quarta-feira, 27 de abril de 2011

FALAGUEIRA Loja de Emergência Social apoia população

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Trabalho de parceria garante bens alimentares e de primeira necessidade a uma centena de famílias A funcionar no Mercado da Falagueira, a Loja de Emergência Social presta apoio a cerca de uma centena de famílias, através da distribuição de alimentos de primeira necessidade. Um trabalho da “verdadeira rede” da Comissão Social de Freguesia, como faz questão de sublinhar o presidente da junta, Manuel Afilhado Rodrigues. Todas as terças e quintas, Cecília Alves vem de Lisboa para abrir esta loja de cariz solidário. Ameio do dia já há oito pessoas a levar para casa leite, conservas, massa, arroz ou pão. No final, chegam a ser vinte as famílias beneficiadas. Cecília Alves é voluntária da associação Laços e Afectos, que põe em funcionamento esta loja. Reformada, depois de dez anos sem emprego, resolveu dedicar-se à causa de ajudar os outros e sentir-se útil. Dela depende o funcionamento da loja desde a recepção à entrega dos bens alimentares. Os alimentos chegam de toda a parte: dos excedentes dos supermercados, do Banco Alimentar, assim como da recolha feita pela junta de freguesia e dos donativos de particulares. Tudo serve para ajudar cerca de cem famílias sinalizadas pela assistente social da Junta de Freguesia da Falagueira. Até a horta pedagógica do ATL da junta de freguesia, embora “com pequenos donativos, como ovos e alguns produtos hortícolas”, contribui para ajudar esta loja. São ainda investidos,mensalmente, 600 euros por parte da junta, para que as famílias se possam abastecer no Mercado. Em troca do valor das senhas atribuídas, os comerciantes pagam a renda das bancas. Mas a “rede”, não fica por aqui. Mesmo ao lado, num espaço também cedido pela junta de freguesia funciona a Loja Social, onde se pode comprar tudo a preços simbólicos. Os vários objectos, deste artigos de decoração a peças de roupa, doados por particulares, são vendidos entre 50 cêntimos e 10 euros. “Tudo reverte a favor da Loja de Emergência Social”, como refere Manuela Dias, também voluntária da Associação Laços e Afectos. As duas lojas abriram portas no dia 21 de Setembro de 2010. Para o presidente da junta de freguesia, Manuel Afilhado Rodrigues (na foto ao lado), “este é um verdadeiro trabalho de parceria, desenvolvido pela Comissão Social de Freguesia”. O autarca espera alargar ainda mais o projecto para o antigo espaço dos SMAS da Falagueira, onde pretende abrir uma loja dedicada a receber mobiliário e electrodomésticos. “Já temos muitas coisas, neste momento amontoadas no armazém da junta”, conclui.

