Centro Social e Paroquial sem meios para continuar
Com o fim do Programa de Apoio Integrado a Idosos (PAII) previsto para dois anos, o Centro Social e Paroquial de S. Brás (CSPSB) foi obrigado a parar com o Apoio Domiciliário prestado a 25 utentes, espalhados por todo o concelho. Apesar da instituição ter pedido o alargamento do serviço à Segurança Social para continuar a apoiar estas famílias, até agora não obteve resposta e o serviço teve de ser cancelado. Desde quinta-feira, 13 de Abril, que Florinda Boiada, 88 anos, deixou de receber as ajudantes do CSPSB. “Uma ajuda preciosa”, como faz questão de sublinhar, no que se refere à confecção de refeições, mas também na higiene pessoal. Já chegou a estar acamada depois de ter partido o fémur. Já recuperou, mas mexe- se com grandes dificuldades, não consegue vestir-se, nem tomar banho sozinha. A reforma, pouco mais de 200 euros, que acumula com a pensão de viuvez “fica toda na farmácia e nas fraldas”, como refere. Apesar de tudo, tem a sorte de viver com a filha e com o genro. “Esta não será das situações mais graves porque existe uma família unida que mal ou bem vai fazendo esforços”, salienta Ricardo Oliveira, assistente social do CSPSB. Mas, apesar de viver com a filha, Ernesta Ruivo (65 anos), e o genro Adelino Ruivo (71 anos), ambos reformados, o problema não fica resolvido, pois estes necessitam de um apoio para cuidar de Florinda Boiada, devido aos problemas de saúde graves que ambos têm. “Tenho hipertensão e problemas de coluna, entre outras complicações, sem este apoio posso vir a piorar e tenho medo de deixar de conseguir cuidar da minha mãe”, lamenta Ernesta. Cinco dias por semana, as técnicas do CSPSB ajudavam a aliviar as tarefas desta família. Sem este apoio chegaram a ponderar a hipótese de colocar Florinda num lar, mas isso está fora de questão, assim como o recurso a um serviço privado. “Estamos no limite, as nossas reformas são muito baixas e gastamos muito dinheiro na farmácia e em deslocações ao hospital”, queixa- se Adelino, que tem um‘pacemaker’ e problemas renais. Ricardo Oliveira salienta: “Temos 25 casos, todos eles diferentes. Temos situações de total ausência de famílias em que as pessoas mal se conseguem mexer”. O assistente social exemplifica com a situação de um casal: “A mulher tem a doença de Parkinson e está acamada, o marido tem Alzheimer. Apenas têm uma filha que trabalha o dia todo. Uma situação muito complicada”, explica. O Centro Social e Paroquial de S. Brás presta apoio domiciliário a 35 utentes, dez dos quais financiados através do acordo de cooperação com a Segurança Social, os restantes 25 através do Programa de Apoio Integrado a Idosos (PAII), que cessou no dia 13. Cada utente custa em média 600 euros ao Centro e com o fim do programa estão também em causa seis postos de trabalho, tendo já sido dispensadas três pessoas. Para além das “situações de emergência social graves” geradas com o fim deste programa, Ricardo Oliveira considera que foi feito um investimento, apoiado a 50 por cento pela Segurança Social, como a compra de uma carrinha e a contratação de pessoal. “Recursos que vão deixar de ser aproveitados”, garante. A instituição alertou a Segurança Social para o fim do programa “tendo solicitado o alargamento do acordo de cooperação de dez para 35 utentes em Dezembro de 2010”.No entanto, “não recebemos qualquer resposta formal ou informal da Segurança Social, apenas sabemos que não vamos ter mais financiamento”, refere Ricardo Oliveira. Há um parecer da Rede Social da Amadora que envolve vários organismos locais, nomeadamente, a Câmara, alertando para "a falta de respostas no concelho" que consigam apoiar estes idosos, sendo “fundamental a continuidade deste projecto”. O CSPSB já lançou um abaixo-assinado a solicitar “medidas que conduzam à continuidade da prestação do apoio”, nomeadamente, solicitando “o alargamento do protocolo já existente para dez utentes”. O documento será entregue ao Presidente da República, ao primeiro-ministro, à Segurança Social, entre outras entidades. Programa tinha fim Por outro lado, a Segurança Social esclareceu, numa nota enviada à redacção, que o “serviço de apoio domiciliário em causa enquadrava-se no PAII, o qual tinha um início e fim definido”. Embora não adiante prazos, admite que “o alargamento do actual acordo de cooperação será avaliado no âmbito das responsabilidades da Segurança Social para o conjunto das IPSS de todo o país". ‘Houve má-fé’ Já o presidente da Câmara da Amadora, Joaquim Raposo, contesta a forma como o processo foi conduzido. O autarca sublinha que "o centro sabia do fim do programa", por isso, "deveriam ter acautelado novos acordos".Raposo critica a ainda a direcção técnica do CSPSB por "ir para a Comunicação Social contestar, quando a autarquia sempre se mostrou disponível para substituir a Segurança Social, até que a situação fique resolvida". "Houve má-fé e aproveitamento político", acusa. Os próximos dias podem, então, revelar quem tem razão
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1 comentário:
é uma pena que estes erviços que se prestam à nossa população mais idosa estejam em risco, depois não à soluções ao alcance e na região
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