Aloés e Passagem de Nível são exemplo na cidade
São duas as companhias de teatro com actividade regular no concelho da Amadora, sendo uma delas profissional. O Teatro dos Aloés, criado em 2000, nasceu “da vontade de fazer teatro na periferia de Lisboa”, como explica José Peixoto, actor, encenador e fundador da companhia. O Teatro dos Aloés teve na sua origem num grupo de actores que vinha da Amascultura, antiga associação cultural dos municípios de Loures, Amadora, Vila Franca de Xira e Sobral de Monte Agraço, para a gestão do espaço da Malaposta, em Odivelas. “O teatro precisa de estar ao pé da porta das pessoas”, justifica o encenador, acrescentando que “há o conceito de que a periferia é servida pela criação cultural do centro, mas as pessoas da Amadora precisam de ter uma oferta cultural porque depois do trabalho podem ir a casa desempenhar as suas tarefas e ganham mais tempo para ir depois ao teatro, se ele estiver perto de casa”. Através deste princípio, a companhia de Teatro dos Aloés apresenta a sua programação regular na sala dos Recreios da Amadora, ao abrigo de um protocolo celebrado com a autarquia. “O público começa agora a crescer, não tanto como desejaríamos, gostaríamos de ter um por cento da população da Amadora a vir aos Recreios”, confessa José Peixoto. Embora faça digressões por todo o país, a companhia faz questão de estrear sempre na cidade onde foi criada. “Tentamos cumprir sempre essa regra, já estreámos noutros locais, mas isso depende das parcerias celebradas”, explica José Peixoto. Por estes motivos, o encenador e actor “não vê a necessidade da companhia sair da Amadora”. “Foi aqui que iniciamos e é aqui que continuaremos a fazer o nosso trabalho, embora já nos tenham feito o convite para ir para outros lados”, refere. Com a crise e a incerteza de apoios por parte do Estado a todos os sectores das artes, José Peixoto garante apenas o funcionamento “da companhia até ao final do ano. A partir daí tudo será uma incógnita”. “Ambicionamos um teatro que seja serviço público, como tal deve ser apoiado, sendo que as companhias têm de ter um caderno de encargos e cumpri-lo”, tendo em conta que “o preço do bilhete não paga o espectáculo”. Apesar de amadora, também a companhia de Teatro Passagem de Nível (TPN) se debate com algumas dificuldades. Embora nenhum dos seus membros seja pago pelo papel que desempenha, as receitas de bilheteira não chegam para cobrir as despesas da maior parte das peças. “Os bilhetes custam em média cinco euros”, como faz questão de sublinhar Ricardo Mendes, explicando que há vários encargos com a montagem dos espectáculos que têm que ser suportados pela associação. Criada há 31 anos, dois anos depois da constituição do município da Amadora, a TPN tem um protocolo com autarquia para a gestão do Auditório de Alfornelos. Mas o encerramento do espaço durante cerca de um ano (2010) devido às más condições do edifício fez com que a companhia tenha perdido algum público. “Estamos, desde Setembro de 2011, a voltar em grande força com várias actividades e temos tido uma grande procura pelas peças infantis”, acrescenta Ricardo Mendes. “O público das peças infantis é maioritariamente da zona de Alfornelos, mas quando se trata de peças para adultos temos visitantes de toda a Grande Lisboa”, conclui. Luís Mendes, presidente da associação, considera haver espaço para a existência de teatro amador, no concelho, tendo em conta que “nenhum de nós vive disto, não nos podem exigir o mesmo que a uma companhia profissional”. Neste caso, os apoios financeiros não serão tão exigentes, uma vez que não há ordenados para pagar. No entanto, para permitir a sustentabilidade do projecto, o TPN abre o seu espaço também para festas de aniversários para crianças. A Câmara cede o espaço e paga o condomínio do auditório de Alfornelos, em troca o TPN apresenta uma programação regular e cuida de todo o espaço. Em paralelo são estabelecidas parcerias com outras companhias. Para o TPN,o futuro não será assim tão incerto. O objectivo será conquistar cada vez mais público e isso passará obrigatoriamente por uma aposta na divulgação. Milene Matos Silva
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