quinta-feira, 21 de abril de 2011

CRUZ QUEBRADA Passeios da Conde Tomar podem ficar sem carros

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Parque de estacionamento da Faculdade de Motricidade Humana é uma das hipóteses Os moradores da Calçada Conde de Tomar, na Cruz Quebrada, poderão ver os seus problemas de estacionamento resolvidos a breve prazo. Actualmente, os condutores vêem-se obrigados a deixar as viaturas ao longo daquela artéria, íngreme e estreita, ocupando as bermas reservadas aos peões. Ciente deste problema, a Junta de Freguesia está a tentar resolver a questão através de duas soluções possíveis, ambas envolvendo a Faculdade de Motricidade Humana (FMH). Uma delas diz respeito à possibilidade de vir a ser disponibilizado um parque de estacionamento da faculdade, que está vago durante a noite, a troco de uma taxa. “A direcção da FMH está a averiguar se essa hipótese é viável em termos jurídicos”, informa o presidente da Junta da Cruz Quebrada-Dafundo, Paulo Freitas do Amaral. Outra solução passa pela recuperação para uso público de um antigo caminho pedonal que outrora ligava a Rua Casal dos Netos aos prédios habitacionais da Calçada Conde de Tomar e que foi absorvido pela expansão das instalações da FMH em 1992. Também neste caso “há muita abertura da parte do senhor reitor da FMH e a questão está apenas em saber, junto do Ministério da Educação, se a faculdade tem autonomia para resolver a situação”. “Esse caminho facilitaria muito a resolução do problema, pois os moradores poderiam deixar o carro na Rua do Casal dos Netos (junto ao externato ali existente) e seguir para casa, a pé, por esse trilho, caso o mesmo seja disponibilizado”, explicou ao JR Paulo Freitas do Amaral. O autarca está, de momento, a aguardar por mais informações sobre estas alternativas e espera ter novidades para prestar aos moradores da Calçada Conde de Tomar durante uma reunião já marcada para o próximo dia 10 de Maio, e para a qual a Junta convoca os interessados, informando que a mesma se realizará a partir das 21h00, no Centro Intergeracional (Rua Policarpo Anjos, no Dafundo).

JOAQUIM BENITE 40 anos dedicados ao teatro

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‘Nunca fiz um teatro de proselitismo político’ Director da Companhia de Teatro de Almada e mentor do Festival de Teatro de Almada, Joaquim Benite comemora no próximo dia 24 de Abril 40 anos de carreira. Reconhece que o seu trabalho deixa uma marca na cultura mas o grande desafio será a próxima peça que irá encenar; e depois… a seguinte. Diz que tem a carreira “normal” de um homem de teatro. Um homem que “persiste”, que “passa por muitas agruras” e “tem de vencer obstáculos”. É assim que Joaquim Benite interpreta o texto que escreveu ao longo destes 40 anos como encenador e autor. Um percurso que levou o director da Companhia de Teatro de Almada pela obra de Saramago a Shakespeare, Virgílio Martinho a Albert Camus, passando por Almeida Garrett, Moliére, Marguerite Duras, Raul Brandão, Samuel Beckett, Bertolt Brecht entre tantos outros autores que traduziram