“As cidades e empresas, que estão adaptadas às pessoas com mobilidade reduzida, são mais rentáveis do ponto de vista humano e económico”. A afirmação é do arquitecto Nelson Verdades, vencedor do Microcrédito Millennium que o BCP lançou por ocasião do Dia Internacional das Pessoas com Deficiência. Com os cinco mil euros do prémio, o arquitecto pretende aplicar a sua própria experiência de vida e abrir um gabinete direccionado para projectos que melhorem a mobilidade. Com 33 anos, Nelson Verdades desloca-se há 25 numa cadeira de rodas pelo que conhece todos os pequenos e grandes obstáculos que o meio urbano impõe aos cidadãos com dificuldade de mobilidade. “É vulgar que num dos lados da estrada o passeio esteja rebaixado e, do outro, não esteja”. Outro problema são alguns espaços públicos onde as pessoas são obrigadas a deslocar-se. “Quem está dependente de uma cadeira de rodas não pode, por exemplo, deslocar-se ao serviço de Finanças de Almada. O acesso é só por escada”, nota o arquitecto. “Os edifícios deviam ser pensados logo na origem para serem facilitadores de mobilidade, mas ainda hoje vemos novas construções que não consideraram esta questão, apesar de estar prevista em lei”, afirma Nelson Verdades. E quando se trata de edifícios públicos, “é ainda menos aceitável que não considerem acessos para cadeiras de rodas”. Na sua opinião esta “devia ser uma ideia banal, mas não é”. A proposta de Nelson Verdades, que reside em Almada, é precisamente ajudar a transformar, ou construir de base, edifícios que pensem em todos. Conjuntamente com três colegas da faculdade, vai lançar as suas ideias no mercado aproveitando as suas experiências. Para já vão restringir a sua área de trabalho a Almada, Seixal e Lisboa onde pretendem criar uma carteira de clientes. “A cidade de Almada está muito melhor em matéria de mobilidade, por exemplo: eu moro no Pragal, se não existisse o Metro Sul do Tejo não poderia deslocar-me sozinho ao centro da cidade”. Os riscos de lançar um negócio neste momento económico e financeiro crítico estão a ser ponderados por esta equipa de jovens arquitectos. O primeiro alvo para apresentarem as suas propostas, diz Nelson Verdades, “são as empresas privadas e públicas, depois vamos tentar chegar aos privados”. Isto com projectos que tanto podem ser readaptação de espaços, como pensar todo um edifício. Do mesmo modo está a ser ponderado onde irá funcionar a empresa. “Assim que houver condições para isso abrimos o gabinete, fisicamente, em Almada”. Mas enquanto o negócio não o permitir,os arquitectos vão experimentar outras opções. O certo é que, muito em breve, o gabinete terá o ‘site’ operacional que deverá ter por base o nome de Nelson Verdades.
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