terça-feira, 12 de abril de 2011

ESTRADA MILITAR DA DAMAIA Bairro à espera de condições dignas deste século

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Com o PER em ‘banho-maria’, moradores exigem melhor qualidade de vida Quem passa na Reboleira, junto à estação da CP, nem se apercebe do aglomerado de barracas que povoa a Estrada Militar da Damaia, entre as duas freguesias. Trata-se de um dos bairros integrados no Programa Especial de Realojamento (PER), mas o processo tarda em avançar. Até lá, a Comissão de Moradores apela a que “se melhorem as condições dos seus habitantes”. Ruas esburacadas, árvores que brotam do meio das casas, lixo que invadiu as ruas e entulho a cobrir aquilo que já foram habitações. A contribuir para o mau cheiro há ainda contentores do lixo por lavar e que nem tampas têm, dado o avançado estado de degradação. Estas são algumas das queixas da Comissão de Moradores do bairro, constituída em 2009, para “fazer valer as reivindicações junto do poder local, como a Junta de Freguesia da Damaia e a Câmara Municipal”, refere Anabela Cunha, actual presidente da Comissão de Moradores da Estrada Militar da Damaia. Andar pelas ruas do bairro é, muitas vezes, uma aventura. A única rua de ligação à escola primária, não é mais do que um morro coberto de entulho. Quando chove “fica transformadonumaribeira” e no Verão não é melhor, “enchendo-se de bicharada”, refere, Armindo Cunha, também elemento da Comissão deMoradores. Mas, para além do lixo acumulado em todos os cantos do bairro, também os buracos da Estrada Militar, alcatroada em meados da década de 80 do século passado a expensas dos moradores, vão sendo cada vez maiores. “De vez em quando vêm cá tapar um ou outro, mas depois volta tudo ao mesmo, especialmente com as fortes chuvadas”, reconhece Anabela Cunha. Os camiões do lixo lá vão passando no bairro para efectuar a recolha, mas Anabela queixa-se que “de pouco ou nada serve” porque os contentores estão sem tampas. “Podemos estar sempre a pedir desratizações para o bairro que volta tudo ao mesmo”, considera. A imagem do bairro não é a melhor e a comissão de moradores sente-se “sozinha”. Caso houvesse uma intervenção “por parte da autarquia, que lavasse a cara do bairro, a população que aqui reside também acabaria por cooperar”, afiança Anabela Cunha, acrescentando ainda: “Não há previsões para o início do processo de realojamento do bairro, podendo ser mais cinco, dez, 20 ou 30 anos de espera, por isso queremos ter condições enquanto aqui estivermos”, adianta. Maria José Costa vai mais longe nas críticas. Ali residente há cerca de 20 anos, lembra que “a imagem degradada que o bairro tem, tem vindo a aumentar nos últimos dez anos”, em particular quando “se começaram a centrar as atenções no bairro da Cova da Moura”. Queixa-se de “assaltos a toda a hora e em vários locais do bairro”. Sendo que, para melhorar os níveis de segurança, a Comissão de Moradores pede um reforço de iluminação pública. A comissão garante já ter reunido com a vereação da Habitação para levantar estes problemas, “mas até agora pouco ou nada foi feito”. Desde que foi constituída a comissão, em Maio de 2009, “temos vindo a tentar que sejam feitos melhoramentos”, refere Anabela Cunha. O bairro da Estrada Militar da Damaia cresceu ainda antes do 25 de Abril de 1974. No entanto, depois dessa altura começou a ganhar outra dimensão. Francisca Silva é uma das mais antigas moradoras do bairro, onde vive desde 1975. Lembra-se de como no início as habitações eram verdadeiras barracas feitas de madeira e zinco, que depois vieram a dar lugar a casas de tijolo. “As casas estão melhores agora, já temos água canalizada e electricidade, mas as exigências deste século são outras”, refere. Carla Tavares, vereadora da Habitação na Câmara Municipal da Amadora (CMA), adiantou já ter recebido as queixas dos moradores, mas por este ser um bairro PER "as intervenções estão limitadas, não havendo para já uma data para a sua demolição".

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