Terras e entulhos depositados em terrenos agrícolas sem autorização dos proprietários
Para instalar novas condutas de abastecimento de água, entre Pernigem e Gouveia, na freguesia de São João das Lampas, os SMAS utilizaram "de forma abusiva" terrenos agrícolas privados. O pior, acusam alguns proprietários, "foi terem deixado toneladas e toneladas de terras, pedras e entulhos nas propriedades alheias". "Nalguns casos, até criaram uma barreira de dois ou três metros que impede a entrada nos nossos terrenos", refere Joaquim Caetano Fraga. "Passo aqui há mais de 70 anos e agora nem o riacho posso atravessar. Dantes fazia-o a pé, com a burra, de carroça, ou com o tractor, mas agora nem isso", lamenta, referindo-se à destruição da travessia pedonal sobre a linha de água que por ali passa e à barreira de terras e pedras que impedem o atravessamento do riacho. Joaquim "Vinte e Oito", como ali é conhecido, teme ainda pelos efeitos de um aterro efectuado perto de uma nascente situada já no interior de um terreno. "Mesmo sem chuva, há sempre ali água.Em1940, quando houve uma grande seca, esta nascente garantiu água para o gado e para os campos. Agora está tudo tapado", conta. Filipe Bordalo, outro agricultor da zona, garante que "a obra foi mal feita", pois o caminho agrícola foi reposto "apenas com metade da largura", "não dá para se cruzarem dois tractores" e "as valetas para as águas da chuva estão do lado contrário". "Que raio de engenheiro projectou isto? Basta vir uma chuvada que o pavimento vai todo por água abaixo", questiona, secundado por Domingos Chiolas e Joaquim Duarte. "Não está certo que tenham feito a obra deixando todo o entulho dentro dos terrenos privados", reforçam ainda estes proprietários, que exigem uma intervenção dos SMAS para repor a situação. "Alguém falhou. Se calhar até pagaram a remoção das terras, mas o empreiteiro deixou-as cá", reforça Domingos Chiolas. A primeira entidade a receber os protestos de moradores, agricultores e proprietários de Pernigem foi a Junta de Freguesia de São João das Lampas, onde o presidente Guilherme Ponce de Leão reconhece "toda a razão" às queixas recebidas. Sem responsabilidades na matéria, o autarca remeteu as reclamações para o conselho de administração dos SMAS, exigindo uma reunião no local "com carácter de urgência". Porém, só à segunda tentativa recebeu resposta. "O senhor administrador Cardoso Martins tirou-me do sério, pois desmentiu e negou tudo o que estava no nosso ofício. Ora, se ele viesse ao local, podia ver tudo o que estava mal. Porém, só deve cá vir para inaugurar a obra", acusa Ponce de Leão. O presidente da junta exige "a remoção de tudo o que foi depositado clandestinamente em terrenos privados ou nos baldios de domínio público" e ameaça "recorrer para as entidades competentes". Contactados pelo JR, os SMAS não prestaram qualquer esclarecimento até ao fecho desta edição. Paulo Parracho
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