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‘Recebemos alunos que outras escolas rejeitam’
A Escola Secundária Dr. Azevedo Neves, que tem também 3.º Ciclo, situada no Alto da Damaia, nas imediações da Clínica de Santo António, ocupa este ano o último lugar do ‘ranking’ das escolas do Ensino Básico, com uma média de 1,7 valores nos exames de Matemática do 9.º ano. Um resultado que se vai “inverter”, no final deste ano lectivo, garante o director do agrupamento, José Biscaia, sublinhando que ali “aceitam-se jovens que são recusados por outras escolas”. Para perceber o contexto em que esta escola obteve a pior nota a Matemática, é preciso saber que se trata de um estabelecimento de ensino com características especiais. “Aceitamos todo o tipo de alunos, muitos são rejeitados por outras escolas, trata-se de alunos com problemas sociais, de outras zonas da Amadora e até mesmo dos concelhos de Sintra e Odivelas, que muitas vezes as escolas querem ver-se livre deles, outros são recém-chegados de Países Africanos de Língua Oficial Portuguesa (PALOP) com parâmetros pedagógicos diferentes, e não entraram no 5.º ano, para que nós os pudéssemos acompanhar, mas chegaram no 8.º ou 9.º ano”, explicou o director do agrupamento, José Biscaia. O responsável acrescentou que “os resultados já eram previstos”, isto porque a escola não teve tempo para acompanhar estes alunos “residuais”. No sentido de tornar o projecto pedagógico mais eficiente, a escola adoptou há cinco anos um novo sistema, agrupando os alunos por competências ou pela falta delas. “É um sistema de diferenciação psicológica, antes de integrarmos o aluno numa turma fazemos um diagnóstico e em função dessa análise, vamos ver a que turma se adapta melhor. Pretendemos tirar os proveitos máximos das capacidades pedagógicas de cada aluno”, refere José Biscaia. Um conceito que não é inovador, estando já a ser desenvolvido por países do norte da Europa. O professor exemplifica: “Os alunos com mais dificuldades a Matemática ficam na mesma turma, onde é feito um reforço de professores nessa disciplina”. José Biscaia vai mais longe e explica que “se colocarmos um jogador da 3.ª na 1.ª divisão da liga de futebol, o que acaba por lhe acontecer é a sua não evolução, vai ficar sempre no banco. O mesmo acontece nas aulas, o aluno com fracas competências a Matemática, ao lado de bons alunos, vai acabar por desistir”. Um processo que irá dar frutos pela primeira vez no final deste ano lectivo. Este projecto pedagógico arrancou há cinco anos com alunos do 5.º ano de escolaridade. No final do ano lectivo, a maioria destes estudantes termina o 9.º ano, logo o professor prevê: “Teremos resultados inversamente aos alcançados este ano. Não tenho dúvidas disso”.
Combate à exclusão O agrupamento de escolas Dr. Azevedo Neves, que integra também a Escola EB1 Condes da Lousã e a Escola Básica do 1.º Ciclo com Jardim-de-infância José Ruy, tem como política “o combate à exclusão social e ao abandono escolar” desde a sua criação, como refere o José Biscaia. Devido à especificidade da sua população, com alunos oriundos de bairros, como o 6 de Maio, a Estrada Militar da Damaia e a Cova da Moura, ao longo dos tempos, a escola tem vindo a tentar implementar projectos inovadores. “Os nossos alunos são acompanhados pelo professor durante a hora de refeição, desenvolvendo competências quer ao nível dos hábitos alimentares, higiene e aprendem ainda a comer de faca e garfo”, exemplifica o director do agrupamento. De acordo com José Biscaia, “aqui todos são chamados pelo nome e não o número. Todos têm o mesmo tratamento e não importa a proveniência ou a cor da pele”. Uma escola que está a sofrer grandes obras de recuperação, com a construção de novos pavilhões e salas de aula.
sexta-feira, 5 de novembro de 2010
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