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Escola de Monte Abraão está a ‘rebentar pelas costuras’
No dia em que comemorou 25 anos de existência, na passada quinta-feira, a Escola Secundária Miguel Torga (Monte Abraão) trouxe de regresso ao seu seio antigos alunos que, entretanto, se tornaram casos de sucesso e de fama mediática. Vítor Fonseca (Cifrão), Marisa Pinto, Afonso Araújo, Marisa Ferreira, António Camelier e Yana Vacula, conhecidos de séries televisivas de larga audiência entre os estudantes, voltaram à escola onde adquiriram boa parte da sua personalidade e bagagem cultural para deixarem autógrafos e, sobretudo, a mensagem de que os anos passados no sistema educativo estão, geralmente, por detrás dos êxitos. “Hoje em dia, quem mais os estudantes vêem nos meios de comunicação social a serem apontados como casos de sucesso são pessoas que relegaram os estudos para segundo plano ou personalidades em quem não se vê, claramente, ser o seu êxito fruto da escolaridade recebida”, justifica José Cruz, director da escola e que, como professor de História, deu aulas a quase todos os jovens actores convidados. A iniciativa – inserida num programa que incluiu a actuação da Banda da GNR,exposições, provas desportivas, e espectáculos de música, dança e teatro – será complementada, em Janeiro, com uma outra, reunindo antigos alunos que se afirmaram em áreas como a medicina ou a advocacia. “É preciso que os jovens percebam que, de facto, vale a pena esforçarem-se na escola porque mais tarde colherão os frutos desse trabalho”, reforça José Cruz, que acompanha a evolução da Miguel Torga quase desde a sua criação, em1985/86. Um caminho marcado, a partir do início da presente década, pelo grande fluxo de imigrantes na zona envolvente. Algo que levou a escola a um“grande esforço de integração social”. Uma das apostas foi o Desporto Escolar, com a criação de vários clubes para diversas modalidades. A biblioteca de horário alargado e uma sala de estudo também ajudaram. No entanto, as carências económicas no seio da população implicaram, também, uma atenção especial numa escola onde mais de um terço dos alunos recebe ajuda do serviço de acção social escolar (SASE). Nesta vertente, os esforços têm passado pelo Gabinete de Apoio à Família e ao Aluno, que recolhe livros, bens alimentares, roupas… “Os alunos sabem que estes apoios existem e quem lá trabalha tem sensibilidade para resolver os problemas sem dar azo a estigmas”, refere o director, sublinhando a preocupação de detectar e encaminhar casos de pobreza escondida, algo que tem aumentado. Por outro lado, os Cursos de Educação e Formação – turmas mais pequenas e matérias mais profissionalizantes – ajudaram a manter no ensino alunos renitentes às aulas tradicionais. “Precisávamos de mais cursos deste género, mas isso obrigaria a mais professores e salas que não temos”, lamenta José Cruz, referindo-se à sobrelotação do estabelecimento, que tem 60 turmas, mais de 1500 alunos e 150 professores. Ou seja, três vezes mais do que aquilo que se verificava há 25 anos. “Estamos a rebentar pelas costuras”, afirma o director da Secundária Miguel Torga. Acresce a degradação das instalações. “Há edifícios que metem água, o gabinete da direcção também tem infiltrações… O ano passado tivemos de fechar salas para obras, mas são remendos”. Deitar abaixo e construir tudo de novo é hipótese de que já se falou. Também ajudaria a construção de uma escola básica em Massamá Norte que aliviasse a Miguel Torga de algumas turmas. E, entretanto, “a sociedade continua a pedir-nos cada vez mais funções”, conclui o director da Miguel Torga que, pelo menos a nível de ferramentas tecnológicas, está bem apetrechada. “Só que isso não resolve a falta de instalações adequadas, de psicólogos e assistentes sociais que façam a integração destas crianças, ou a falta de estabilidade dos professores”, alerta José Cruz.
terça-feira, 23 de novembro de 2010
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