Câmara não avança com prazo para concretizar musealização que custa 1,6 milhões de euros
Moradores da Alapraia estão preocupados com o futuro das grutas locais e da zona envolvente. Dizem que aquele perímetro “está esquecido pela Câmara de Cascais que garantiu que ia investir muito dinheiro nesta zona, mas o que vemos é que taparam duas grutas e fecharam as outras. Ninguém as pode visitar”. Também o Largo das Grutas deveria ser requalificado, defende Nísia Blanco, que classifica como “triste” o estado de degradação em que está o largo com um fontanário que remonta a 1943. Também “um museu, que iria servir para documentar as grutas, nunca chegou a avançar”. A munícipe manifesta-se “indignada” com a situação actual das Grutas da Alapraia: “Taparam duas grutas que era possível visualizar e constatar a sua profundidade e fecharam uma outra (gruta 1) que já não deixam visitar. Antes vinham cá escolas e turistas. Agora estão abandonadas”. As Grutas Artificiais de Alapraia, identificadas como “Necrópole de Alapraia”, enquadram-se num conjunto de vestígios arqueológicos pré-históricos que apresentam um novo conceito aplicado na época a este tipo de monumento: o de escavar em vez de construir. São ao todo quatro, descobertas em fases diferentes, sendo que as grutas II, III e IV foram objecto de estudo na primeira metade do século XX. Confrontado pelo JR com as queixas dos moradores da Alapraia, a Câmara de Cascais, através do Gabinete de Imprensa, esclarece que as grutas III e IV foram tapadas “no âmbito de uma intervenção de conservação e restauro, uma vez que, tratando-se de concavidades, estavam a ser utilizadas como lixeira apresentando já danos nas paredes”. Por seu turno, a gruta I está vedada ao público por “motivos de salvaguarda para prevenir a entrada de pessoas e animais, sendo aberta sempre que tal é solicitado no âmbito de programas de divulgação do património”. Sobre as intervenções realizadas nas Grutas da Alapraia e zona envolvente, o município esclarece que já foram investidos 320 mil euros, incluindo o projecto de musealização da autoria do arquitecto João Mendes Ribeiro. O investimento municipal já realizado contempla “o valor investido na aquisição do casal saloio na década de 80; a aquisição de outro casal saloio em 2005, a adjudicação do projecto de arquitectura e especialidades do futuro pólo museológico, e ainda trabalhos de consolidação estrutural de uma das casas do Largo e trabalhos arqueológicos e estudo/publicação de espólio”. Envolvendo um investimento de um milhão e 600 mil euros, o projecto prevê a criação de um centro interpretativo com as vertentes arqueológica e etnográfica, “estabelecendo uma continuidade entre a vivência pré-histórica do local e a comunidade rural que nele habitou tantos séculos depois”. Se um dos casais saloios será adaptado a núcleo etnográfico, a vertente arqueológica será assegurada através da construção de um edifício contemporâneo que “virá dar resposta às exigências das novas funcionalidades do espaço, nomeadamente no que diz respeito às imprescindíveis condições de recepção dos visitantes, cuidando, contudo, para que as estruturas pré-existentes possam ser mantidas e valorizadas”. A autarquia esclarece, no entanto, que não está , “fruto das contenções orçamentais”, definido um prazo para a concretização da musealização das Grutas da Alapraia. Francisco Lourenço
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1 comentário:
Deveria ser revista o plano de requalificacao das grutas visto que o investimento de 1,6 milhoes de euros seria recuperado em pocos anos com as grutas abertas ao publico, era mais um atrativo turistico para cascais um lugar lindo e unico.
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