a sociedade em cultura. Mas tudo começou com o autor argentino Agustin Cuzzani. A 24 de Abril de 1971, Joaquim Benite e um grupo de jovens actores acabavam de formar o Grupo de Campolide e estreavam “O Avançado de Centro morreu ao amanhecer”. Uma peça em que o encenador veio a reconhecer uma “espantosa coincidência”, três anos depois. “No palco havia um calendário que remetia a acção para um tempo futuro. No calendário, esse dia era 24 de Abril de 1974”, conta. E o homem que já atravessou a carreira de jornalista e crítico de teatro, entre os anos 60 e 70, sabe, de facto, reconhecer os sinais da sociedade e colocar esses dias no palco. Em 1973, conjuntamente com Virgílio Martinho, Benite encenava a peça “Filopopulos”, um texto sobre a queda de um ditador. “Tivemos de sair da sala do Grupo de Campolide, que só tinha 200 lugares, para as Belas Artes, com 2 mil lugares”. E “quando foi a revolução reconheciam-me como o encenador dessa peça”, lembra. Com esta peça teve outro momento marcante, desta vez na Baixa da Banheira. “Quando a peça terminou não ouvi palmas. Estranhei. E quando olhei para a plateia estavam 400 pessoas levantadas, em silêncio, de punho erguido”. Dias antes tinham havido prisões naquela freguesia da Moita. A mesma actualidade acontece em 1978, quando o Grupo de Campolide – que se tinha profissionalizado um ano antes com a peça “1383”, no Teatro da Trindade – vem para Almada e adopta o nome de Companhia de Teatro de Almada. Em cena tem a peça “Aventuras de Till Eulenspiegel”, de Charles Coster, que remete para o universo da resistência. Nessa altura Portugal preocupava-se com a independência nacional; o Fundo Monetário Internacional (FMI) tinha acabado de chegar, pela primeira vez, à nossa economia (1977). Mesmo hoje, altura em que ninguém sabe como vão doer os apertões da ajuda externa, e mais uma vez com o FMI por cá, Benite tem em palco a “Mãe”, de Brecht, em que se fala dos despedimentos e salários em atraso. A peça estreou na passada quinta- feira e “várias pessoas já disseram que podia ter sido escrita hoje”, refere. Mas Benite garante: “Não sou um encenador que fala de forma directa à sociedade através do meu trabalho. Os espectáculos que faço procuram que as pessoas pensem”. E acrescenta: “Nunca fiz um teatro de proselitismo político a dizer qual é a mensagem. As pessoas têm de reflectir sobre as coisas”. Para o director da Companhia de Teatro de Almada, o teatro deve assim “contribuir para o desenvolvimento da consciência do espectador”. E foi também para este abrir de portas ao pensamento que, em 1984, promove a primeira mostra de teatro em Almada. Um sucesso que rapidamente passou do Beco dos Tanoeiros para vários palcos no país, deu a conhecer companhias do mundo e internacionalizou o teatro português. “A verdadeira marca do meu trabalho não foram as peças que encenei, mas os actores que vi formarem-se, o crescimento do Festival de Teatro de Almada e este espaço onde estamos, o Teatro Municipal de Almada, que a Companhia de Teatro de Almada muito contribuiu para que fosse construído”, conclui.

