quinta-feira, 6 de outubro de 2011

ORQUESTRAS GERAÇÃO Combate à exclusão social através da música

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Amadora foi pioneira no arranque de um projecto que já envolve mais de 500 crianças São já mais de 500, as crianças que frequentam as Orquestras Geração criadas em todo o país, mas a Amadora foi pioneira na criação deste projecto, no bairro de realojamento da Boba, em São Brás. O balanço “positivo” feito pela vice- presidente da autarquia, Carla Tavares, já levou a criar mais três orquestras no concelho. O projecto Orquestras Geração surgiu há quatro anos, numa parceria entre a Fundação Calouste Gulbenkian e a Câmara da Amadora, financiado pelo programa comunitário EQUAL. Partindo do modelo do Programa das Orquestras Sinfónicas Infantis e Juvenis da Venezuela, a primeira orquestra surgiu no Casal da Boba. “No início era a Câmara que pagava os professores. Só mais tarde surgiu a parceria com o Ministério da Educação, através do Conservatório de Música, que coloca os professores, e com a fundação EDP”, refere a vice-presidente também responsável pelo pelouro da Educação na Câmara da Amadora. À autarquia cada orquestra custa por ano cerca de 35 mil euros, mas em todos os projectos foram encontrados parceiros para financiar o investimento inicial de aquisição dos instrumentos, alguns dos quais chegam a custar mais de 500 euros. A vereadora lembra o arranque do projecto levado a cabo com muita “carolice”, mas que até agora conseguiu alcançar dois objectivos: “Se, por um lado, melhora o aproveitamento escolar, por outro, criámos na comunidade um sentimento de pertença através do orgulho que sentem quando acompanham as suas crianças nos concertos”. Para Carla Tavares, a entrada do Ministério da Educação neste projecto foi muito importante. “Um dos pressupostos do projecto era dinamizar o espaço escolar, porque oferecer as melhores condições de recursos e de instalações”, afirma. Desde 2007, já surgiram na Amadora as Orquestras Geração da Boba, Zambujal, Casal da Mira (Dolce Vita) e, mais recentemente, no agrupamento de Escolas Pedro D’Orey da Cunha, na Damaia. A orquestra Dolce Vita funciona com um sistema de financiamento à parte, não sendo o Ministério a colocar os professores. No Zambujal, através do agrupamento de escolas Almeida Garrett, a orquestra vai entrar no seu terceiro ano de vida. Ao todo são 46 alunos que frequentam a orquestra, sendo que “o grosso dos alunos é do bairro do Zambujal”, refere Bruno Santos, coordenador da Orquestra. Este responsável acrescenta que o balanço “é muito positivo”.“Em apenas uma semana estas crianças deram três concertos”, acrescenta. Para celebrar o Dia Mundial da Música, que se assinala a 1 de Outubro, a Orquestra Geração do Zambujal deu o seu terceiro concerto da semana, na sexta-feira, 30 de Setembro, na Escola Básica e Jardim-de-Infância Alto do Moinho. Um ligeiro atraso fez com que o público fosse pouco, mas nem assim o entusiasmo foi menor. Maria Costa, 10 anos, foi umas das primeiras crianças a integrar a Orquestra, em 2009. Passou a gostar muito mais de música desde essa altura. Com o seu violoncelo confessa que os melhores momentos “são os concertos”, em particular, “os que acontecem em salas importantes, como a Aula Magna”. Em casa todos gostam de a ouvir tocar, mas reconhece que, se não fosse o projecto, os pais “não teriam dinheiro para comprar este instrumento”. Para o professor Ricardo Tapadinhas o trabalho desenvolvido com estas crianças é muito importante, porque “as crianças reconhecem os valor dos instrumentos e dá-lhes responsabilidade”. O professor acrescenta que, “mais do que ensinar estas crianças a serem génios da música, o que se pretende é que haja uma maior inclusão social”.

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