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Moradores indignados com impacto crescente da obra
Para além da contestação feita a toda a obra do fecho do último troço da CRIL (Circular Interna Regional de Lisboa), que vai ligar a Pontinha à Buraca, os moradores da Damaia de Baixo, deparam-se agora com a construção de um Posto de Transformação de Electricidade, ao nível de um primeiro andar. Quem ali reside mostra-se indignado, mas esta é apenas uma das muitas queixas ao longo do traçado. Com as obras da CRIL a avançarem, os impactos começam a surgir. Na Damaia de Baixo, a contestação é unânime. Um edifício que está a ser erguido entre a CRIL e os prédios, na avenida Alves Rodol, está a provocar uma forte contestação por parte da população, que já se sente lesada com a construção do túnel elevado que tem um efeito barreira entre as freguesias da Damaia (Amadora) e Benfica (Lisboa). “Dizem-nos que isto será um posto de transformação, mas construíram-no no meio da estrada, sem que haja sinalização”, adianta António Santos, ali morador há 36 anos. Este residente alega que “podiam ter enterrado o PT”. “Isto é como o muro que construíram entre as duas freguesias, há pessoas que atravessavam esta zona há mais de 60 anos e agora tem umas escadas íngremes que dificulta a passagem da população idosa”, lamenta. António Santos considera ainda que “com as obras foram retirados lugares de estacionamento aos moradores e não sabemos se nos devolvem esses lugares”. Uma outra moradora que não se quis identificar, queixa-se que a CRIL “ainda não está concluída”, mas há muito que se sente “afectada”. Esta residente à medida que fala aponta para norte onde a inclinação do túnel “mais parece uma pista de esqui”. Sem a habitual ligação ao bairro de Santa Cruz de Benfica por causa da construção do túnel à superfície, “não sabemos como vamos atravessar para o outro lado quando as obras terminarem”. A Comissão de Moradores da Damaia de Baixo continua a reiterar que o projecto da CRIL “é uma obra ilegal” porque “fizeram um projecto na prática que viola o Estudo de Impacte Ambiental (EIA)”, afirma Fátima Cardina. “Para além do ruído, da poluição, tornando esta zona impossível para se viver, ainda estão a construir uma subestação eléctrica ao nível de um primeiro andar”, contesta. Queixas na Venda Nova Mas queixas prolongam-se ao longo do traçado. A Associação de Moradores da Venda Nova está, desde Março, a tentar agendar uma reunião com a empresa Estradas de Portugal, dona da obra, para levar algumas reivindicações dos residentes afectados, nomeadamente, fissuras em prédios, passeios sem acesso a cadeiras de rodas e escoamento de águas do túnel. Mas de acordo com Vasconcelos Forra, presidente da associação, o mais grave é “os castelos do lado norte que compõem o edifício das Portas de Benfica estão enterrados, um local de interesse histórico e que tanto lutámos para que não fosse coroado com um viaduto, está agora neste estado”. Este responsável teme ainda o que será feito na rotunda onde está isolado do edifício da Alfândega. “Este espaço deve levar uma finalização condigna, queremos saber o que será feito aqui”, acrescenta Vasconcelos Forra, esclarecendo que as Portas de Benfica é o último exemplo da construção das alfândegas de Lisboa que datam de 1890. Como até ao momento não receberam qualquer resposta por parte das Estradas de Portugal para a marcação de uma reunião, o presidente da associação direccionou o seu pedido para a comissão de acompanhamento das obras CRIL criada no seio da Assembleia Municipal da Amadora. No entanto, esse pedido de reunião foi rejeitado pela maioria dos votos do Partido Socialista, que detém a maioria naquele órgão e na Câmara Municipal.
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