Em funções há cerca de três meses, a nova direcção da Associação Humanitária dos Bombeiros Voluntários da Amadora (BVA) é dirigida por uma mulher. Maria Alcide Marques é a primeira a assumir estas funções na associação, fundada há 105 anos, e garante que “este é o mandato das mulheres”. Numa organização tradicionalmente dirigida por homens, como é o caso das corporações de Bombeiros, Maria Alcide Marques tornou-se na primeira mulher eleita para presidente dos BVA. A responsável refere que “neste momento já há muitas corporações de bombeiros dirigidas por mulheres”, em particular, “na área metropolitana de Lisboa”. O convite, para ser n.º 1 dos corpos sociais, surgiu depois de ter estado há vários anos ligada às anteriores direcções. Assegura que “é importante, por vezes, uma opinião de uma mulher” que muitas vezes “tem outra sensibilidade, chegando a outros locais que os homens não conseguem”. Mas, vai adiantado que o importante é “o trabalho em equipa, porque aqui todos têm uma função”. Quanto à sua curta experiência na presidência, garante que “tem sido muito positiva”. Tomou posse em Abril, mas garante que esta é uma “direcção de continuidade em relação à anterior”. Numa altura em que os bombeiros vivem a crise, tal como outras instituições, Maria Alcide não baixa os braços e promete encontrar soluções para a corporação. Crise também afecta corporação “O aumento do preço do gasóleo” é uma das preocupações da direcção, um agravamento que se junta ao facto de todo o equipamento ser “muito caro”. Isto, num concelho que embora seja pequeno em área, “tem muita população e é atravessado por vias muito procuradas por pessoas de outros concelhos, como é o caso do IC19 e, futuramente, da CRIL”. Ou seja, há apenas uma corporação para prestar assistência à cidade, cuja população ronda os 200 mil habitantes, mas que “diariamente recebe ainda muita pessoas em deslocações”, afirma. A associação tem cerca de 120 funcionários, entre bombeiros e administrativos, onde apenas 30 estão em regime exclusivo de voluntariado. Trata-se de quase uma centena de pessoas a quem é necessário garantir os ordenados. Mas mesmo assim, o comandante e vice-presidente da direcção, Mário Conde, assegura que “são necessários mais 35 bombeiros para fazerface às ocorrências na Amadora”. Acrescentando que “muitas vezes temos que pedir ajuda a outra corporações”. No entanto, a contratação de novos bombeiros, para já, está longe dos horizontes desta direcção, uma vez que “não há capacidade financeira”, explica ainda Mário Conde. Para fazer face às dificuldades, a associação organiza formações para empresas e escolas do concelho. “Neste momento estamos a dar formação a funcionários da autarquia e temos um protocolo com a Câmara para o movimento associativo”.
Dinamismo gera receitas A provar o dinamismo dos BVA está a afluência aos bailes, aos domingos à tarde, que se realizam no salão nobre da associação. “Há pessoas que vêm de vários locais da Grande Lisboa que vêm para ouvir os grupos musicais a actuar. Em média recebemos cerca de 250 pessoas, mas chegámos a ter perto de 700 pessoas.Uma actividade cujos lucros servem para comparar equipamento para os bombeiros”, explica Mário Conde. A envolver as escolas, a associação tem a decorrer os projectos “Bombeiro por um dia” e o “Bombeiro vai à escola”. Nas férias de Verão, a corporação abre portas aos jovens em idade escolar que durante as férias pretendam ocupar os tempos livres. “É também uma forma de atraí-los à instituição”, garante Alcide Marques. Também pela primeira vez, é uma mulher a exercer as funções de adjunta do Comando. Fátima Diogo, bombeira há 26 anos, diz que vem de “uma família de bombeiros”. Habituada a exercer funções ligadas ao comando diz que não ter notado “grandes diferenças” em relação às novas funções. O que leva a presidente a considerar este, “um mandato das mulheres”. Os Bombeiros Voluntários da Amadora foram criados, inicialmente, ainda o nome da localidade era Porcalhota, numa freguesia do concelho de Oeiras. A sua criação data de 10 de Janeiro de 1905 e as instalações à época eram situadas numa antiga cocheira.
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