde demais. Talvez este investimento tivesse tido mais efeitos a partir de meados de Novembro”, assegura. A proprietária de uma Ourivesaria, situada no centro da Amadora, afirma que por ali "a crise tem sido sentida nos últimos anos, mas agora as pessoas estão ainda mais retraídas". Em contrapartida, "as luzes não ajudam a vender, só por si, mas têm um efeito psicológico”. Por isso, a empresária conta que a partir de agora possa cativar a atenção de maior número de clientes, aumentando o débil volume de negócios registado nas últimas semanas.
Milene Matos Silva
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