terça-feira, 25 de outubro de 2011

TAPADA DAS MERCÊS Unidade de saúde continua adiada

Ver edição completa Instalações estão prontas há cerca de dois anos A Unidade de Saúde Familiar (USF) da Tapada das Mercês continua no papel, quase dois anos após a conclusão das obras de adaptação de um imóvel, com acesso pelo n.º 40 da Rua Professor Rui Luís Gomes, onde funcionou o Gabinete de Apoio ao Munícipe e que chegou a acolher uma escola primária. Uma situação que merece a indignação da população e do presidente da Junta de Freguesia de Algueirão-Mem Martins, Manuel do Cabo, que acusa a Administração Regional de Saúde de Lisboa e Vale do Tejo (ARSLVT) de passividade em todo este processo. "Os habitantes da Tapada das Mercês estão fartos das promessas feitas pela ARSLVT", acentua o autarca, que lamenta o adiamento da abertura das instalações, "prontas para entrarem em funcionamento". As instalações chegaram a ser visitadas pelo então ministro da Saúde, Correia de Campos, que, já nessa ocasião (em 2008), aludia "à premente urgência para a abertura das mesmas". Mas, desde então, não houve uma evolução a contento das necessidades da população da urbanização da Tapada das Mercês. "Passado este tempo, procederam-se às obras necessárias, equipou-se o espaço e, lamentavelmente, as instalações continuam de portas fechadas", lamenta o autarca de Algueirão-Mem Martins, que convocou a comunicação social, na manhã da passada sexta-feira, para dar conta do descontentamento em relação ao Ministério da Saúde. Para Manuel do Cabo, a solução passa pela abertura de concurso para o preenchimento do quadro clínico da USF da Tapada das Mercês, que permitiria a entrada em funcionamento do equipamento, "que dispõe de 15 gabinetes", e dotar 30 mil pessoas de profissionais de saúde na sua área de residência. O autarca exige que o problema seja resolvido em breve, até porque, em recente intervenção na Assembleia da República, o ministro Paulo Macedo anunciou que cerca de 60 USF estariam em condições de abrir portas. "Resta-nos ter esperança que a USF da Tapada das Mercês possa figurar nessa lista", reforça o autarca. Actualmente, os moradores da Tapada das Mercês são obrigados a recorrer a um centro de saúde com deficientes condições físicas e com os incómodos resultantes da deslocação ao centro da freguesia. A esmagadora maioria sem médico de família, dado o défice de profissionais de saúde. A denúncia da situação foi acompanhada por representantes de algumas instituições que trabalham de perto com a comunidade da Tapada das Mercês, assim como por elementos da comissão instaladora da Associação de Moradores. Armando Vasconcelos, coordenador da área de saúde e higiene, lamenta que as entidades oficiais continuem sem dar uma resposta à população da urbanização."Há uma dificuldade tremenda na área da saúde na Tapada das Mercês", lamenta este morador. Também o vice-presidente da comissão instaladora da Associação de Moradores, José Lopes, enuncia a premência da abertura da USF, até porque "a maior parte" da população não dispõe de médico de família. "A minha família está incluída nesse grupo que não tem médico de família. E as pessoas têm de ir para o Centro de Saúde de Algueirão-Mem Martins, de madrugada, para ver se têm uma vaga para uma consulta", frisa José Lopes. Morador na urbanização há mais de 30 anos, também José Esteves não tem médico de família há cerca de três anos. Uma unidade de saúde na urbanização seria "uma autêntica maravilha". "Toda a gente anseia por isso porque o Centro de Saúde está entupido", salienta este munícipe, que estima que "dois terços" dos 30 mil habitantes da urbanização não disponham de assistência médica. "Ansiamos que haja aqui uma unidade de saúde. A Administração Regional de Saúde tem de olhar para a Tapada das Mercês porque estas instalações são muito boas", reforça José Esteves. Autarcas e população continuam sem esclarecimentos da parte dos responsáveis da ARSLVT. Há cerca de quatro meses, na inauguração de instalações no Agrupamento de Centros de Saúde (ACES) de Algueirão-Rio de Mouro, o vice-presidente da ARSLVT, Luís Afonso atribuiu o atraso na abertura da USF a "algumas vicissitudes". "Havia um grupo de profissionais de saúde, que estava para ir para aquelas instalações, que entretanto desistiu, e que nos obrigou a remodelar as nossas orientações". Sem se querer comprometer com um prazo para a entrada em funcionamento, o responsável da ARSLVT apenas garantia que, "brevemente", seria efectuada uma reorganização ao nível do ACES Algueirão-Mem Martins e que a unidade de saúde da Tapada das Mercês seria aberta. Mas, até hoje, tudo continua de portas fechadas.

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