Comerciantes desesperados com obras na Estação de Agualva-Cacém, que só terminam em Abril de 2012
Os comerciantes do Largo da Estação de Agualva-Cacém estão desesperados com o atraso na conclusão das obras de requalificação da infra-estrutura ferroviária, agora prevista para Abril de 2012. Com obras à porta desde Janeiro de 2010, e com quebras de vendas na ordem dos "60 a 80%", os cerca de 50 comerciantes admitem recorrer a tribunal com pedidos de indemnização e lançaram mãos à recolha de assinaturas a reclamarem a rápida conclusão dos trabalhos, que deveriam estar concluídos em Agosto último, e a abertura de um acesso pedonal provisório que permita o acesso dos utentes dos comboios ao Largo da Estação. Com o acesso dos utentes a fazer- se através da Rua Elias Garcia, os comerciantes instalados no Largo da Estação, na Rua Afonso de Albuquerque e na Avenida D. Nuno Álvares Pereira, cortadas ao trânsito, vivem um calvário desde que ali decorrem as obras. Mas, se aguentaram o andamento dos trabalhos em nome da requalificação da estação, consideram que chegou a hora de dizer "Basta" perante o atraso das obras, que agora se arrastam com um reduzido número de trabalhadores. "Isto é uma situação insustentável, encontramo-nos num beco sem saída, temos um gradeamento à porta", lamenta Helena Rebelo, em nome da Comissão de Comerciantes da Zona Contígua à Estação de Agualva-Cacém. "Estamos aqui enclausurados", reforça esta comerciante, proprietária da pastelaria/restaurante Minabela, que se queixa de prejuízos mensais causados pelas obras no valor de 30 mil euros. "Como é óbvio, as pessoas deslocam-se, o mínimo possível, para este lado da estação", sublinha a empresária, que aponta que, quando chegar o Inverno, a zona promete transformar-se num autêntico lamaçal. "Tudo tem um limite, tudo tem um prazo e os prazos são para ser cumpridos", sentencia a proprietária da Minabela, que escreveu, em meados de Agosto, à Refer (Rede Ferroviária Nacional) a solicitar uma reunião para expor as suas razões de queixa. A resposta chegou na volta do correio a informar que "a previsão da conclusão da obra foi alterada para o final do primeiro trimestre de 2012". Quanto à abertura de um acesso pedonal provisório para o Largo da Estação, a Refer remetia para "o mais brevemente possível". Esta resposta, para os comerciantes, é muito vaga e "até uma falta de respeito da parte da Refer por tanta imprecisão". O tempo passa e os empresários não vêem uma ‘luz ao fundo do túnel’. "Estamos aqui a falar, mas as contas não esperam e todos nós lutamos por ter as nossas casas abertas. Mas, também não conseguimos aguentar muito mais tempo", adverte esta empresária, que já foi obrigada a encerrar uma papelaria e um ‘cyber’ café. Se outros espaços comerciais também já estão em agonia e foram obrigados a dispensar pessoal, há quem, logo no início das obras, tenha fechado portas. Uma óptica colocou um aviso a advertir que estaria encerrado "por todo o período em que decorrerem as obras de beneficiação da Estação da CP" e remetia os eventuais clientes para a sua loja em Monte Abraão. Os protestos dos comerciantes merecem o apoio da Comissão de Utentes da Linha de Sintra, já que "comerciantes e moradores estão a ser gravemente lesados pelo prolongamento, inexplicável, das obras da estação". Para Rui Ramos, mesmo as últimas previsões de conclusão das obras em Abril de 2012 podem não ser credíveis e "há uma grande preocupação de utentes e comerciantes" pelo arrastamento dos trabalhos. Na passada quarta-feira, além da CULS, também a CDU de Sintra foi ouvir os protestos dos comerciantes. Pedro Ventura, vereador em exercício, prometeu levar o assunto a reunião do executivo municipal e proceder a diligências para que esta questão seja levantada em sede de Assembleia da República (como, entretanto, já sucedeu). "Estranhamos como é que a Refer não aprende com os problemas que vai criando e se repetem", acentua o eleito da CDU,que traçou o paralelismo da situação com o que aconteceu na requalificação da estação de Massamá. Os autarcas da CDU também já apresentaram uma moção em sede de Assembleia de Freguesia de Agualva, que foi aprovada por unanimidade, em que defendem "a abertura imediata de entradas e saídas para os utentes através do Largo da Estação" e "o ressarcimento dos comerciantes" pelos prejuízos que estão a sofrer. A Refer confirmou, entretanto, a conclusão dos trabalhos no final do primeiro trimestre de 2012. Uma fonte da empresa adiantou à Lusa que os atrasos devem-se à "condicionante urbana". "Qualquer intervenção profunda, na infra-estrutura ferroviária, desenvolvida em ambiente urbano, implica inevitáveis e inultrapassáveis transtornos para a população confinante, que naturalmente lamentamos e tentamos obviar", referiu a fonte da Refer.
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