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Fernando Pereira reivindica o avanço das intervenções de requalificação, nomeadamente de saneamento básico
"O eterno problema do centro histórico, que carece de uma intervenção urgente e profunda". A realidade relatada por Fernando Pereira, presidente da Junta de Freguesia de São Martinho, é elucidativa da sua preocupação com o ‘coração’ da sede do concelho, principal pólo patrimonial e turístico de Sintra. Área classificada como Património da Humanidade, a Vila Velha há muito que aguarda a resolução de problemas que se arrastam no tempo, nomeadamente a reabilitação de edifícios e o défice de estacionamento. Mas, a melhoria do saneamento básico e da higiene pública são outras reivindicações da população local, para que alguns casos, dignos de países do 3.º mundo, não subsistam num postal turístico por excelência. Na área da reabilitação urbana, já se assiste à recuperação de imóveis, por iniciativa privada, mesmo junto às instalações do órgão autárquico. "Mas, é pena que não haja por parte da Câmara uma postura mais forte relativamente à degradação do centro histórico, em relação aos proprietários dos imóveis, e depois à requalificação da rede de esgotos". Torna-se indispensável avançar com uma intervenção ao nível do saneamento básico, já que as infra-estruturas são antigas e atraem alguns visitantes menos próprios. "Temos rataria por tudo quanto é sítio. Estamos permanentemente a alertar os SMAS, que tampam o buraco,mas os ratos acabam por abrir noutro lado", lamenta Fernando Pereira, que também clama por uma maior acção ao nível da higiene pública. O eleito enuncia. aliás, duas situações que não se coadunam com um cartaz turístico PatrimónioMundial. Por umlado, a falta de limpeza que resulta dos trens de Sintra e, por outro lado, as chamadas "Escadinhas da Assembleia", junto à embargada obra da antiga Pensão Bristol, "onde as pessoas vão lá defecar, urinar e apresenta um cheiro nauseabundo". Também a obra da Bristol, um ‘esqueleto’ pouco adequado para uma vila Património Mundial, merece o lamento de Fernando Pereira. "Com o devido respeito pelos processos que estão a decorrer em relação ao embargo da obra, não consigo perceber esta situação porque é uma obra que requalificava este espaço, que não prejudica ninguém e criaria postos de trabalho", sentencia o autarca de São Martinho. Por cima do Café Paris, durante o mês de Agosto, desapareceu uma estrutura que fazia parte dos postais ilustrados da Vila Velha. Fernando Pereira considera que a Câmara de Sintra deve impor ao proprietário do imóvel que reponha a situação. "Há documentos históricos, a cobertura é feita com estas características, façam o favor de repor", adverte o autarca. Segundo as informações recolhidas, a retirada da estrutura foi justificada por "estar na iminência de ruir e que iria cair para dentro do edifício". O autarca de São Martinho compreende a justificação, mas considera que a importância da Vila de Sintra, área classificada como Património da Humanidade, pressupõe uma acção de reabilitação. Também o antigo Hospital de Sintra, motiva a preocupação do autarca. Para o eleito, seria desejável que aquele edifício, que já começa a apresentar sinais exteriores de degradação, fosse destinado ao Centro de Saúde de Sintra, até para substituir as actuais instalações, junto à estação de Sintra, que não têm as mínimas condições para atender os utentes e "até para os bombeiros transportarem um doente numa maca". SRU deve avançar "Temos de pensar, de uma vez por todas, o que pretendemos para o centro histórico. Isto é o cartão de visita da Vila de Sintra. E as pessoas não podem olhar para o Palácio Nacional de Sintra e, depois em seu redor, verem edifícios devolutos e completamente degradados", reforça o autarca. Fernando Pereira considera que, para o efeito, seria importante avançar, de uma vez por todas, com a Sociedade de Reabilitação Urbana (SRU) há muito anunciada. "Já deveria estar em funcionamento há muito tempo", sublinha o autarca, para quem "o centro histórico seria, certamente, diferente". Fernando Pereira enuncia, ainda, a necessidade de aumentar a capacidade hoteleira "para fixar os turistas que, actualmente, se limitam a um regime de passagem e ficam hospedados em Lisboa". Estacionamento e insegurança O problema do estacionamento é outra das preocupações da Vila Velha. Segundo Fernando Pereira, não há meias-medidas a este nível. "A solução tem de passar, como acontece com os outros centros históricos da Europa, por uma medida radical: o carro não entra no centro histórico e ponto final". Para esse efeito, é necessário dotar a Vila de Sintra de um sistema de transportes rápido e eficiente, complementado por um parque de estacionamento na periferia. "Se é no Vale da Raposa, na Quinta do Anjinho (São Pedro de Sintra), ou na Portela, é indiferente; agora, criem as condições para que a pessoa possa deixar o automóvel e deslocar-se de transporte público ao centro histórico". Ainda na área do trânsito, Fernando Pereira manifesta a sua preocupação sobre a segurança na Rua Sotto Mayor e, por outro lado, na Estrada do Macieira, "onde aquelas muralhas de suporte nos preocupam porque, devido a um acidente, uma parte do muro caiu mesmo". Na Rua Sotto Mayor (conhecida por Estrada do Arraçário), a preocupação é uma constante por ser, devido à inclinação acentuada, propícia a excesso de velocidade. "Há cerca de um mês, houve mais um acidente com consequências muito gravosas em termos de danos materiais. Não houve danos físicos porque foi às quatro da manhã, mas, se tivesse sido na hora de saída da escola, teria consequências graves", alerta o eleito, que clama por uma medida urgente por parte da Câmara de Sintra. Uma das possibilidades reside na colocação de lombas, "embora já nos tenham dito que, tecnicamente, não é viável", e a substituição do pavimento, "que é extremamente polido e não tem a mínima aderência".
quarta-feira, 10 de novembro de 2010
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