Sessão solene marcada por troca de ‘galhardetes’
Joaquim Raposo recusa-se a acreditar que o Governo queira cortar no apoio às instituições de solidariedade social, depois de terem sido assumidos compromissos durante a governação anterior, mas também que o Estado pondere acabar com o apoio às refeições escolares ou à escola a tempo inteiro. “Estou certo que esta é uma campanha contra o Governo, porque não acredito que o Estado leve as instituições ao suicídio e deixe de apoiar a classe média”, ironizou o presidente da Câmara durante a sessão solene que assinalou o 32.º aniversário do município da Amadora. Durante a cerimónia realizada na noite do passado domingo, 11 de Setembro, nos Recreios da Amadora, Joaquim Raposo salientou que “a Amadora tem vindo a reduzir a gorduras”, mas tem “continuado a apostar no apoio social”. O edil respondia assim ao deputado do CDS-PP, João Paulo Castanheira, que acusou a maioria socialista de gastar dinheiro, em particular, durante “o habitual arraial de obras pré-eleitorais”, referindo- se aos “jardins, canteiros, rotundas e ao restante pechisbeque”, assim como a “‘outdoors’ pagos com o orçamento da Câmara”. No entanto, Raposo rebateu as críticas: “Se o folclore for apoiar a construção de uma unidade de cuidados continuados na Amadora, tenho orgulho desse folclore”. O autarca acrescentou que “a Amadora foi escolhida para a apresentação de um plano nacional de emergência social, porque tem bons exemplos. Mas, não é necessário um plano nacional para apresentarmos ideias e, por isso, vamos continuar a investir nesta área”, garantiu. Sobre a reorganização administrativa do concelho, com a eventual fusão de freguesias, o líder da autarquia concordou com João Paulo Castanheira: “É necessário haver um amplo debate e o maior consenso possível, envolvendo todos os partidos. Isto para que a solução parta daqui e nunca de um gabinete”. Acentuadas as divergências à direita, ficaram também patentes as críticas das bancadas mais à esquerda. Joaquim Raposo até se mostrou bastante “magoado” com o discurso de Inês Alexandre, deputada municipal do PCP. A jovem, de 24 anos, lamentou que a cidade onde sempre viveu e “onde gostava de continuar, esteja a ser transformada num dormitório, onde o emprego é cada vez mais escasso e as oportunidades começam a ser limitadas”. Inês Alexandre afirmou que “a Amadora está, de dia para dia, mais despida de empresas, de comércio local e de pontos culturais onde os jovens se possam divertir”, acrescentando que “é pena chegarmos às 20 horas e a cidade já estar fechada”. “Não há um paraíso entre 1979 (quando foi criado o município) e 1997 (altura em que o PS ganhou pela primeira vez eleições) e a partir daí é tudo um inferno”, retorquiu o edil, para quem a criação do município se deveu “à vontade de todos”. “Todos os autarcas que passaram pelo município fizeram o que acharam melhor para a Amadora”, acrescentou. Por seu lado, Carlos Silva, vereador do PSD, preferiu lembrar que “o movimento associativo é uma das principais riquezas do município”, voltando a considerar que “o processo de parcerias da autarquia é feito de forma fechada e opaca, não aproveitando as mais-valias e o conhecimento de inúmeras associações”. O vereador laranja acredita, porém, que a Amadora necessita de um processo “mais democrático” nesta matéria. Já Manuela Rodrigues, do CIPA (Cidadãos Independentes Pela Amadora), resolveu salientar a importância de “recordar a história do concelho” e a sua “luta pela autonomia”. “Temos que incutir no concelho alma, identidade, ambição e orgulho”, adiantou. Mesmo em tempo de crise, Manuela Rodrigues afirmou que “o papel dos munícipes é essencial”, apelando à participação de todos “pela educação, saúde pública, melhoria do ambiente e questões sociais”. Adão Tavares, do Bloco de Esquerda, também abordou as questões da crise e as políticas do novo Governo. Sobre a Amadora, o bloquista acusou a autarquia de uma política "dúbia", face a um dos maiores problemas do município como é o caso da Cova da Moura. “Nem sempre é notícia na imprensa pelas melhores razões”, adiantou.
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