quarta-feira, 20 de abril de 2011

Voluntariado já tem sítio na Internet

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Câmara apresenta plataforma como ponto de encontro entre instituições e voluntários O sítio www.cascaisvoluntario.org é o novo ponto de encontro, na Internet, para promover o voluntariado no concelho de Cascais. A apresentação do sítio decorreu, no passado dia 14 de Abril, no Centro de Interpretação Ambiental da Pedra do Sal, em São Pedro do Estoril, no âmbito das comemorações do Ano Europeu do Voluntariado e da Cidadania Activa 2011.Uma plataforma indicada para ser visitado por entidades concelhias que pretendam enquadrar voluntários e indivíduos que desejem exercer o seu dever de cidadania, através de actividades de interesse social e cariz comunitário. A vereadora da Acção Social, em declarações ao JR, revelou que “este sítio é uma importante ferramenta. É mais do que uma resposta, é um compromisso de todos”. Mariana Ribeiro Ferreira salientou ser “um ponto de encontro entre as instituições e os munícipes que querem oferecer a sua disponibilidade e saber à comunidade”. No www.cascaisvoluntario.org é oferecida uma diversidade de informações sobre instituições e legislação, notícias sobre voluntariado e cidadania activa, sendo também possível fazer inscrições ‘online’ para integrar o grupo de voluntários ou fazer doações. “A formação dos candidatos a voluntários também não é descurada”, salientou a autarca. “Após a inscrição, os potenciais voluntários são recrutados através do Banco Local de Voluntariado, recebem formação específica, sendo posteriormente encaminhados para as instituições onde irão desenvolver acções em áreas tão diferentes como educação cívica e cultura, defesa do património, defesa do ambiente, acção social ou saúde, entre outras”, disse. A vereadora da Acção Social adiantou ainda que, “com a formação, mitigamos o risco e aumentamos a possibilidade desses voluntários serem bem recebidos. Temos conhecimento do seu perfil e encaminhamo-los para as instituições certas”. “O que pretendemos é que as instituições acolham bem os voluntários que são uma mais-valia para o município. Por termos consciência disso é que criámos o pelouro do Voluntariado”, frisou a autarca. O lançamento do sítio foi também acompanhado pelo presidente da Câmara de Cascais, Carlos Carreiras, que disse ao JR que “esta plataforma assenta em três pilares que, para nós, são a base do voluntariado. Em primeiro lugar, uma manifestação de cidadania. Quem é voluntário está a cumprir uma missão de cidadania, ampla e integral. Um voluntário dá e recebe. E recebe muito mais do que aquilo que dá. Em segundo lugar, o voluntariado é uma ponte essencial para a confiança. Se há défice que afecta profundamente a nossa sociedade, esse défice é o de confiança entre os cidadãos. O voluntariado, pelas relações que se estabelecem, gera confiança entre as pessoas. E todos sabemos que a confiança é o motor não apenas de uma sociedade solidária e justa, mas também de uma sociedade sustentável”. “Por último, o voluntariado é um promotor do nosso sentimento de comunidade. Por via do voluntariado, estes três 'C' ajudam a cumprir o desígnio de um outro 'C', o de Cascais”, realçou o edil.

