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Protecção Civil avalia capacidade de resposta
Estamos preparados para os sismos? Esta foi a questão que esteve subjacente à “Conferência Prevenção e Segurança”, organizada pela Associação de Bombeiros Voluntários de Carcavelos e São Domingos de Rana (ABVCSDR), que teve lugar nos dias 29 e 30 de Outubro, no auditório da Boa Nova, no Estoril, e que contou como alto patrocínio da Presidência da República. Portugal não é um país de risco sísmico elevado. Contudo, na passada segunda-feira, assinalaram-se 255 anos sobre a maior tragédia colectiva do povo português, de que há registo, ao longo de toda a sua história: o sismo de 1755. Como resposta às consequências de 1755, sobre “o que podemos fazer agora?”, reza a frase famosa de Marquês Pombal: “Enterrem os mortos e cuidem dos vivos”. Interrogações lembradas, na sessão de abertura, pela presidente da ABVCSDR, Glória Reino, que lembrou que “255 anos depois este sismo pode ser considerado a génese do que é hoje designado por gestão de risco”. Embora exista em Portugal regulamentação anti-sísmica, a responsável considera que “o risco sísmico, em Portugal, não tem constituído uma questão de relevante interesse político e social, apesar de existirem áreas de elevado potencial sísmico, como os Açores, Lisboa e Algarve”. Em face do grau de incerteza que a natureza impõe ao trabalho de previsão, diz a anfitriã do evento, “torna-se, assim, necessário, muito mais do que prever, deve ser desenvolvida a gestão do risco de uma forma preventiva no sentido de preservar vidas e património cultural e ambiental, assim como reduzir os custos económicos no caso de eventos que provoquem danos”. O presidente da Câmara, António Capucho, considerou a conferência de “absoluta necessidade para enfrentar catástrofes como estas. Nestes casos, estamos muito à mercê do inesperado”, frisou. O autarca salientou a importância de uma articulação com os bombeiros e demais agentes da Protecção Civil e lembrou o que já tinha prometido nas comemorações do Dia Municipal do Bombeiro: “Apesar de todos os cortes financeiros em Cascais, as corporações do concelho não serão afectadas pela crise”. O evento abriu ainda com a presença do secretário de Estado da Protecção Civil. Vasco Franco disse que “esta é uma terra comum a probabilidade reduzida de sismos. Como tal, temos a frequência de os ignorar. O tema escolhido foi uma boa opção. É uma questão que pode pairar nos nossos espíritos frequentemente. Nunca estamos preparados. Podemos estar num estado de preparação, mas a capacidade de resposta é insuficiente”. “Hoje temos um estado de preparação muito mais avançado do que há uns anos. Foi feito e bem o Plano de Emergência Sísmica para Lisboa e esse plano já foi testado, e está disponível, e devemos trabalhar com ele. Também o plano do Algarve foi feito e devemos trabalhar nele. Temos 21 pólos de mobilização de meios (18 distritais e 3 nas ilhas) para socorrer qualquer localização do país, com boa preparação. Portugal esteve presente em todos os sismos, o que permite às equipas que são mobilizadas para esses cenários uma boa preparação”, disse Vasco Franco. “Preocupa-me não haver um sistema de fiscalização das normas anti-sísmicas em vigor. O responsável é o técnico que assina o projecto e não há uma fiscalização para ver se as normas estão a ser cumpridas com rigor”, referiu, concluindo ainda que “temos de olhar para os planos que existem e vê-los como processos dinâmicos. Os planos devem ser instrumentos de trabalho”.
sexta-feira, 5 de novembro de 2010
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