sexta-feira, 2 de dezembro de 2011

‘Oeiras Está Lá’ ajuda idosos

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Serviço camarário efectua pequenas reparações e tarefas “Eu gostei muito dele… é muito meiguinho”, diz Maria Floripes Coelho, de 80 anos, moradora no centro de Paço de Arcos. Os elogios vão para o técnico do serviço camarário de apoio aos idosos e pessoas com mobilidade reduzida “Oeiras Está Lá”, que se preparava para efectuar mais algumas pequenas reparações na sua casa, depois de uma primeira intervenção duas semanas antes. As loas da inquilina referem-se aos modos afáveis e discretos de Luís Fernandes, de 46 anos, o ‘faz-tudo’ contratado por aquele programa solidário da Câmara, mas não são alheias, de todo, às qualidades técnicas do profissional, que tanto arranja um estore como acaba com os estremecimentos das janelas em dias de tempestade que não deixam dormir a dona da casa, e ainda se prontifica a retirar a sanefa dos cortinados para que os mesmos sejam lavados. “Fez muita falta o serviço”, garante a moradora, viúva, aludindo ao facto de o “Oeiras Está Lá” ter deixado de “lá estar” durante quase ano e meio, devido a problemas processuais com o respectivo concurso público. O programa, iniciado em 2006, regressou ‘ao activo’ apenas em Setembro último e ainda está longe das cifras atingidas noutros anos e que reportam “cerca de 80 intervenções por mês, perfazendo uma média anual de cerca de 1000 acções, distribuídas de forma mais ou menos uniforme por todas as freguesias”. Para retomar a velocidade de cruzeiro, a iniciativa almeja reforçar a sua divulgação entre os potenciais utentes. Tanto mais que, entretanto, passou a haver um número grátis para accionar o serviço: 800 208 301. Na essência, o tipo de serviço prestado mantém-se: mudar uma lâmpada, fechaduras e chaves, substituir uma torneira que pinga, um vidro partido ou uma tomada de electricidade, reparar estores ou persianas, mas também assegurar a recepção em casa de bens de primeira necessidade, sejam medicamentos ou produtos alimentares, ou mesmo o correio, para além da sintonização de televisores, a deslocação de mobiliário pesado, bem como a limpeza de quintais e canteiros… Há, no entanto, duas grandes diferenças a assinalar.Desde logo, pela primeira vez, a condição económica de quem solicita a intervenção será decisiva na apreciação do pedido. De facto, o regulamento passou a estipular que “podem beneficiar deste serviço os munícipes com idade igual ou superior a 65 anos e que se enquadrem no conceito de carência económica ou que sejam portadores de deficiência”, o que significa luz verde imediata apenas para quem tiver rendimentos mensais inferiores a 419 euros. Ainda assim, estão previstas excepções aos limites do rendimento desde que o interessado viva “em situação de comprovado isolamento”. O leque de excepções é, ainda, alargado a “outras solicitações que tenham sido encaminhadas pelos competentes serviços concelhios na área do acompanhamento social”. A segunda grande diferença diz respeito à limitação do número de pedidos, que não poderá exceder a meia dúzia, quando antes era ilimitado. No máximo, poderão chegar à dezena “caso existam vagas”. Elisabete Oliveira refuta que as alterações introduzidas se devam a uma questão de poupar dinheiro aos cofres camarários. “Mais rigor”, isso sim. “Constatámos que havia casos que não se enquadravam em intervenções de primeira necessidade… Havia um certo uso indevido”, aponta a vereadora, que ao limitar o número de pedidos pretende “evitar que aqueles que conhecem o programa o monopolizem gerando uma lista de espera injusta”. As novidades surpreenderam Maria Floripes Coelho. “Ai agora depende de quanto é que as pessoas ganham?!...”, admirou-se, dirigindo-se à técnica do programa presente aquando da intervenção em sua casa. “Então acho que tenho andado a enganar as minhas amigas, que também queriam usufruir do serviço e, se calhar, afinal, não podem…”, concluiu, fazendo as suas próprias contas: duas pensões (sua e do falecido esposo), num total de 428 euros… “O serviço pode abranger pessoas que ganhem um pouco mais do que o limite, desde que apresentem grandes despesas com medicamentos ou rendas, por exemplo…”, comentou a técnica do programa, em jeito de explicação para o diferencial. Floripes Coelho é que não tem dúvidas de que precisava de ajuda. “Com estes rendimentos como é que poderia entrar nestas despesas?! A casa está muito precisada de obras, mas eles (senhorio) dizem que, para isso, teriam de aumentar a renda e eu não posso pagar mais!”, exclama a inquilina, louvando a iniciativa da Câmara de Oeiras que, além do serviço em si, também “tem permitido a detecção de situações de isolamento e/ou carência de outros apoios sociais ou de saúde e a activação dos recursos necessários”. Jorge A. Ferreira

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