Academia João Cardiga promove o contacto de deficientes com cavalos
Associando-se a uma iniciativa federativa, a Academia Equestre João Cardiga (ACJ) realiza, na próxima quarta- feira, nas suas instalações em Leceia, uma acção de promoção do contacto de jovens deficientes com os cavalos, de forma a incentivar a prática do desporto adaptado. Dar a conhecer os benefícios da equitação, a nível físico e emocional, assim como incentivar a prática deste desporto, na sua componente adaptada, por parte de pessoas com deficiência, são os principais objectivos da iniciativa “Equitação para Todos”, promovida pela Federação de Desporto para Pessoas com Deficiência (FPDD) e à qual se associou a AJC. Contando com um grupo de cerca de uma dezena de participantes, sobretudo jovens, o evento realiza-se no próximo dia 14, a partir das 09h30, nas instalações (em Leceia) daquela instituição oeirense, que no próximo ano comemorará duas décadas ao serviço da equitação e da pessoa com deficiência. “Vamos fazer uma primeira abordagem aos animais, ver como os utentes se sentem, como reagem nessa interacção, e depois são convidados a montar”, antecipa Maria de Lurdes Cardiga, presidente da direcção da AJC, falando ao JR à chegada da Bélgica, onde decorreu, de 1 a 4 de Setembro, mais um Campeonato Europeu de Paradressage. Na competição internacional, Portugal concorreu ao lado de 19 países, num total de quase 80 conjuntos, entre os quais os melhores do mundo na equitação adaptada. A participação lusa, apoiada na Bélgica por João Cardiga e demais técnicos da AJC, fez-se com três atletas – Sara Duarte, atleta paraolímpica formada na AJC (8.º lugar), a nortenha Maria Quintas (7.ª posição) e Ana Veiga, do Centro Hípico da Costa do Estoril (9.º posto) – e o saldo foi positivo: Portugal obteve o 12.º lugar e as cavaleiras conseguiram a qualificação individual para os Jogos Paraolímpicos de Londres do próximo ano. “A Sara já fez melhor, mas é preciso ver que esteve sem fazer qualquer participação internacional desde 2009”, salienta Maria de Lurdes, lembrando que a atleta foi medalha de bronze nos Europeus de 2009, conquistando o acesso ao Campeonato do Mundo realizado nos Estados Unidos no ano passado, prova a que, porém, acabou por não poder ir por insuficiência de verbas. “O problema maior da Equitação Adaptada tem sido a falta de rodagem internacional das nossas atletas, embora hoje já se verifiquem alguns progressos nessa matéria, o que em muito se deve ao exemplo da nossa Sara Duarte, que abriu esse caminho, acabando por arrastar outras cavaleiras; felizmente que assim acontece, pois é esse o nosso objectivo maior”, conclui a presidente da AJC. O esforço para aumentar a presença de atletas da Equitação Adaptada em provas internacionais vai continuar. Já este sábado à noite, o Pavilhão Multiusos de Odivelas acolhe um concerto – com o cantor brasileiro Raimundo Fagner, a dupla Thiago Raphael e, como convidado especial, Nuno da Câmara Pereira – para angariar fundos destinados a instituições de solidariedade social que se dedicam a pessoas com necessidades especiais, como é o caso da ACJ.Mas o objectivo é que esse movimento continue e, por isso, Maria de Lurdes planeia já organizar, no final do ano, uma prova internacional em Portugal, atraindo alguns dos melhores países na modalidade e as inerentes atenções mediáticas, na esperança de que assim surjam mais apoios, oficiais e de empresas. Por outro lado, a AJC está, igualmente, a ponderar vir a ter mais atletas com deficiência em competição para além da Sara Duarte. “Talvez mais dois, para já, um no grau 1 e outro no grau 4” [o grau é indicativo do tipo de deficiência do atleta, sendo esta tanto maior quanto menor for o grau atribuído – Sara Duarte e Ana Veiga (paralisia cerebral) têm graus 1B e 1A, respectivamente, enquanto Maria Quinta (vítima de um acidente que lhe inutilizou o braço direito) concorre no grau 4]. E aquela responsável da AJC não esconde que a iniciativa “Equitação para Todos”, a realizar na quarta-feira, poderá ser já uma forma de avaliar se entre o grupo de participantes estará mais um futuro atleta paraolímpico em potência. “Mas o mais importante é, de facto, dar a conhecer às pessoas com deficiência que, apesar das suas limitações, podem e devem fazer desporto, sendo a equitação uma opção muito benéfica”, conclui Maria de Lurdes, em jeito de repto a uma maior adesão, de pessoas e de apoios, a esta actividade.
quinta-feira, 8 de setembro de 2011
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