‘Necessidade de acções de reparação e manutenção’ justifica supressão de comboios
A Linha de Cascais conta, desde a passada segunda-feira, com a circulação de menos 17 comboios até ao final de Agosto por “indisponibilidade de material”, uma medida anunciada pela CP e que deixou os utentes daquela linha “muito indignados”. Em declarações à Agência Lusa, o representante da Comissão de Utentes da Linha de Cascais, Filipe Ferreira, disse que a medida é “mais uma má política por parte da CP e do Governo e prova do constante desinvestimento que está a ser feito na Linha de Cascais”. “Repudiamos, de modo veemente, as más políticas que estão a ser implementadas pela CP a mando do Governo que só se preocupa em cortar e cortar sem olhar a meios”, sustentou o representante, sublinhando que a decisão em nada vai resolver os problemas e que “os prejudicados são sempre os mesmos, os utentes”. As composições preteridas foram as que cumpriam o trajecto do Cais do Sodré a São Pedro do Estoril e vice- versa. Insatisfeitos com a decisão, os moradores de São Pedro criaram já uma petição pública a exigir a reposição daquele trajecto, um documento que conta já com mais de 100 assinaturas. De acordo com os moradores, a anulação do percurso supõe “uma demora superior a meia hora de viagem para os utentes que transitam entre São Pedro e Santos, além de obrigar ao transbordo extraordinário em Oeiras e paragens em todas as estações”. “Valendo-se a CP da não existência de outra alternativa a nível de transportes públicos para efectuar este trajecto, dispõe desta forma da vida dos passageiros de forma abusiva, pelo que seria de considerar a hipótese da criação de outro meio de transporte paralelo”, concluem. Segundo António Sousa, um dos subscritores da petição, para quem mora na zona dos Jardins da Parede, como ele, este trajecto é “indispensável”. Também Ana Calheiros considera a decisão “ridícula”, principalmente numa altura em que “é obrigatório cortar nas despesas e os transportes públicos surgem como única alternativa ao carro”. Um comunicado da CP dá conta da necessidade de supressão de comboios na Linha de Cascais por “indisponibilidade de material circulante que tem necessidade de ser objecto de acções de reparação e manutenção”. Contudo, justifica, “face à actual conjuntura, a CP não pode equacionar a aquisição de novo material circulante para reequipar a sua frota de comboios”. Assim, a empresa decidiu imobilizar 17 circulações, entre segunda-feira e 31 de Agosto, no sentido de “garantir a estabilidade de oferta e evitar supressões pontuais” até que a situação esteja resolvida. Também o Sindicato Nacional dos Trabalhadores do Sector Ferroviário (SNTSF) já contestou a decisão, tendo pedido esclarecimentos à Comissão Executiva da CP-Lisboa e à Administração da CP, mas sem resposta. “Menos comboios em circulação será também uma menor necessidade de trabalhadores, mas até ao momento não se obteve nenhuma resposta”, refere o sindicato em comunicado. Para o SNTSF, esta medida resulta de acções do anterior e actual Governo relativamente às reduções de custos nas despesas públicas. “Devido à suspensão cega dos investimentos, não se vislumbra alternativa e/ou solução a curto prazo. A resolução deste problema agrava-se pelo facto de Portugal ter perdido a sua capacidade na área da produção de material ferroviário", acrescenta. De igual forma, o Bloco de Esquerda de Cascais criticou a medida, apresentando já uma moção de censura, em reunião de Assembleia Municipal de Cascais, sustentada pela “degradação do serviço prestado pela CP aos utentes”. “Em altura de crise, onde se acentua de forma clara a dificuldade de mobilidade rodoviária para Lisboa, a debilitação do transporte ferroviário configura a pior das opções”, conclui o BE.
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