quinta-feira, 30 de agosto de 2012

MIRAFLORES Associação promove leitura e artes


Clareira Encantada está instalada no Parque da Quinta de Santo António

Meio escondido pela vegetação luxuriante que é imagem de marca do Parque Urbano da Quinta de Santo António, em Miraflores, mas também graças à discrição das suas linhas arquitectónicas, o edifício que alberga a Clareira Encantada – Associação Infantil de Miraflores passa quase despercebido, sobretudo a quem não se aventure a contrariar o declive natural daquela área verde (nas traseiras do centro comercial Dolce Vita). Lá bem no alto, num espaço outrora destinado a funcionar como salão de chá, mas que acabou por permanecer abandonado anos a fio, descobre-se, ainda com surpresa para muitos oeirenses certamente, uma biblioteca, uma ludoteca com jogos e filmes para ver (mesmo que sejam em cassetes vídeo, o que para muitos dos miúdos é uma “novidade”…), ‘workshops’ diversos para experimentar, actividades para aprender a tocar guitarra, yoga, hip-hop, música… A vertente de leitura e divertimentos é gratuita e a Clareira Encantada está de portas abertas os sete dias da semana (das 13h30 às 19h00 aos dias úteis, e das 11 às 17h00 aos sábados e domingos) a quem queira usufruir da sala que, embora não muito grande, está bem composta de livros e jogos para as crianças. Quanto às outras actividades, são pagas,mas a quantia cobrada é bastante acessível, à média de 5 euros por aula/sessão. “Somos uma associação sem fins lucrativos, mas não temos apoios e precisamos de um mínimo de receita que, na realidade, se expressa através de doações e não da cobrança de preços de mercado”, faz questão de esclarecer Cristina Porto. “Temos uma biblioteca de portas abertas a uma comunidade a quem prestamos um conjunto de serviços que consideramos importantes e úteis, gerando recursos que apenas têm dado para cobrir despesas correntes, ainda assim com muita dificuldade”, acrescenta. O projecto da associação, constituída em Março de 2010, mereceu o acordo da Câmara, que cedeu o espaço no alto da Quinta de Santo António por um período de cinco anos. “No próximo mês de Outubro cumprimos o segundo ano”, informa Cristina Porto, moradora na zona de Miraflores e formada na área de Acção Educativa. Apesar das dificuldades, o balanço é positivo. Sobretudo tendo em conta a base de partida do projecto. “Passei aqui por este espaço quando ele estava abandonado e vandalizado, achei um desperdício e resolvi apresentar esta proposta”, recorda a presidente da Clareira Encantada. O facto de pretender trabalhar com crianças, pais e avós num parque que, por si só, atrai as famílias, podendo, portanto, ser um bom complemento às actividades lúdicas ali preexistentes terá pesado para a aceitação que a iniciativa teve na Câmara. Incentivar à leitura e promover a interacção entre as diferentes gerações são objectivos da associação, que planeia iniciar já em Setembro novas actividades, nomeadamente, Educação Musical para crianças dos 6 aos 10 anos, aulas de Taichi/Chikung para os avós, e aulas de meditação e relaxamento. Sem apoios financeiros, a grande fonte de receitas tem sido uma tenda instalada em anexo ao edifício principal, cujo uso a associação cede para a realização de festas de aniversário (100 euros por três horas, beneficiando dos serviços de apoio da instituição como uma pequena cozinha, fraldário, louça, decoração, jogos e livros, com animação extra paga à parte para quem o pretenda). “Temos esta envolvente do próprio parque, mais a biblioteca e a ludoteca, portanto é um local que facilmente convida à animação e ao convívio entre as crianças e os pais e avós”, salienta Cristina Porto. Segundo estipula o contrato assinado com a Câmara, duas manhãs por semana, a Clareira Encantada disponibiliza as suas instalações às escolas da região que pretendam usufruir do espaço. Nessa perspectiva de abertura à comunidade “também já acolhemos exposições e organizámos eventos de solidariedade”, adianta a sua presidente que, a troco de um salário mínimo e de muito prazer pelo que faz, assume ali o papel de mulher dos sete ofícios: “Estou com as crianças, mas também faço limpeza, pinto e recupero coisas que nos dão e que vou pedindo pelo Facebook ou que as pessoas da comunidade nos trazem...”.
Jorge A. Ferreira

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