quarta-feira, 20 de abril de 2011

SINISTRALIDADE Sintra no topo das mortes

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Relatório distrital enuncia 62 vítimas mortais O mau estado de conservação das vias rodoviárias é um dos pontos negros do concelho de Sintra, denuncia o Relatório de Sinistralidade do Distrito de Lisboa, relativo ao biénio 2009/2010, apresentado recentemente em reunião da Comissão Distrital de Segurança Rodoviária (CDSR). No último biénio, as estradas de Sintra foram palco de 80 acidentes mais gravosos que provocaram 62 vítimas mortais, 35 feridos graves e 20 ligeiros, com a colisão no topo (39%), seguido do atropelamento (31%) e do despiste (30%). O relatório enuncia o fraco desempenho do concelho em relação ao estado de conservação do pavimento. "As vias estão longe de corresponder ao exigível para um concelho tão importante como este, tão perto da capital do país, do Aeroporto Internacional da Portela, de concelhos limítrofes tão importantes e que serve uma população de quase 500 mil habitantes", enuncia o relatório de sinistralidade do distrito, que quantifica em 71% o número de acidentes que ocorreram em vias consideradas apenas em estado razoável ou regular. "É motivo forte de preocupação", conclui o documento apresentado nas instalações do Governo Civil de Lisboa. Pelo volume de tráfego, o IC19, em especial nos acessos ao Cacém e a Rio de Mouro, surge como a via mais sensível em termos de sinistralidade, mas também merecem referência as estradas nacionais 9 (Cascais-Sintra-Mafra) e 247 (Sintra-Colares), Dos 80 acidentes analisados no presente relatório, 69% ocorreram com condições atmosféricas favoráveis e apenas 31% sob o efeito de chuva, com mais de metade durante o dia e 36% no período nocturno. As horas de ponta, das 7h00 às 10h00 e das 17h00 às 20h00, correspondem a 35% dos acidentes graves, com uma percentagem similar ao período das 10h00 às 17h00 e durante a noite e madrugada. A explicação para esta realidade é simples: "Com o avolumar do trânsito, há uma tendência natural para um congestionamento das vias de trânsito, obrigando a uma redução de velocidade e, com isso, reduzindo a proporção de acidentes graves", acentua o relatório, que dá conta que, além do automóvel ligeiro (75% do tipo de viatura), há 17% de veículos de duas rodas envolvidos nos acidentes mais graves. Os condutores mais acidentados situam-se na faixa etária dos 26 aos 35 anos. Os números analisados na reunião da CDSR, que envolve representantes de várias entidades e dos 16 municípios, totalizam 589 acidentes graves, que provocaram 181 mortos, 513 feridos graves e 241 ligeiros. Segundo António Galamba, governador civil de Lisboa, registou-se uma "redução da sinistralidade" em relação a 2008, mas, porém, "um aumento do número de mortos". "Mas, bastava haver uma vítima mortal amais para ser motivo de preocupação, daí a necessidade de entrarmos no detalhe e no pormenor, porque só assim é que continuaremos a reduzir a sinistralidade", sublinhou. Este relatório, aliás, será um instrumento importante para a elaboração subsequente dos Planos Municipais de Segurança Rodoviária, um documento ainda só existente no concelho de Mafra. Se Lisboa foi palco do maior número de acidentes graves, 197 no total, ficou aquém do número de vítimas mortais de Sintra, 32 mortos contra 62, embora a capital registe 186 feridos graves e 70 vítimas ligeiras. António Galamba considera que o volume do número de vítimas são uma consequência da dimensão dos próprios municípios. "Trata- se de zonas urbanas muito densificadas, com redes viárias muito utilizadas e, portanto, com um maior potencial de risco", salienta o governador civil. Além dos acidentes em resultado de colisão e despiste, o distrito de Lisboa assistiu a 189 acidentes por atropelamento. "Há uma tendência de aumento do número de atropelamentos nas zonas mais povoadas, o que exige uma intervenção e análise do ponto de vista do detalhe para percebermos se há necessidade de introduzir alterações, para além das campanhas direccionadas aos peões idosos, por exemplo, que são uma das principais vítimas de atropelamento". Apesar dos casos de conservação regular das vias, a maioria dos acidentes até acontece "em estradas com qualidade, algumas delas recentes, e as causas destes acidentes são as tradicionais: excesso de velocidade, eventual consumo de álcool e uma atitude muito agressiva, quando devia ser de autodefesa", concluiu António Galamba.

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