Apagão da emissão analógica a 1 de Fevereiro
Apesar de preparados para a chegada da Televisão Digital Terrestre (TDT), os habitantes da Amadora são bastante críticos em relação à forma como tem sido conduzido o processo por parte das entidades oficiais. Há quem já tenha televisão paga, há quem já tenha comprado o aparelho descodificador, mas há também quem ainda não esteja preparado para o apagão da emissão analógica, previsto para 1 de Fevereiro. Porém, todos partilham da mesma opinião: a forma como tem sido conduzido o processo de introdução da TDT não tem sido clara, nem favorece os telespectadores. Avelino Ramos, morador na freguesia da Mina há cerca de 40 anos, sente-se desiludido porque “pensava que a introdução do sinal digital viesse servir para retirar as antenas do topo dos telhados”. Mas, em vez disso, “está tudo na mesma”. Este morador diz-se preparado para receber o novo sinal, embora o tenha feito em apenas dois dos seus quatro televisores. No entanto, o que mais o preocupa é o facto de “a população idosa, que tem uma reforma mínima e está pouco informada, está mais vulnerável às burlas”. Também residente na Mina, Maria Otília diz não estar preocupada com o apagão feito a partir do emissor do Monsanto. “Não vejo muita televisão, prefiro ler um livro e ouvir os noticiários na rádio”, refere a educadora de infância, reformada há um ano, acrescentando que “quando for introduzida a mudança deixarei de ver a pouca televisão que via”. Maria Otília critica também o facto de “a introdução destas inovações, na maioria dos casos, só servir para enganar as pessoas”. Conclui, por isso, que “quando acabar, acabou”. Por outro lado, para evitar o apagão em sua casa, José Luís Teixeira aderiu à televisão paga ainda durante o mês de Novembro. “Tenho três televisores e para evitar comprar três aparelhos descodificadores, decidi subscrever um serviço de televisão paga para ficar com TV”, adianta. Actualmente paga cerca de 10 euros por mês pelos quatro canais e telefone fixo. Sem querer pagar para ver televisão, Joaquim José preparou-se para o apagão do sinal analógico com a compra de descodificadores para os seus televisores, mas reconhece que “muitas pessoas não estão preparadas por falta de informação e porque não querem pagar mais”. Este morador da freguesia da Venteira reconhece que o novo serviço tem mais qualidade, mas esperava dispor de mais canais. Embora não tenha que se preparar para o apagão do dia 1 de Fevereiro, uma vez que tem televisão paga há vários anos, João Afonso, também morador da Venteira, lamenta que “se as coisas funcionassem neste país, seriam libertados mais dos canais de sinal fechado”. E lembra que na sua terra de origem, perto da fronteira com Espanha, já passou pelo mesmo processo, mas neste momento tem “muitos mais canais e de qualidade”. O administrador da Autoridade Nacional das Comunicações (ANACOM), Eduardo Cardadeiro, em declarações, na semana passada, à agência Lusa, adiantou que mais de 400 mil lares, em todo o país, ainda não migraram para a televisão digital terrestre (TDT), cuja introdução no país arrancou no dia 12 de Janeiro. Segundo o administrador daquele organismo com o pelouro da TDT, dos 1,2 milhões de famílias que necessitavam de fazer a migração, "cerca de 90 por cento já o terão feito e as restantes têm até 26 de Abril para aderirem ao novo sistema". A primeira fase de introdução da TDT em Portugal arrancou no dia 12 de Janeiro, na faixa litoral de Portugal continental, com os emissores a serem desligados de uma forma faseada. No dia 1 de Fevereiro será desligado o emissor de Monsanto e os retransmissores do Areeiro, Barcarena, Caparica, Carvalhal, Cheleiros, Estoril, Graça, Montemor-o-Novo, Odivelas, Sintra, Malveira, Sobral de Monte Agraço, Coruche e Cabeção. A partir de 22 de Março arranca a segunda fase, com a cessação dos emissores e retransmissores das regiões autónomas dos Açores e da Madeira. A última fase acontece a 26 de Abril, altura em as transmissões analógicas do restante território continental serão desligadas. Milene Matos Silva
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