À semelhança do que sucedeu com as creches e os lares de idosos, o Governo quer aumentar o número de vagas nas unidades residenciais destinadas a acolher pessoas portadoras de deficiência. A intenção foi revelada pelo ministro Pedro Mota Soares, após a inauguração de uma nova unidade residencial em Mira Sintra e do Pólo do Pendão (Queluz) do Centro de Actividades Ocupacionais do CECD Mira Sintra – Centro de Educação para o Cidadão Deficiente. O responsável governamental, que tutela as pastas da Solidariedade e da Segurança Social, considerou como fundamental o alargamento das vagas das estruturas residenciais, nomeadamente para permitirem o "descanso do cuidador". "Algumas das vagas das estruturas residenciais devem permitir que, no caso de quem cuida de pessoas com um grau de dependência muito elevado, essas pessoas sejam acolhidas, seja porque o cuidador necessita de fazer uma viagem, de gozar férias ou efectuar uma intervenção cirúrgica", advertiu o ministro, para quem, tal como aconteceu com as creches e os lares de idosos, há que ter em conta "bom senso na aplicação das regras" e permitir aumentar o número de vagas disponíveis. Uma medida que surge perante a constatação da insuficiência do número de vagas neste tipo de valência, como se verifica no CECD. A instituição dispõe de cinco unidades residenciais, todas em Mira Sintra, que dão resposta a um total de 30 utentes. A unidade agora inaugurada, em instalações cedidas pelo município sintrense, acolhe sete utentes e "veio substituir uma existente no Pendão que não correspondia às exigências legais", salienta Carina Conduto, directora-geral da instituição. "As unidades residenciais são, efectivamente, uma grande lacuna não só para dependentes, mas também para autónomos, porque, se promovemos o emprego e a formação, e, por outro lado, perante a ausência da família, não satisfazemos necessidades básicas como a habitação e a alimentação, não conseguimos dar a plena cidadania a determinada pessoa", frisa a responsável do CECD,que alerta ainda para a lacuna existente ao nível do serviço de apoio domiciliário. "O que temos identificado, quer em Mira Sintra, quer no Pendão, é que existe a necessidade de aumentar o serviço de apoio domiciliário que, muitas vezes, evita a institucionalização das pessoas. Nós temos essa capacidade, através dos refeitórios que temos, agora faltam os acordos com a Segurança Social", salienta Carina Conduto. Com 36 anos de actividade em prol das pessoas com deficiência, promovendo os seus direitos e melhorando a sua qualidade de vida, o CECD Mira Sintra reforçou também a oferta ao nível de actividades ocupacionais, com o Pólo do Pendão a dar resposta a mais 60 utentes, jovens e adultos, maiores de 16 anos, com deficiência intelectual ou multideficiência, no sentido de "promover e maximizar o desenvolvimento da sua autonomia pessoal e social" e "o bem-estar individual, respeitando as necessidades especiais, com vista a uma melhor integração sociofamiliar e comunitária". Para o efeito, no Pólo do Pendão, os utentes vão poder desenvolver actividades ligadas à área da olaria, desporto, movimento e drama, cabeleireiro, tecnologias de informação, entre outras, divididas pelos quatro pisos do novo equipamento, construído também pelo município e inicialmente destinado a centro comunitário. A autarquia respondeu ao repto do CECD que necessitava de alargar a respectiva valência de actividades ocupacionais, que se limitava à casa-mãe da instituição, em Mira Sintra, onde dá resposta a 116 utentes. "É um dia muito especial para todos quantos constituem o CECD Mira Sintra, para as famílias, os profissionais e, sobretudo, os clientes da nossa casa, porque conseguimos, mais uma vez, concretizar um sonho", destacou a presidente da direcção da instituição, Carmen Duarte. Na inauguração do equipamento, Marco Almeida lembrou o desafio efectuado à instituição, "que nos disse logo que sim, sem ligar aos constrangimentos do edifício". "O CECD foi, de facto, uma porta aberta para aquilo que era também o anseio da Câmara de Sintra", salientou o vice-presidente do município, que realçou estarmos agora perante "um equipamento que serve a população, um equipamento cheio de afectos". João Carlos Sebastião
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