quarta-feira, 19 de outubro de 2011

FESTIVAL INTERNACIONAL DE BANDA DESENHADA DA AMADORA Humor para combater a crise

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22.ª edição propõe boa disposição para enfrentar constrangimentos orçamentais
Porque “rir é o melhor remédio”, como diz o ditado popular, este ano o Festival Internacional de BD da Amadora, que decorre de 21 de Outubro a 6 de Novembro, propõe uma viagem pela história do mundo aos quadradinhos através do humor. Em tempos de crise, Nelson Dona, director do certame, considera “ser esta a melhor forma de contribuir para uma atitude positiva” a fim de “superar os tempos difíceis que os portugueses atravessam”. Dificuldades sentidas também pela direcção do festival que dispõe, nesta edição, de um orçamento de 575 mil euros, “menos um terço do que em anos anteriores”. No entanto, o Festival de BD tentou “manter a mesma qualidade na programação”, como assegura Nelson Dona. “Conseguimos reduzir o orçamento, sobretudo, devido à redução do valor dos trabalhos,mas também na logística e produção. Entendemos usar os mesmos materiais do ano passado e só comprámos o estritamente necessário. Todos os contratos foram negociados um a um, como a segurança, transporte ou serviços de limpeza permitindo menos gastos”, adiantou o responsável. Um trabalho acrescido que “rouba tempo, mas tinha de ser feito porque não poderíamos baixar os níveis artísticos”, garantiu. Mas o tema do humor não foi apenas escolhido como forma positiva de encarar a crise. Segundo Nelson Dona, “escolhemos este tema para celebrar também o centenário da criação da Sociedade dos Humoristas, em 1911, que quis fazer face aos caricaturistas que vinham do final do século XIX”, mas também por ser “um dos temas mais importantes da Banda Desenhada”. A 22.ª edição do festival vai continuar a apostar na emergência de uma nova geração de autores nacionais. “A BD portuguesa do ponto de vista artístico é muito boa e, por isso, faremos questão de o sublinhar”, assumiu o director. A imagem do festival foi entregue ao jovem Filipe Andrade, que tem trabalhado no último ano com uma editora nos Estados Unidos da América. O festival associa-se também às comemorações dos sessenta anos dos Peanuts, uma das séries que revolucionou a história da BD internacional, criada por Charles Schulz, e protagonizada pelas míticas personagens Charlie Brown e Snoopy, com uma exposição que irá integrar obras inéditas do autor. Para o ano, apesar da autarquia se mostrar disponível para apoiar mais uma edição do festival, “a Deus, o futuro pertence”, como sublinhou o vereador da Cultura na Câmara Municipal da Amadora, António Moreira. O responsável referia-se à situação que o país vive e, independente da vontade da autarquia, os constrangimentos orçamentais para 2012 podem ditar a suspensão do festival. Nelson Dona diz estar consciente desta realidade, no entanto, garantiu que apesar disso a próxima edição está já a ser preparada. Tal como nos últimos anos, o Fórum Luís de Camões receberá o núcleo central do festival, mas o certame volta a ocupar outros espaços da cidade. Os Recreios da Amadora, a Galeria Municipal Artur Bual, a Casa Roque Gameiro, o Centro Nacionald de Banda Desenhada e Imagem, a Biblioteca Municipal Fernando Piteira Santos, a Escola Superior de Teatro e Cinema e, este ano, pela primeira vez, o Museu Municipal de Arqueologia vão acolher várias exposições ligadas à BD. Os bilhetes custam 3 euros, mantendo-se o valor do ano passado. A entrada é gratuita até aos 12 anos e para escolas do concelho da Amadora. Haverá um desconto para pensionistas e idosos, munícipes da Amadora e funcionários do concelho. Haverá entradas de borla para todos aqueles que apareçam mascarados de personagens de BD ou com umas cuecas na cabeça, aludindo ao cartaz deste ano. “Não queremos brincar com a situação do país, mas queremos que o público esboce um sorriso, contribuindo com uma atitude positiva”, concluiu o responsável do festival. A Amadora BD abre portas todos os dias às 10 e encerra às 20 horas, excepto sexta-feira e sábado que termina às 23 horas.

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