Oeiras atribui Medalha de Honra a Eunice Muñoz
“Obrigado à Eunice Muñoz por simplesmente ser quem é”. Foi assim que o presidente da Câmara de Oeiras, emocionado, deu por terminado o seu discurso na cerimónia de homenagem à actriz, realizada na passada segunda-feira, no auditório com o seu nome, em pleno centro histórico de Oeiras. Num evento a que não faltaram numerosas personalidades da vida artística e figuras públicas do país, Isaltino Morais não resistiu a enquadrar o reconhecimento da actriz no contexto actual nacional. O autarca criticou “o materialismo contabilístico e financeiro desta pós-modernidade que, de tanto querer evitar a pobreza, a todos condena ao miserabilismo serôdio da pequenez Lusitânia, no qual a frugalidade volta a ser a mãe de todas as virtudes, ao passo que a vida nos passa ao lado, sem lugar para nada mais do que o essencial à sobrevivência; como se o Homem não passasse de um primata primário, sem lugar ao saber, sem lugar ao sonho e sem lugar ao estético que sempre faz a vida inteligente”. Mas, guardando um lugar para a esperança em dias melhores, citou Luther King: “É quando a noite é mais escura que melhor se vê a beleza do brilho das estrelas”. Para concluir: “Quis assim o destino que fosse neste tempo de breu que a alma sobressaísse. Foi assim ontem [domingo passado], com o Fado a ser reconhecido como Património Imaterial da Humanidade, e é assim hoje [segunda- feira passada], com esta homenagem a esse imenso astro fúlgido da cultura portuguesa, a Eunice Muñoz, pelos seus 70 anos de carreira”. Sobre a homenageada, Isaltino Morais sublinhou, ainda, que “como todos os gigantes da estética, marcou o seu tempo e marcou vanguarda”, colocando “a maior actriz de teatro que conheci” na “galeria cintilante dos que ensinam a Humanidade a ser humana”. O autarca passou em revista a carreira de Eunice Muñoz, desde o início, aos 13 anos, na peça Vendaval, no Teatro Nacional D. Maria, lembrando as suas interpretações em “Mãe Coragem”, “A Maçon” e “A Casa do Lago”; ou, mais recentemente, em Oeiras, a sua “excepcional” interpretação de “Miss Daisy”. Mas também os filmes “Manhã Submersa”, de Lauro António, e os “Tempos Difíceis”, de João Botelho; ou “A Banqueira do Povo” na televisão. “Foi por esta carreira, e pelo tanto que nos ofereceu, que o município de Oeiras decidiu dar o seu nome ao Auditório Municipal de Oeiras, e que decide agora atribuir-lhe a Medalha de Honra do município”, concluiu Isaltino, recordando que esta distinção apenas foi atribuída por seis vezes em 25 anos. Anteriormente, aquela medalha já agraciara duas instituições com sede no concelho (a Escola Militar Electromecânica de Paço de Arcos e o Instituto Superior de Educação Física) e três personalidades (o ex-Presidente da República, Mário Soares, a primeira mulher campeã olímpica portuguesa, Rosa Mota e, outra grande actriz, Maria Amélia Rey Colaço).
Subscrever:
Enviar feedback (Atom)
Sem comentários:
Enviar um comentário