Últimas chuvadas agravaram sinais de insegurança
Quase quatro anos após a morte de duas pessoas, cuja viatura foi arrastada para o Rio Jamor na sequência da intempérie que assolou a região de Lisboa a 18 de Fevereiro de 2008, a Estrada Nacional (EN) 117, no troço entre Belas e o Pendão, continua com o mesmo cenário... de degradação. Mas, as condições de insegurança foram mesmo agravadas nos últimos meses, com as fortes chuvadas que se fizeram sentir, que ameaçam a estabilidade dos muros que delimitam a via rodoviária. O presidente da Junta de Freguesia de Belas, Guilherme Dias, está apreensivo com a situação e aponta para um dos muros que ladeia a estrada. "A estrutura metálica que está a aguentar isto, já está mesmo a ceder. Se houver uma desgraça, se não forem tomadas as devidas providências, quem será o responsável?", questiona o autarca, já cansado do jogo do empurra que impede, há largos anos, o avanço dos trabalhos de requalificação da EN117. "Os pontos perigosos continuam na mesma, não se mexeu uma palha... a Estradas de Portugal empurra para a Câmara, a Câmara para a Estradas de Portugal e não saímos disto", lamenta. O muro em risco, situado por debaixo do viaduto da CREL, acaba por suportar o peso da escorrência das águas e, nas últimas semanas, os sinais de degradação estão a acentuar-se a olhos vistos. No passado dia 18 de Novembro, "a carga de água foi de tal ordem que arrastou muito peso sobre esta zona", frisa Guilherme Dias, que recorda que o trânsito chegou mesmo a estar cortado,em função do caudal de água que se avolumou na EN117. Carlos Gaspar, proprietário de um estabelecimento comercial situado na Rua Alexandre Herculano, a denominação toponímica daquele troço da EN117, confirma que a última grande chuvada foi muito sentida na zona. "Nem no dia em que morreram as senhoras, havia tanta água na estrada como a que caiu na última intempérie", salienta este comerciante, instalado na zona desde 2004. A falta de escoamento das águas, associado à inexistência de passeios, tornam aquela estrada um verdadeiro perigo para automobilistas e, acima de tudo, para os peões. Utilizada por inúmeras pessoas para efectuar a ligação a pé de Belas até à estação da CP, através da Avenida Miguel Bombarda, a segurança não é devidamente acautelada. "Cada vez mais as pessoas não têm dinheiro para andar de autocarro", acentua Guilherme Dias, dando conta do aumento do número de pessoas que recorrem àquela estrada, mesmo sem passeios, para palmilhar a distância até à estação de Queluz-Belas. "Até me admiro como é que ainda não morreu aqui ninguém atropelado", alerta Carlos Gaspar, que confirma que, "logo às seis da manhã", há muitas pessoas que utilizam a EN117 em direcção à estação de comboios. "Na freguesia de Belas, é a estrada em pior estado", sentencia. "Pelo menos, façam passeios em condições e garantam o escoamento das águas em condições para o Rio Jamor", desafia o presidente da Junta de Freguesia, cansado de ouvir falar na requalificação da EN117, com duas vias em cada sentido, e complementada por uma via alternativa à Avenida Miguel Bombarda. "Não se admite que a entrada na nobre vila de Belas esteja neste estado", conclui Guilherme Dias. Questionado na última Assembleia Municipal sobre a requalificação da EN117, o vice- presidente da Câmara de Sintra, Marco Almeida, sublinhou que, apesar de se tratar de uma competência exclusiva da Administração Central, "o município tem-se disponibilizado para comparticipar as obras de requalificação, mas cada parte tem de fazer aquilo que lhe é devido". "A Câmara não assumirá, por si só, os custos inerentes a esta requalificação", salienta o autarca.
João Carlos Sebastião
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