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Novo espaço junta apoio ao estudo e estúdio
Um estúdio de gravação de música e de videoclips, uma rádio comunitária, informática lúdica ou com fins mais sérios, formação e emprego, pingue-pongue, aulas de ténis com profissionais dos ‘courts’, uma sala de estudo apoiado… A descrição de oportunidades parece apontar para outras paragens, mas a verdade é que estamos no bairro Outurela/Portela, em Carnaxide, conhecido pelas dificuldades socioeconómicas da grande maioria da sua população. Mesmo assim, não há favores sem algumas contrapartidas: mostrar empenho na procura de soluções, respeito por regras indispensáveis e vontade de mudar o quotidiano para melhor são condições exigidas a quem queira receber apoios. É esse, também, o mote do projecto “Bairr@ctivo”, ali implantado desde o início deste ano, correspondendo à 4.ª geração do Programa Escolhas (financiado com verbas públicas e fundos comunitários). A iniciativa viria a receber um impulso decisivo em Julho, com a abertura de um segundo espaço que permitiu aos responsáveis do Clube de Jovens da Outurela separar as várias actividades desenvolvidas, entre a vertente lúdica (no anterior espaço) e a vertente de formação/emprego, concentrada nas novas instalações, que passaram a acolher os mais importantes passos, recentes e futuros, do “Bairr@ctivo”. Um dos que promete dar mais nas vistas (e nos ouvidos) é o estúdio de gravação. Este tanto pode ser ponto de encontro de quem quer apenas compor umas batidas “na descontra” como ponto de partida para mais altos voos no mundo da música. Nesta, como noutras iniciativas, os jovens foram chamados a ter um papel fulcral, desde o início. “Em tudo o que fazemos a ideia é que eles participem o mais possível. Pode até não ficar a 100%, mas ganha-se muito na valorização da obra feita e na aprendizagem ao longo do processo”, destaca Hélder Delgado, coordenador do “Bairr@ctivo”. De facto, a sala audiovisual surgiu a partir de reuniões feitas com os jovens no sentido de ouvir os seus anseios e problemas, mas também ideias para os resolver ou atenuar. “Falaram na hipótese de um estúdio de gravação, nós apoiámos a candidatura ao Programa Juventude em Acção em Abril, dois meses depois tivemos resposta positiva, iniciámos as obras em Setembro”, resume aquele responsável, adiantando que os trabalhos passaram, sobretudo, por “insonorizar o espaço e comprar equipamento”. Uns trazem os ritmos já feitos e querem juntar a voz por cima, outros “sacam” sonoridades na mesa de som e no computador… O importante é dar resposta à vontade de expressão musical dos jovens do bairro. “Há quem tenha cursos de música, outros estão mais virados para o marketing ligado ao agenciamento de artistas e à produção musical. Alguns deles já tinham estúdios improvisados em casa, mas fazia falta um espaço com qualidade aceitável (entre o amador e o semiprofissional) e onde pudessem partilhar experiências…”. Para já, apenas uma mão-cheia de jovens dá uso regular ao equipamento, mas as portas estão abertas a todos. O acompanhamento do projecto é assegurado pelo Clube de Jovens da Outurela. E já se fala em “lançar um CD em Janeiro que vem”. Uma rádio comunitária é outra ideia que também já está a dar que falar. Resultado do intercâmbio entre vários jovens de Outurela, Lisboa (Anjos) e Arrentela (na Margem Sul) – locais que têm em comum a entidade gestora de projectos do Escolhas, a Solidariedade Imigrante – esta é uma iniciativa “para arrancar o quanto antes”, diz Hélder Delgado. Se cada geração do Programa Escolhas traz consigo respostas adaptadas aos novos diagnósticos de problemas e anseios, a necessidade de apoio escolar tem sido uma constante ao longo dos anos naquele bairro. “Temos uma elevada taxa de insucesso escolar”, confirma o coordenador do Bairr@ctivo. Para contrariar essa tendência foram criadas várias actividades, tais como a Oficina Sabiá – uma sala de estudo onde diversos voluntários dão explicações às crianças (incluindo quatro trabalhadores da empresa Colt, de Carnaxide, no seu horário laboral), com um resultado “muito positivo” nas notas escolares – ateliês de informática, acções de educação pela arte, futebol, e agora até o ténis foi chamado a ajudar a melhorar as notas escolares (ver caixa). Tud oem nome da esperança de que, um dia, sejam muitos mais os moradores do bairro a poderem fazer “Escolhas” para além da oferta de emprego patente no referido novo espaço do Clube de Jovens da Outurela: distribuidores, part-time em lojas para reforço no Natal, ou “pessoa com disponibilidade para fazer trabalhos pontuais, sem dia certo, cargas e descargas, avisada um dia antes”…
quinta-feira, 11 de novembro de 2010
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