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Comissão de Utentes do Concelho de Sintra revela que faltam 74 profissionais de saúde
O número de utentes sem médico de família continua a crescer e, segundo o último levantamento efectuado junto dos agrupamentos de centros de saúde, já atinge 135 mil pessoas. Os dados foram revelados pela Comissão de Utentes da Saúde do Concelho de Sintra (CUSCS) que, no passado domingo, promoveu uma tribuna pública em Queluz, no Parque Urbano Felício Loureiro, sob o lema "A Saúde em Sintra, Um Direito de Todos, Uma Exigência Imediata". Além da tribuna pública, a iniciativa contou com a realização de rastreios gratuitos, através da colaboração da Farmácia Baião Santos e da Policlínica de Monte Abraão. Ainda e sempre com a exigência da construção de um hospital público no concelho, dada a sobrecarga populacional sobre o Hospital Fernando da Fonseca, os responsáveis da CUSCS não esquecem a grave situação dos cuidados primários de saúde. Se em 2008 havia 124 mil utentes sem médico de família, os números mais recentes são ainda mais gravosos para a população. Num total de 433 mil inscritos, 134 585 não dispõem de médico, com o Agrupamento de Centros de Saúde (ACES) Algueirão-Rio de Mouro no topo (70 778 utentes sem médico), seguido do ACES Cacém-Queluz (44 920) e do ACES Sintra-Mafra (18 887). Perante estes números. é possível concluir que faltam 74 médicos de família nos centros de saúde do concelho, que dispõem de 164 profissionais e uma média de 1820 utentes por cada médico. Lacunas que preocupam a CUSCS, como reconhece António Carrasco, que exige uma resposta imediata por parte do Ministério da Saúde para pôr cobro a este drama. "É indispensável modificar esta gravíssima situação do concelho de Sintra em termos de défice de médicos de família", sublinha o responsável da CUSCS, que acusa o Ministério da Saúde de "autismo político". As reivindicações dos utentes do concelho de Sintra são remetidas ao ministério, "mas não há qualquer resposta". Quanto às garantias de que a situação tende a melhorar com o funcionamento das unidades de saúde familiar, como as que existem em Massamá, Mira Sintra ou São Marcos, António Carrasco contrapõe que essas unidades foram apetrechadas de médicos à custa dos tradicionais centros de saúde, ou seja, "a manta é curta: quando se tapa de um lado, vai-se destapar do outro". Após o Verão, a CUSCS vai continuar com a realização de "iniciativas de debate e de discussão dos problemas da saúde em todas as freguesias", no sentido de reforçar ainda a exigência da construção de equipamentos em Queluz, Belas, Agualva, Rinchoa/Fitares, Tapada das Mercês e Almargem do Bispo. Durante essas iniciativas, será promovida a recolha de assinaturas para "a exigência de um calendário objectivo, directo e claro, por parte do Governo e da Administração Regional de Saúde, para a construção de um hospital público no concelho de Sintra, com 350 camas e dotado de todas as valências que permitam dar resposta às carências em termos de cuidados de saúde". "Não podemos continuar a ser indolentes, a fazer de conta que este é um problema que se resolverá em seu tempo", sublinha António Carrasco, que sublinha a premência da unidade hospitalar até pelo envelhecimento da população e consequente agravamento do estado de saúde. Para a CUSCS, a saúde não pode ser olhada como um custo, mas como um factor de investimento no desenvolvimento do país. "Imagine-se a melhoria, por exemplo, ao nível da produtividade, quando as pessoas não tiverem de esperar 12 horas por uma consulta de urgência num hospital. 12 horas são 12 horas de trabalho que se perdem", acentuou ainda António Carrasco.
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