SINISTRALIDADE Sintra no topo das mortes

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Relatório distrital enuncia 62 vítimas mortais O mau estado de conservação das vias rodoviárias é um dos pontos negros do concelho de Sintra, denuncia o Relatório de Sinistralidade do Distrito de Lisboa, relativo ao biénio 2009/2010, apresentado recentemente em reunião da Comissão Distrital de Segurança Rodoviária (CDSR). No último biénio, as estradas de Sintra foram palco de 80 acidentes mais gravosos que provocaram 62 vítimas mortais, 35 feridos graves e 20 ligeiros, com a colisão no topo (39%), seguido do atropelamento (31%) e do despiste (30%). O relatório enuncia o fraco desempenho do concelho em relação ao estado de conservação do pavimento. "As vias estão longe de corresponder ao exigível para um concelho tão importante como este, tão perto da capital do país, do Aeroporto Internacional da Portela, de concelhos limítrofes tão importantes e que serve uma população de quase 500 mil habitantes", enuncia o relatório de sinistralidade do distrito, que quantifica em 71% o número de acidentes que ocorreram em vias consideradas apenas em estado razoável ou regular. "É motivo forte de preocupação", conclui o documento apresentado nas instalações do Governo Civil de Lisboa. Pelo volume de tráfego, o IC19, em especial nos acessos ao Cacém e a Rio de Mouro, surge como a via mais sensível em termos de sinistralidade, mas também merecem referência as estradas nacionais 9 (Cascais-Sintra-Mafra) e 247 (Sintra-Colares), Dos 80 acidentes analisados no presente relatório, 69% ocorreram com condições atmosféricas favoráveis e apenas 31% sob o efeito de chuva, com mais de metade durante o dia e 36% no período nocturno. As horas de ponta, das 7h00 às 10h00 e das 17h00 às 20h00, correspondem a 35% dos acidentes graves, com uma percentagem similar ao período das 10h00 às 17h00 e durante a noite e madrugada. A explicação para esta realidade é simples: "Com o avolumar do trânsito, há uma tendência natural para um congestionamento das vias de trânsito, obrigando a uma redução de velocidade e, com isso, reduzindo a proporção de acidentes graves", acentua o relatório, que dá conta que, além do automóvel ligeiro (75% do tipo de viatura), há 17% de veículos de duas rodas envolvidos nos acidentes mais graves. Os condutores mais acidentados situam-se na faixa etária dos 26 aos 35 anos. Os números analisados na reunião da CDSR, que envolve representantes de várias entidades e dos 16 municípios, totalizam 589 acidentes graves, que provocaram 181 mortos, 513 feridos graves e 241 ligeiros. Segundo António Galamba, governador civil de Lisboa, registou-se uma "redução da sinistralidade" em relação a 2008, mas, porém, "um aumento do número de mortos". "Mas, bastava haver uma vítima mortal amais para ser motivo de preocupação, daí a necessidade de entrarmos no detalhe e no pormenor, porque só assim é que continuaremos a reduzir a sinistralidade", sublinhou. Este relatório, aliás, será um instrumento importante para a elaboração subsequente dos Planos Municipais de Segurança Rodoviária, um documento ainda só existente no concelho de Mafra. Se Lisboa foi palco do maior número de acidentes graves, 197 no total, ficou aquém do número de vítimas mortais de Sintra, 32 mortos contra 62, embora a capital registe 186 feridos graves e 70 vítimas ligeiras. António Galamba considera que o volume do número de vítimas são uma consequência da dimensão dos próprios municípios. "Trata- se de zonas urbanas muito densificadas, com redes viárias muito utilizadas e, portanto, com um maior potencial de risco", salienta o governador civil. Além dos acidentes em resultado de colisão e despiste, o distrito de Lisboa assistiu a 189 acidentes por atropelamento. "Há uma tendência de aumento do número de atropelamentos nas zonas mais povoadas, o que exige uma intervenção e análise do ponto de vista do detalhe para percebermos se há necessidade de introduzir alterações, para além das campanhas direccionadas aos peões idosos, por exemplo, que são uma das principais vítimas de atropelamento". Apesar dos casos de conservação regular das vias, a maioria dos acidentes até acontece "em estradas com qualidade, algumas delas recentes, e as causas destes acidentes são as tradicionais: excesso de velocidade, eventual consumo de álcool e uma atitude muito agressiva, quando devia ser de autodefesa", concluiu António Galamba.

