A comunidade escolar de Cascais está contra a criação dos mega-agrupamentos que o Ministério da Educação (ME) quer introduzir a partir de Setembro, com vista a abranger todos os níveis de ensino, do Pré-escolar ao Ensino Secundário, para desenvolver um projecto educativo comum ao longo de toda a escolaridade obrigatória. Os mega-agrupamentos visam uma centralização da gestão administrativa e financeira. No primeiro ano, será eleita uma comissão administrativa provisória. Com esta mudança imposta pelo Ministério da Educação, é o estabelecimento de ensino secundário que vai liderar o agrupamento escolar. Professores e pais criticam esta fusão, considerando que vai gerar uma desordem pedagógica e administrativa. Em Cascais, já estão definidos dois mega-agrupamentos. São eles: o Agrupamento Secundária Ibn Mucana, que aglutina o Agrupamento João de Deus, e o Agrupamento Secundária de S. João que engloba o Agrupamento de S. João do Estoril. Em declarações ao JR, Carlos Silva, adjunto da direcção do Agrupamento João de Deus (Monte Estoril), disse que “com esta decisão, torna-se a gestão muito mais difícil. No nosso caso, estamos a falar de um grande número de escolas com vários níveis. São cinco ciclos de ensino diferentes. O nosso agrupamento já tem cerca de dois mil alunos e prevê-se que após esta fase, com a introdução da Ibn Mucana de Alcabideche, atinja os três mil alunos. Vai ser uma desordem pedagógica e administrativa”, sublinha este responsável. Fernando Carrusca, também responsável por aquele agrupamento escolar, salientou que “o que nos move é um serviço pedagógico de qualidade que poderá ficar em causa. Estamos num patamar qualitativo de sucesso escolar importante e estes resultados estão limitados à dimensão q.b. do agrupamento. Temos um conjunto de respostas que vão ao encontro da população que servimos. A questão de proximidade com os encarregados de educação parece uma mais-valia e com os mega-agrupamentos fica comprometida”. Isto porque, destaca, “todo o nosso projecto educativo assenta na proximidade. Esta fusão é uma coisa feita em cima do joelho contra tudo e contra todos”. Mega-agrupamentos contestados A decisão de criação dos mega-agrupamentos está a ser muito contestada. Fernando Carrusca revela que “o Conselho Nacional de Escolas já se pronunciou contra. A Direcção Nacional de Directores de Escola também está contra. Todos os directores dos agrupamentos e escolas do concelho estão contra. O mesmo acontece com os encarregados de educação deste agrupamento que recolheram cerca de 600 assinaturas (num universo de 850 alunos), num abaixo-assinado que entregaram na autarquia. Foi também entregue outro de professores e funcionários, com mais de 100 assinaturas. O que traduz 80% de adesão (o agrupamento é composto por 110 professores)”, referiu, destacando ainda que esta medida “é também um atropelo à Carta Educativa do Concelho de Cascais”. Câmara Municipal não concorda com fusão Entretanto, a Câmara Municipal de Cascais, em reunião com a Direcção Regional de Educação de Lisboa e Vale do Tejo (DREL), também já manifestou o seu desacordo a qualquer proposta de novos agrupamentos, e, ainda por cima, com eficácia já a partir do início do próximo mês de Setembro. Em declarações ao JR, a vereadora da Educação disse que “o município apresentou-se disponível para constituir um grupo de trabalho com os agrupamentos e com as secundárias, a fim de construir uma nova distribuição de agrupamentos, apoiada na Carta Educativa que correspondesse a uma reflexão conjunta, garantindo para Setembro de 2011 uma proposta de reordenamento de rede para a globalidade do território, feita com coerência e tempo”. Ana Clara Justino pormenorizou que “a Câmara fez saber por escrito ao Ministério da Educação a sua posição e solicitou uma reunião urgente, ao mais alto nível com os responsáveis do Ministério da Educação e da DREL”, num encontro que, entretanto, estava agendado para esta terça-feira, com o secretário de Estado da Educação, João Mata.
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