É nos concelhos de Amadora e Sintra que se regista o maior número de infecções do país
A partir de Maio, o Hospital Fernando Fonseca, que abrange a população dos concelhos da Amadora e Sintra, passa a ter a funcionar um Centro de Atendimento e Diagnóstico de VIH/SIDA. Aberto apenas aos sábados, entre as 10 e as 18 horas, o centro vai permitir realizar testes rápidos de forma a garantir o diagnóstico precoce da doença. Isto porque, de facto, descobrir a infecção atempadamente faz toda a diferença, lembra Etelvina Calé, delegada de Saúde Adjunta do ACES (agrupamento dos Centro de Saúde) da Amadora. “Hoje em dia, o VIH/SIDA já é considerada uma doença crónica, como a diabetes e a hepatite. Pode viver- se com ela desde que se adoptem comportamentos correctos, porque é de facto uma doença crónica controlável e é preciso que não se transforme numa doença fatal”. Segundo esta responsável, que falou no âmbito da apresentação de uma campanha de sensibilização em Sintra, com o tema “Não Acontece só aos Outros”, enquadrado no projecto “Todos nós VIH” e que pretende demonstrar que qualquer um pode ser passível de ficar infectado, “quanto mais tarde for o diagnóstico, mais complicado é o tratamento, mesmo até financeiramente”. Nesta acção Clara Pais, do Conselho Local de Acção Social de Sintra (CLAS) relembrou que “há cerca de 4 ou 5 anos, tivemos no concelho de Sintra uma unidade móvel para o rastreio de testes rápidos, mas ficámos muito aquém dos números que pensávamos vir a receber. Estudámos, na altura, os locais mais reservados para colocar a unidade, mas a procura foi efectivamente muito baixa”. A responsável acredita por isso que a abertura do novo Centro no Hospital Amadora-Sintra traga mais resultados, já que passam por ali milhares de pessoas. A opinião é partilhada por Paula Simões, vereadora responsável pela Acção Social da Câmara de Sintra que relembrou que “a doença está um pouco relacionada com o sentimento de vergonha, já que se associa a comportamentos moralmente não aceites, e por isso talvez o Hospital seja o local ideal para fazer uma despistagem, já que qualquer um de nós pode entrar ali por causa de uma dor de garganta ou para fazer o rastreio, sem que seja olhado por isso”. “A prevalência do VIH/ SIDA nos concelhos de Amadora e Sintra é superior ao resto do país em mais de 0,3%”, contou Etelvina Calé revelando que para além de haver muitos casos de diagnóstico tardio, há ainda outro problema denominado “Lost to Follow-up”, já que são muitos os que depois de serem diagnosticados nunca mais aparecem. “Em 2009/2010, 19% dos doentes (cerca de 95 pessoas) desaparecem por completo, não se sabe onde estão, o que significa que andam por aí a contagiar”. Agora, neste novo centro de testes rápidos, que entre fazer o teste e saber o resultado, os utentes não perdem mais de 20 minutos, as pessoas são imediatamente acompanhadas e reencaminhadas de modo a não deixar ninguém desamparado. O pico de incidência das infecções acontece na faixa etária dos 30 aos 50 anos e Etelvina Calé revela ainda que há cada vez mais infecções quase na terceira idade, a partir dos 60 anos. “Temos muitos casos de senhoras que só descobrem que estão infectadas quando o marido morre”, reforçou a técnica de saúde. Ana Raquel Oliveira
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