terça-feira, 19 de abril de 2011

SÃO BRÁS Apoio domiciliário em risco

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Centro Social e Paroquial sem meios para continuar Com o fim do Programa de Apoio Integrado a Idosos (PAII) previsto para dois anos, o Centro Social e Paroquial de S. Brás (CSPSB) foi obrigado a parar com o Apoio Domiciliário prestado a 25 utentes, espalhados por todo o concelho. Apesar da instituição ter pedido o alargamento do serviço à Segurança Social para continuar a apoiar estas famílias, até agora não obteve resposta e o serviço teve de ser cancelado. Desde quinta-feira, 13 de Abril, que Florinda Boiada, 88 anos, deixou de receber as ajudantes do CSPSB. “Uma ajuda preciosa”, como faz questão de sublinhar, no que se refere à confecção de refeições, mas também na higiene pessoal. Já chegou a estar acamada depois de ter partido o fémur. Já recuperou, mas mexe- se com grandes dificuldades, não consegue vestir-se, nem tomar banho sozinha. A reforma, pouco mais de 200 euros, que acumula com a pensão de viuvez “fica toda na farmácia e nas fraldas”, como refere. Apesar de tudo, tem a sorte de viver com a filha e com o genro. “Esta não será das situações mais graves porque existe uma família unida que mal ou bem vai fazendo esforços”, salienta Ricardo Oliveira, assistente social do CSPSB. Mas, apesar de viver com a filha, Ernesta Ruivo (65 anos), e o genro Adelino Ruivo (71 anos), ambos reformados, o problema não fica resolvido, pois estes necessitam de um apoio para cuidar de Florinda Boiada, devido aos problemas de saúde graves que ambos têm. “Tenho hipertensão e problemas de coluna, entre outras complicações, sem este apoio posso vir a piorar e tenho medo de deixar de conseguir cuidar da minha mãe”, lamenta Ernesta. Cinco dias por semana, as técnicas do CSPSB ajudavam a aliviar as tarefas desta família. Sem este apoio chegaram a ponderar a hipótese de colocar Florinda num lar, mas isso está fora de questão, assim como o recurso a um serviço privado. “Estamos no limite, as nossas reformas são muito baixas e gastamos muito dinheiro na farmácia e em deslocações ao hospital”, queixa- se Adelino, que tem um‘pacemaker’ e problemas renais. Ricardo Oliveira salienta: “Temos 25 casos, todos eles diferentes. Temos situações de total ausência de famílias em que as pessoas mal se conseguem mexer”. O assistente social exemplifica com a situação de um casal: “A mulher tem a doença de Parkinson e está acamada, o marido tem Alzheimer. Apenas têm uma filha que trabalha o dia todo. Uma situação muito complicada”, explica. O Centro Social e Paroquial de S. Brás presta apoio domiciliário a 35 utentes, dez dos quais financiados através do acordo de cooperação com a Segurança Social, os restantes 25 através do Programa de Apoio Integrado a Idosos (PAII), que cessou no dia 13. Cada utente custa em média 600 euros ao Centro e com o fim do programa estão também em causa seis postos de trabalho, tendo já sido dispensadas três pessoas. Para além das “situações de emergência social graves” geradas com o fim deste programa, Ricardo Oliveira considera que foi feito um investimento, apoiado a 50 por cento pela Segurança Social, como a compra de uma carrinha e a contratação de pessoal. “Recursos que vão deixar de ser aproveitados”, garante. A instituição alertou a Segurança Social para o fim do programa “tendo solicitado o alargamento do acordo de cooperação de dez para 35 utentes em Dezembro de 2010”.No entanto, “não recebemos qualquer resposta formal ou informal da Segurança Social, apenas sabemos que não vamos ter mais financiamento”, refere Ricardo Oliveira. Há um parecer da Rede Social da Amadora que envolve vários organismos locais, nomeadamente, a Câmara, alertando para "a falta de respostas no concelho" que consigam apoiar estes idosos, sendo “fundamental a continuidade deste projecto”. O CSPSB já lançou um abaixo-assinado a solicitar “medidas que conduzam à continuidade da prestação do apoio”, nomeadamente, solicitando “o alargamento do protocolo já existente para dez utentes”. O documento será entregue ao Presidente da República, ao primeiro-ministro, à Segurança Social, entre outras entidades. Programa tinha fim Por outro lado, a Segurança Social esclareceu, numa nota enviada à redacção, que o “serviço de apoio domiciliário em causa enquadrava-se no PAII, o qual tinha um início e fim definido”. Embora não adiante prazos, admite que “o alargamento do actual acordo de cooperação será avaliado no âmbito das responsabilidades da Segurança Social para o conjunto das IPSS de todo o país". ‘Houve má-fé’ Já o presidente da Câmara da Amadora, Joaquim Raposo, contesta a forma como o processo foi conduzido. O autarca sublinha que "o centro sabia do fim do programa", por isso, "deveriam ter acautelado novos acordos".Raposo critica a ainda a direcção técnica do CSPSB por "ir para a Comunicação Social contestar, quando a autarquia sempre se mostrou disponível para substituir a Segurança Social, até que a situação fique resolvida". "Houve má-fé e aproveitamento político", acusa. Os próximos dias podem, então, revelar quem tem razão

