Ver edição completa
Doentes em macas nos corredores é uma imagem que não desapareceu em relação à antiga unidade hospitalar
O novo Hospital de Cascais foi inaugurado em Fevereiro e já está “superlotado”, passados que são oito meses, quem o disse foi o director clínico daquela unidade hospitalar, João Varandas Fernandes, durante uma conferência de imprensa, realizada no dia 3 de Novembro, que serviu para fazer o balanço de actividade. O responsável revelou que “as consultas externas aumentaram 52,1% e as urgências tiveram um crescimento de 27,2% desde a inauguração”. O hospital tinha um total de urgências de 66 938 entre Março e Setembro de 2008, de 66 313 no mesmo período de 2009 e de 85 141 em 2010. Desta forma, a urgência geral teve um crescimento de 20,3%, a urgência ginecológica e obstétrica cresceu 94% e a urgência pediátrica 28,6%. João Varandas admite que vão continuar a existir doentes em macas nos corredores e apresentou três factores que conduziram à capacidade esgotada: “Aumento da procura do Serviço de Urgência, que superou as expectativas. Há mais de 25% de pessoas da área de residência que vêm e não vinham antes; Aumento da melhoria substancial das instalações e a credibilidade dos profissionais porque se está a transmitir uma cultura de rigor e profissional que antes não existia”, justificou. O director clínico frisou que “estamos no limite, mas qualquer alteração é o Estado que decide. Nós fazemos a gestão, ao Estado compete decidir a capacidade das camas e isso já foi transmitido (há largas semanas atrás)”. A resposta do Estado passa pela disponibilidade “para equacionar o aumento das camas”. Mas, salientou João Varandas, “isso tem os seus trâmites”. “O que se está a verificar é uma capacidade lotada, superlotada das instalações, cuja responsabilidade não é da competência da unidade hospitalar”. O aumento do número de doentes em macas no corredor já estava previsto. “Entre Março e Setembro deste ano já estava lotado, pouco antes das férias mas com períodos de descompressão, e a partir da primeira quinzena de Outubro está esgotado”, disse João Varandas, que admitiu que “este problema pode obrigar à transferência de doentes para outros hospitais”. “Temos um plano B em que se ultrapassar determinado número vão para o Centro Hospitalar de Lisboa Ocidental. Isso está contratualmente previsto”. Situação transitória “O projecto do hospital é de há seis anos”, constata também João Varandas como justificação para a actual superlotação. Este responsável adianta que não havia possibilidade de alterar o projecto porque “havia um contrato já predeterminado em que não foi possível suprir a previsível capacidade de esgotamento”. As macas no corredor “são ferramentas passageiras que no antigo hospital eram frequentes. Não é do agrado da administração ter doentes nos corredores, mas também não podemos ter doentes nas salas de urgência, não ajudam a agilizar o trabalho a jusante. Estamos a tentar resolver a situação, mas é uma situação transitória”. João Varandas ressalvou ainda que “retirámos as consultas do Serviço de Urgência porque este serviço é onde se salvam vidas e não onde se fazem consultas. As urgências estão cheias porque é aí que vão todas as pessoas que querem ser consultadas”. Segundos os dados apresentados, em termos de lotação, o novo hospital registou um crescimento de 47 camas, passando de 238 no antigo hospital para 285, devido ao aumento do número de valências médicas, como é o caso da neurologia, psiquiatria, urologia, cuidados intermédios/intensivos e cuidados especiais de pediatria e neonatologia, tendo tido, no entanto, uma redução significativa na medicina interna. A taxa de internamento de doentes provenientes da urgência registou um crescimento de 6,4% num total de 5475 doentes entre Março e Setembro de 2010. No que diz respeito ao total de doentes internados, o hospital teve um crescimento de 31,7% entre 2009 e 2010. Quanto ao número de dias destes internamentos, a unidade teve um crescimento na estadia de 21,1%. Relativamente às consultas externas, o hospital registou um crescimento de 52,1% entre 2009 e 2010, passando de 40 893 consultas entre Março e Setembro de 2009 para as 62 188 no mesmo período de 2010. O principal destaque vai para as primeiras consultas, que registaram uma subida de 72,3%. O Hospital de Cascais obteve também um forte crescimento no número de cirurgias, passando de 2927 entre Março e Setembro de 2009 para 3748 no mesmo período de 2010, evidenciando um incremento de 28%. Em termos de recursos humanos, o Hospital tem 1066 profissionais, com 211 médicos, 388 enfermeiros, 314 assistentes operacionais, 82 assistentes técnicos e 71 técnicos de diagnóstico e terapeutas. Em 2009, o total era de 913 e em 2008 de 822.
quarta-feira, 10 de novembro de 2010
Subscrever:
Enviar feedback (Atom)
Sem comentários:
Enviar um comentário