Duas médicas colombianas prestam serviço na Unidade de Saúde da Tapada das Mercês
A médica colombiana Rosa Castaneda trocou as urgências do hospital de Bogotá pelo Centro de Saúde de Algueirão-Mem Martins, em Abril de 2011. Um ano depois, a língua não é uma barreira e só o sotaque marca a Agrupamento de Centros de Saúde de Algueirão-Mem Martins e Rio de Mouro, inaugurada em Fevereiro, com capacidade para 12 mil utentes, foram colocadas duas médicas contratadas à Colômbia. Nesta urbanização da maior freguesia do país, onde moram cerca de 20 mil pessoas, a população já está habituada a conviver com as barreiras linguísticas das 20 nacionalidades diferentes que ali coabitam e não estranham o sotaque, que alguns até consideram "engraçado", das duas médicas. Para Rosa Castaneda, as diferenças entre os dois países são poucas, mesmo que a troca tenha englobado deixar um serviço de urgências da capital
colombiana, Bogotá, onde moram oito milhões de pessoas, por uma lista de 1500 utentes. "Este é um trabalho de medicina familiar, onde temos muitos pacientes. Tem sido um trabalho muito bom e temos todos os recursos para trabalhar. A única diferença é a cultura, mas um paciente é um paciente", disse amédica à Lusa. Quanto à barreira linguística, Rosa Castaneda adiantou que, se no início até foi um"bocadinho complicado", agora já compreende os utentes e já se faz entender na perfeição, mesmo que, para isso, tenha de explicar mais vezes as situações. A médica faz um balanço positivo da experiência de um ano no nosso país e conta com o apoio de muitos utentes, que confidenciaram à Lusa preferir os cuidados desta colombiana de 31 anos, que escolheu Portugal por se tratar de um novo desafio profissional. Fernando Aleixo era, até há poucos meses,
um dos 46 mil utentes do ACES de Algueirão-Mem Martins/Rio de Mouro sem médico de família. Foi-lhe atribuída a médica Rosa Castaneda e agora diz que "foi uma sorte". "Não desfazendo os outros médicos que tive, esta é doce, é carinhosa e é preocupada", diz Fernando Aleixo, que enfrenta há vários meses um problema oncológico. "Tive sorte em todos os aspectos. Pela sua simpatia, profissionalismo e coração enorme", prosseguiu. Vanessa Pereira é utente de uma médica portuguesa, mas já foi "atendida por uma das colombianas" e disse à Lusa que gostaria de trocar de médica de família. "As (duas) doutoras que estão cá têm outros cuidados que, se calhar, os médicos portugueses não têm connosco. Analisam tudo ao pormenor e são mais simpáticas. Aconteceu-me já, por diversas vezes, entrar no consultório e o médico (português) passar a receita e nem sequer olhar para mim", disse. De acordo com a presidente do conselho clínico do ACES, Teresa Costa, a experiência que contemplou a vinda de médicos colombianos para Portugal tem sido "muito positiva". "Esta situação veio melhorar muito a acessibilidade dos nossos utentes. O nosso agrupamento tem 123 mil inscritos, cerca de 46 mil sem médico de família, e isto veio minimizar um pouco esta situação", disse a responsável à agência Lusa. Quanto às barreiras linguísticas, Teresa Costa afirma que já não existem e que os médicos se adaptaram muito bem ao serviço em Portugal, onde acabam por ter mais recursos do que na Colômbia.
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