quinta-feira, 14 de abril de 2011

CENTRO BELMAR DA COSTA Utentes ganham qualidade de vida

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Instituição inaugura Sala de Snoezelen O quarto da Mimi, à primeira vista, é igual a tantos outros. Há fotos sorridentes com familiares e objectos decorativos habituais num quarto de adulto. É preciso reparar no teclado adaptado para perceber que Mimi – ou Cremilde, de 41 anos – tem necessidades especiais. Coladas a cada um dos lados do computador há folhas com exercícios de Inglês que esta utente do Centro Nuno Belmar da Costa (CNBC), pertencente à Associação de Paralisia Cerebral de Lisboa, ainda vai fazer e enviar por ‘e-mail’ para a professora (voluntária) corrigir e reenviar. Uma preciosa ajuda, já que Mimi não pode comunicar oralmente... O que não a impede de participar em diversas actividades intelectuais, para além de jogar Boccia. No quarto de Vítor, o que dá mais nas vistas são os quadros e as paletas de cores à espera de pincel. Ou não fosse alguém entusiasmado com a pintura e que até tem alguns dos seus trabalhos espalhados pelas instalações do Centro. Além do mais, na Festa da Primavera, ali realizada há poucas semanas, o Vítor fez parte do grupo de concorrentes que, bem mascarados, venceram o festival “CNBC Tem Talento”, um evento que, jura quem assistiu, teve muito mais alegria e emoção do que o concurso televisivo. Há, ainda, o quarto da Rosarinho, que parece ter sido submergido por uma onda de tinta cor-de-rosa, já que a sua ocupante colecciona tudo o que lhe apareça à frente com aquela tonalidade; o quarto do João Martins que, naturalmente, ostenta as vitórias alcançadas em vários Jogos Paralímpicos (a última das quais uma medalha de bronze em natação obtida em Pequim); e há muitos outros quartos – incluindo dois de casal – todos eles com WC e varanda, personalizados de acordo comos gostos de cada um,mas onde o denominador comum são os sorrisos para a posteridade captados durante as muitas iniciativas realizadas, regularmente, dentro e fora do CNBC. Actualmente, o Centro é a casa de 29 utentes, uns há mais tempo do que outros, pois a instituição foi crescendo de instalações desde que foi fundada, estão agora a cumprir-se 29 anos. A este grupo interno juntam-se 23 outros utentes que, todos os dias, ali chegam, de manhã cedo, vindos de outras instituições ou de meio familiar para participarem nas actividades do Centro. Estas dividem-se em áreas de intervenção transversais (psicologia, fisioterapia, terapia ocupacional), outras que são permanentes (ateliês com produção e venda de peças, educação física e desporto, actividades cívicas e religiosas, actividades pedagógicas) e, outras ainda, que tem carácter mais pontual, embora regular (passeios, festas, sessões culturais, etc.). Desde há poucos dias, há uma nova fonte de bem-estar no CNBC: a Sala de Snoezelen, que vai ser inaugurada na terça-feira, dia 19, e promete aumentar a qualidade de vida dos utentes, promovendo relaxamento e estímulos inovadores às capacidades mais em perda (ver caixa).Trata-se deuminvestimento em contraciclo, tendo em conta a crise que flagela o país e que levou a contenção, também, a entrar nesta instituição, situada em Nova Oeiras. “Claro que a Sala de Snoezelen, numa altura destas, era impossível de suportar para a Associação de Paralisia Cerebral de Lisboa”, reconhece Odete Nunes, coordenadora técnica do CNBC, louvando a acção solidária do Rotary Club de Oeiras e da fundação internacional deste movimento, que disponibilizaram uma verba na ordem dos 16 mil euros. Mesmo assim, o Centro também teve de investir na manutenção deste equipamento e na compra de uma grua para movimentar os utentes dentro da sala. A isso se somam múltiplas outras despesas. “Esta é uma casa muito grande e tem custos muito elevados porque qualquer peça de um elevador é uma despesa enorme, mais água e luz, sem esquecer que entre os nossos utentes, ao contrário do que se passa num lar de idosos, quase nenhum tem autonomia que dispense uma grua e dois auxiliares”, faz notar Odete Nunes. Não estranha, por isso, que o número de funcionários tenha diminuído nos últimos anos, estabilizando hoje em 69. Ainda assim, “acima do mínimo exigido por lei”. O que não está em causa são os meios para as actividades já ali realizadas. O jornal “Sobre Rodas” é um bom exemplo dessa perseverança emmanter a qualidade dos cuidados prestados. A impressão dos 100 exemplares era garantida, até há pouco tempo, pela Câmara de Oeiras, que decidiu deixar de fornecer este serviço no quadro das contenções orçamentais da edilidade. Ciente da importância do jornal – em que os repórteres são os próprios utentes, com textos e fotos relativos a experiências por si vividas – Odete Nunes não descansou enquanto não encontrou uma alternativa, com a ajuda do presidente da Junta de Freguesia de Oeiras, Carlos Morgado. De igual modo, a instituição tem beneficiado da exibição graciosa de grupos de canto e dança, e do apoio de empresas. Sem esquecer as doações, por vezes, saídas da emoção de ver a felicidade no rosto dos utentes do CNBC. “Um empresário de Cantanhede veio cá ver uma exposição nossa e acabou por deixar um cheque para custear a iniciativa, estava mesmo comovido”, recorda ainda Odete Nunes.

