Quinta Pedagógica Armando Villar permite vivenciar tradições e o contacto com fauna e flora
O moinho de vento desperta a curiosidade de quem passa na 3.ª Circular. Mas é dentro da Quinta Pedagógica Armando Villar, situada na Quinta das Patinhas, que se fazem as maiores descobertas. Aprende-se a amassar o pão, conviver com os animais (burro de Miranda, porco preto, galinhas pretas lusitânicas, ovelhas da raça merino, peru saloio, entre outros) e conhecer os tradicionais instrumentos
de rega (como a picota e a nora), bem como distinguir o cheiro das diferentes ervas aromáticas. Quando se atravessa a ponte de madeira, o mundo citadino fica para trás e uma nova realidade surge à frente do visitante, especialmente dos mais pequenos. Semeadas em fila, inúmeras plantações vão aparecendo. Pessegueiros, ameixoeiras, macieiras, antecedem a chegada à zona das hortas onde é possível ver alfaces, couves, amendoeiras em flor, favas, ervilhas, entre muitos outros produtos hortícolas. “A captação de água é feita pelosmeios tradicionais através do moinho americano de vento, anterior a 1900, que já esteve no mercado de Cascais, da picota (original da Mesopotâmia) e da nora, uma das principais atracções para as crianças que a visitam”, descreve Ricardo Villar. O responsável da Quinta Pedagógica Armando Villar contou ao JR como surgiu a ideia de criar este espaço direccionado para as crianças, famílias e visitas de estudo. “Nasci aqui e isto era o nosso jardim e tínhamos muitos animais domésticos. Com o passar dos anos, constatei que era uma obrigação minha partilhar um pouco com as crianças esta vivência que eu tive com os animais e as hortas. Dei o nome do meu avô à Quinta Pedagógica porque foi ele que a comprou (em 1940) e fez as primeiras obras”. A quinta pedagógica foi fundada em 2010 (Ano Internacional da Biodiversidade), mas até conseguir reunir as condições para concretizar o projecto de educação ambiental foi um longo caminho. “Quando peguei nela era um matagal de três metros de altura. Lembro que por causa das cheias, os muros da Ribeira das Vinhas estavam todos caídos. Tive de limpar quase um quilómetro de ribeira (da 3.ª Circular até à A5). Era tudo silvado e matagal”, frisou Ricardo Villar. Mas agora, “temos uma grande biodiversidade de espécies hortícolas e todos os animais de uma quinta portuguesa, com a particularidade de estarem em ambientes adequados. Por exemplo, temos as cabras em cima das rochas, patos e gansos com acessos directos ao rio, porco preto alentejano ao pé do sobreiro. Tudo raças autóctones reconhecidas por especialistas”. Um espaço para visitar, mas, acima de tudo, para aprender. “Isto não é um jardim zoológico. Aqui as crianças podem entrar e brincar com os animais. Pretendemos que as crianças interajam com os animais, que mexam nos ovos, nas galinhas e nos pintos e, assim, tenham respeito pelos animais, enquanto seres vivos”, revela Ricardo Villar. As espécies aromáticas são também uma das atracções: “Temos um espaço só de aromáticas, onde se pode distinguir a alfazema, do alecrim, a erva do caril”. Além disso, acrescentou este responsável, “as
crianças têm também contacto com as formas de adubar as terras, como o composto (folhas secas e
verdes) onde entram as minhocas e tornam isto num nutriente natural fabuloso”. Várias actividades pedagógicas decorrem ao longo da visita à Quinta. Elisabete Cortegano, engenheira agrónoma e coordenadora da Quinta Pedagógica, salienta que “este espaço foi projectado com o intuito de proporcionar às crianças a realização das actividades diárias de uma quinta tradicional, alertando-as para a importância da preservação da água e do meio ambiente. Para além de experimentarem os engenhos tradicionais de captação de água (picota e nora), e observarem o funcionamento de sistemas de rega tradicionais, o moinho de vento, as nossas hortas biológicas, pomares e jardim de aromáticas, os nossos pequenos visitantes podem interagir directamentecomos animais, participando na alimentação e tratamento diários das nossas espécies autóctones. As nossas actividades têm a duração de 2h30. Poderá escolher uma visita geral de duas horas ou quatro ateliês de trinta minutos”.
Elisabete Cortegano acrescentou ainda que, “durante a semana, estamos reservados para escolas, temos como novidade a actividade relacionada com o ciclo do pão, na qual as crianças aprendem todo o processo de panificação”. “Aos sábados de manhã, das 10h00 às 12h30, estamos abertos para famílias. O valor da entrada é de 5 euros, excepto para crianças com menos de dois anos que não pagam. As inscrições devem ser feitas até à 5.ª-feira que antecede a visita. Dispomos ainda de um programa mensal de ‘workshops’ que podem ser consultados no nosso ‘site’: www.quintadovillar.com”, salienta esta responsável. Para os períodos de pausas lectivas, “dispomos de programas de Férias na Quinta. Já temos planeado o programa Férias na Quinta - Páscoa 2012 , que inclui actividades como passeios de burro, ateliês na horta, tratamento dos animais, ateliês de culinária, visita ao hotel para cães, insufláveis, artes plásticas e muitas surpresas”. A não perder, e tão perto do mundo urbano, paredes-meias com a A5, junto à 3.ª Circular. Francisco Lourenço
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