CAPARICA Biblioteca e piscina vão avançar

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Bairro Amarelo ganha equipamentos de topo
Dentro de um ano o Plano Integrado de Almada (PIA), na Caparica, vai assistir à inauguração de uma biblioteca e de uma piscina com seis pistas de 25 por 12,5 metros. Dois equipamentos que tiveram a cerimónia de lançamento da primeira pedra no passado sábado, embora as obras já estejam avançadas. Um método que se tem repetido em Almada e que a presidente da Câmara justifica com a urgência das populações. E aproveitando a presença da presidente da Comissão de Coordenação e Desenvolvimento Regional de Lisboa e Vale do Tejo, Teresa Almeida, na Caparica, Maria Emília de Sousa voltou a contestar o “atraso” que o visto do Tribunal de Contas implica nas obras. “É negativo”, afirma, e mais ainda “num tempo em que é preciso criar oportunidades de trabalho”. Para a edil é necessária mão política para alterar este procedimento. “Os processos podem ser fiscalizados ‘a posteriori’”, sugere. No caso da biblioteca e da piscina no PIA, a obra foi consignada há 4 meses, o que quer dizer que se o empreiteiro esperasse pela autorização do Tribunal de Contas para começar a receber da Câmara, só agora começariam os trabalhos. Teresa Almeida ouviu e afirmou que em Almada, particularmente na zona do PIA, “podemos comprovar que é possível continuar a trabalhar pelo progresso”. A responsável pelo Quadro de Referência Estratégico Nacional (QREN) lembrou que o objectivo deste programa é precisamente a “melhoria da qualidade de vida das populações” e que Almada “tem sabido aproveitar os recursos”. Sem fazer qualquer referência ao futuro do QREN no novo contexto de ajuda externa pedida por Portugal, Teresa Almeida limitou-se a dizer que “devido à situação económica difícil”, a comparticipação foi aumentada de 50 por cento para 65 por cento e “Almada vai beneficiar disso”. Enquanto a presidente da Junta de Freguesia de Caparica, Teresa Coelho, afirmava que estes dois equipamentos ficam a marcar o progresso do PIA, que “há 20 anos atrás não tinha recursos”, Maria Emília de Sousa lembrou que o progresso deste território poderia ter avançado mais cedo não fosse a decisão governamental, com mais de dez anos, de o ter retirado da vigência do Plano Director Municipal. Mesmo assim, a Câmara delineou para aqui uma área de equipamentos e mais recentemente conseguiu um acordo com o Governo e o Instituto da - Habitação e da Reabilitação Urbana para um plano de urbanização e aproveitar os dinheiros do QREN. E avançou com uma candidatura conjunta. Os dois equipamentos em obra fazem assim parte de um programa de regeneração urbana na zona do PIA, e enquadra-se na visão estratégica de Almada Poente – Cidade Aberta. Está ainda prevista a requalificação do Parque da Filipa D’Água, a construção de um parque urbano e a dinamização cultural recreativa e lúdica da zona, entre outras intervenções envolvendo vários parceiros. A biblioteca, que o vereador da cultura, António Matos, classifica como “uma das mais modernas do concelho” terá uma sala polivalente, uma sala de expressão plástica e uma área infanto-juvenil. A sua construção representa um encargo de um milhão de euros. Quanto à piscina, será a décima construída no concelho e a quarta municipal. Segundo António Matos, esta vai permitir que, para o ano, o concelho tenha 25 mil pessoas semanalmente a praticarem natação.Para além do tanque, este complexo terá um ginásio para actividades físicas e de manutenção. A construção implica um investimento de 1,8 milhões de euros.